RESUMOObjetivo: Investigar a influência dos fatores extralinguísticos no processo de aquisição dos segmentos pós-vocálicos /N, L, S, R/. Métodos: A pesquisa contou com 3026 itens lexicais, provenientes dos bancos de dados AQUIFONO e INIFONO de 170 sujeitos, entre 1:2 a 3:10, com desenvolvimento fonológico normal, monolíngues, falantes do Português Brasileiro. Foi investigado o papel dos fatores linguísticos e extralinguísticos na aquisição da coda silábica, porém, foram explorados apenas os resultados das variáveis idade e sexo. A análise estatística foi realizada através do pacote VARBRUL. Resultados: Ambos os fatores extralinguísticos foram relevantes no processo de aquisição fonológica normal. A idade mostrou papel estatisticamente favorável no processo de domínio de todos os fonemas nas duas posições da coda. Com o avanço da idade, ocorreu um aumento na produção correta dos fonemas, no entanto esse crescimento não foi linear. Aos 1:2 ocorreram as primeiras produções da rima VC, com o /L/ em coda final, enquanto o domínio completo dos quatro segmentos licenciados na posição de coda foi atingido em estágios que se estendem até os 3:8. Dentre as variáveis consideradas, a variável sexo foi a segunda mais selecionada pelo programa estatístico, demonstrando diferenças estatisticamente significantes para o sexo na aquisição das codas medial com /N/, /L/ e /S/ e na coda final com /L/. Conclusão: Verificou-se uma maior probabilidade de uso correto da coda com o aumento da idade, mas com a presença de regressões de uso, o que deve ser visto como uma fase normal no desenvolvimento. Quanto ao sexo, observou-se uma tendência de os meninos apresentarem maior precisão fonológica, porém isso não implica em estágios de aquisição distintos das meninas.Descritores: Fala; Linguagem; Desenvolvimento da linguagem; Comportamento verbal; Linguística; Criança INTRODUÇÃO A sílaba, de acordo com a teoria métrica, é concebida como sendo fonologicamente organizada em uma hierarquia. Essa teoria propõe que uma sílaba, sendo uma sequência de consoantes e vogais, pode ser divida em dois constituintes maiores: o onset, ou o ataque, e a rima. Esta, por sua vez, pode ser ramificada em mais dois elementos o pico, ou o núcleo, e a coda (1) . A coda é o segmento consonantal que ocupa a parte final da sílaba, determinando a estrutura (C) VC, e impõe certa dificuldade de aquisição para os falantes do Português Brasileiro (PB), tanto para crianças com desenvolvimento fonológico normal como desviante.A coda, no sistema do PB, é um constituinte silábico que possui limitações no seu preenchimento, sendo a sua posição reservada a apenas três segmentos soantes -/N/, /L/ e /R/ -e ao /S/, em um total de quatro fonemas na subjacência do PB (2)(3) . A aquisição da coda segue um padrão: inicialmente a criança estabiliza o uso de /L/ em coda final e, na sequência, estabiliza as produções de /N/, também em coda final. O /N/ medial é adquirido em terceiro lugar, antes de /S/ final. Após o domínio de /S/ final, dá-se a aquisição de /L/ medial. Por último, as cri...
RESUMO O objetivo deste estudo foi analisar a imagem de ultrassonografia do movimento de língua durante a produção de oclusivas alveolares e velares, pré e pós-terapia de fala. Um menino com cinco anos de idade e diagnóstico de desvio fonológico, apresentando o processo de anteriorização de oclusivas velares, participou da presente pesquisa. Foram coletados os dados articulatórios (imagem de ultrassom do movimento de língua) e perceptivo auditivo dos fones [t], [d], [k] e [g], antes e após 25 sessões de terapia. Quanto aos resultados obtidos no momento pré-terapia, aparentemente, foi detectada uma indiferenciação gestual ao serem observadas as três repetições da curva de língua das oclusivas velares, sugerindo a presença de uma dependência entre os articuladores de ponta e corpo de língua. No momento pós-terapia, uma mudança na configuração do gesto de língua de [k] e [g] foi verificada. As curvas passaram a apresentar uma posteriorização do movimento de língua, sincronicamente com uma elevação do seu corpo, concordando com o padrão adulto. Dessa forma, os achados de ultrassonografia foram capazes de evidenciar uma possível superação da estratégia de anteriorização de oclusivas velares, detectada em análise perceptiva auditiva inicial. Além disso, estes resultados pareceram reforçar a ideia de contrastes encobertos na fala de crianças com desvio fonológico.
OBJETIVO: Verificar a relação entre o uso da estratégia de alongamento compensatório e a consciência do próprio desvio de fala e entre essa e diferentes hipóteses de escrita. MÉTODOS: Crianças com idades entre cinco anos, zero meses e 26 dias e seis anos, 11 meses e 26 dias e diagnóstico de desvio fonológico compuseram a amostra. Aplicou-se o Teste de Consciência do Próprio Desvio de Fala e a Avaliação da Hipótese de Escrita. A estratégia de alongamento compensatório foi identificada com auxílio da espectrografia acústica. Foram formados dois grupos: grupo que faz uso da estratégia de alongamento compensatório e grupo que não faz uso dessa estratégia. Analisou-se a relação entre o uso da estratégia estudada e a consciência do próprio desvio de fala individualmente e entre os grupos. Conforme a hipótese de escrita, a amostra foi dividida em grupo com hipótese de escrita pré-silábica e grupo com hipótese de escrita silábica. Os dados foram analisados através do teste estatístico Kruskal-Wallis. RESULTADOS: Os resultados demonstraram que o grupo que não fez uso da estratégia de alongamento compensatório obteve média superior na consciência do próprio desvio de fala ao grupo que fez uso da estratégia. O grupo com hipótese de escrita silábica obteve média superior ao grupo pré-silábico na consciência do próprio desvio. CONCLUSÃO: As crianças podem fazer uso da estratégia de alongamento compensatório e não ter consciência do próprio desvio de fala; ou podem ter consciência do próprio desvio e não fazer uso dessa estratégia. Observou-se uma possível relação entre a consciência do próprio desvio de fala e a hipótese de escrita.
RESUMOObjetivo: analisar as variáveis relevantes na aquisição das codas, morfológica (ex. cadeiras) e lexical (ex. lápis), quando preenchidas pela fricativa /S/ em fi nal de palavra. Métodos: verifi caram-se os dados de fala de 15 crianças, 10 meninas e 5 meninos, entre 1:7 e 3:7, falantes monolíngues do português brasileiro, gravados quinzenalmente por um período de um ano. Os dados de fala foram obtidos por meio de atividades lúdicas, transcritos e revistos. Estes foram submetidos à análise estatística através do uso do Pacote Computacional VARBRUL. Resultados: o programa selecionou, para ambas as codas as variáveis, classe gramatical e sexo, como relevantes a produção correta. Dentre as classes gramaticais, pronomes e advérbios, foram apontados como favorecedores à produção correta para os dois tipos de coda. Somado a essas, o programa selecionou também para coda lexical a classe dos substantivos, e para coda morfológica a classe dos numerais. As variáveis, tonicidade e contexto precedente mostraram-se favorecedoras da produção das codas lexicais, com maior probabilidade de realização correta quando há uma sílaba tônica e o contexto precedente for composto por vogal dorsal. A idade foi considerada uma variável favorecedora na produção da coda morfológica, com resultado estaticamente signifi cante nas crianças mais velhas. Conclusão: observou-se que a classe gramatical e o sexo são importantes no domínio de ambos os tipos de coda, no entanto, o processo de domínio de /S/ nos dois casos mostrou variáveis distintas, podendo-se inferir que a criança as trata de maneira singular no seu processo de aquisição.
RESUMOObjetivo: comparar a percepção e a produção do traço de sonoridade de dois sujeitos, um em aquisição normal e outro com transtorno fonológico, e analisar as metodologias acústica e perceptual de investigação do traço [+ sonoro]. Procedimentos: um instrumento contendo pares mínimos com oposição do valor do traço sonoro foi criado para eliciar a fala dos sujeitos e proporcionar a análise acústica e perceptual do vozeamento em suas falas. Os dados de fala foram gravados em MiniDisc Sony MZ-R70 em sala tratada acusticamente e submetidos ao programa Sona-Graph 5500 da Kay Elemetrics, verificando a presença ou não de vozeamento. Dois clínicos e pesquisadores experientes em aquisição fonológica fizeram os julgamentos acerca do contraste de sonoridade na fala das crianças. Também se testou a discriminação auditiva do traço de sonoridade pelas crianças através do instrumento de Levi (1994). Resultados: ambas as crianças demonstraram perceber o traço de sonoridade e produzi-lo em alguns contextos. A criança em aquisição normal apresentou mais contextos com produção adequada do traço de sonoridade. Houve cerca de 10% de desacordo no julgamento do contraste de sonoridade entre os juízes. Conclusão: as análises acústicas e perceptuais são complementares na avaliação da fala. Existem momentos de dessonorização na fala do sujeito em aquisição típica. DESCRITORES: INTRODUÇÃOOs estudos sobre o processo de aquisição fonológica normal e desviante vêm sendo de grande interesse em várias áreas do conhecimento, sobretudo na Fonoaudiologia. Nesse sentido, a literatura aponta a dessonorização como sendo um dos desvios mais frequentes e de maior dificuldade evolutiva na prática clínica. Por isso, a investigação das causas da dessonorização é de valor imensurável à prática clínica [1][2][3] .Estudos fonológicos e fonéticos sobre a dessonorização referem a idade dos 5 anos como o momento de supressão do processo na aquisição normal do Português Brasileiro, podendo estar completamente superado antes disso 4,5 .A estratégia de dessonorização representa a dificuldade na coordenação dos eventos gló-ticos e supraglóticos 6,7 . Um atraso no início da
OBJETIVOS: Verificar a existência de relação entre o uso da estratégia de alongamento compensatório e diferentes gravidades do desvio fonológico classificado quantitativa e qualitativamente. Além disso, verificar a existência de correspondência entre a gravidade do desvio fonológico nas duas classificações utilizadas no estudo. MÉTODOS: Participaram da pesquisa 20 crianças com diagnóstico de desvio fonológico apresentando diferentes gravidades e com idades entre cinco e dez anos. Os desvios foram classificados de maneira quantitativa e qualitativa. O uso da estratégia estudada foi identificado com o auxílio da análise acústica, através do software de áudio-processamento (PRAAT). Os dados coletados foram analisados estatisticamente por meio do teste Qui-quadrado. RESULTADOS: O estudo comparativo entre as gravidades do desvio fonológico, segundo as classificações quantitativa e qualitativa, não mostrou diferença estatisticamente significante entre os grupos no que se refere à estratégia de alongamento compensatório. Através da análise descritiva da distribuição dos sujeitos conforme a gravidade do desvio fonológico nas duas classificações, verificou-se correspondência entre as classificações quantitativa e qualitativa no que diz respeito à gravidade do desvio fonológico. CONCLUSÃO: Não houve relação entre o uso da estratégia de alongamento compensatório e as diferentes gravidades do desvio fonológico. A distribuição dos sujeitos por gravidade do desvio fonológico, segundo as classificações utilizadas, permitiu visualizar uma correspondência entre os dois tipos de classificações do desvio.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo apresentar e analisar os efeitos da estimulação da consciência fonológica na terapia dos desvios fonológicos, comparando três abordagens terapêuticas diferentes. Métodos: Participaram sete sujeitos, com 6 anos de idade, em média, com diagnóstico de desvio fonológico, divididos em três grupos, conforme a abordagem terapêutica recebida: terapia puramente fonológica, terapia com base na estimulação de habilidades em consciência fonológica e terapia fonológica associada à estimulação de habilidades em consciência fonológica. Eles foram avaliados, pré e pós-terapia, em relação ao inventário fonético, sistema fonológico, gravidade do desvio fonológico e desempenho em consciência fonológica. Os resultados obtidos foram analisados de maneira descritiva. Resultados: Constatou-se que todos os sujeitos, exceto o S7, reorganizaram seus sistemas fonológicos. Todos os sujeitos melhoraram seus escores nas tarefas silábicas, fonêmicas e no total de acertos (silábicas e fonêmicas). Os sujeitos que receberam terapia envolvendo a estimulação de habilidades em consciência fonológica, associada ou não à terapia fonológica, foram os que obtiveram maiores pontuações em consciência fonológica no pós-terapia. Conclusão: As abordagens terapêuticas apresentadas e analisadas neste estudo propiciaram a reorganização do sistema fonológico da maioria dos sujeitos tratados. Aquelas que envolveram a estimulação de habilidades em consciência fonológica promoveram um desenvolvimento maior desta habilidade.
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