A educação sexual na escola é prática defendida e prescrita pelo Ministério da Educação nos Parâmetros Curriculares Nacionais como eixo transversal ao currículo. O tema é complexo e a proposta expressa demandas específicas, como a formação dos professores e materiais educativos adequados. O Museu da Vida, COC/Fiocruz, desenvolveu o multimídia «Amor e sexo: mitos, verdades e fantasias» e, neste artigo, apresenta a avaliação efetuada por 36 alunos do Ensino Médio de escolas públicas do Rio de Janeiro sobre o produto. A avaliação permitiu identificar o multimídia como recurso educativo capaz de promover o tema sexualidade em situações de aprendizagem. Um recurso do multimídia, denominado Caderno de Perguntas, mostrou-se como espaço de interlocução entre os jovens, permitindo troca anônima de dúvidas e ideias, e alimentando um banco de dados que permite aos professores e pesquisadores conhecerem melhor o pensamento dos adolescentes.
RESUMO Museus de ciência e seus visitantes é um estudo longitudinal realizado pelo Observatório de Museus e Centros de Ciência e Tecnologia (OMCC&T) com o objetivo de acompanhar o perfil e a opinião do público de visitação espontânea em cinco museus de ciência da cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa quadrienal é realizada com visitantes não agendados, maiores de 15 anos, por meio de um questionário autoaplicado com 28 questões objetivas sobre o perfil do visitante, antecedentes e circunstâncias da visita, opinião e seus hábitos culturais. Os dados relativos aos 8.706 respondentes das quatro etapas da pesquisa, realizadas em 2005, 2009, 2013 e 2017, foram tratados estatisticamente e revelam padrões e alterações no perfil e na visão do público sobre a visita a essas instituições. Destaca-se a prevalência da indicação de outros visitantes e do boca a boca digital como meio de divulgação para o conhecimento do museu. O estudo apontou a satisfação dos visitantes em todos os museus e a perspectiva de retorno em nova visita nos doze meses seguintes. Outros achados se sobressaem: a crescente presença feminina a cada rodada, o aumento da autodeclaração de pretos e pardos, a queda sucessiva na renda domiciliar declarada, além do aumento de visitantes que não exercem atividade remunerada. Entretanto, a parcela da população com maior escolaridade e renda é a que mais frequenta os museus, indicando que a exclusão social ainda configura um problema que deve ser permanentemente estudado e debatido, com vistas à democratização da cultura.
It is well known that the number of women in scientific careers is significantly lower than the number of men, especially in Science, Technology, Engineering and Mathematics (STEM) areas. Considering that science should be used for the benefit of all, by excluding women from the production process of scientific knowledge, we are giving up of 50% of the intellectual capacity to different science fields. Thus, the Museum of Astronomy and Related Sciences, whose mission is to expand society's access to scientific knowledge, promotes the project "Girls in the Museum", aimed at the continuous education of seven high-school female students in topics of astronomy with the goal of stimulating them into liking science. Concurrently with the project, interviews were conducted to evaluate the initiative according to the participants' perspectives, as well as to understand their perceptions about science prior and after six months of the project. We found that the participants were satisfied with the format and content of the project, comprised of theoretical talks and practical workshops. The resulting discourses show that they now view science as something closer to their lives and are more confident to promote scientific discussions. These results show the importance of providing young females with role models they can look up, especially at the age when they are about to make decisions concerning their future career.
Este artigo retrata o processo de definição da zona de influência do Museu da Vida, ou seja, das áreas do município do Rio de Janeiro de onde a maioria dos seus visitantes provém e cuja população é a base para a amostragem da pesquisa. Como resultados, este artigo faz uma análise sociodemográfica desse público e apresenta algumas de suas características relevantes. Essa definição de zona de influência, dentro da cidade do Rio de Janeiro, uniu conceitos de território e o conhecimento acumulado da proveniência dos visitantes do Museu da Vida. Definiu-se essa zona como uma área contínua do município do Rio de Janeiro que abrange Zona Central, Grande Tijuca, Zona Norte e Grande Jacarepaguá. Nesta zona de influência, 1.296 pessoas responderam a um questionário autoaplicado, das quais 13% já haviam visitado o Museu da Vida. Em contraste com aqueles que nunca visitaram o Museu, o público que já o visitou é relativamente jovem, com uma discreta maioria de mulheres e com renda bem distribuída de acordo com a demografia local, porém com um grau de escolaridade maior que a média. Analisaram-se, também, hábitos culturais relacionados à busca de informação em ciência e tecnologia na infância; a percepção dos visitantes sobre a influência da visita ao museu; seu interesse, conhecimento e engajamento a respeito de temas de ciência e tecnologia e a forma como os visitantes lidam com notícias falsas em ciência. Essas análises permitem uma visão mais sistêmica da importância de um museu de ciência em uma região com baixíssima oferta de equipamentos de ciência e cultura.
Uma das funções do Observatório de Museus e Centros de Ciência e Tecnologia - OMCC&T é o acompanhamento sistemático da visitação aos museus parceiros: conhecer para contar. Nesse estudo, apresentamos a análise dos dados coletados em dez instituições de ciência e tecnologia da região metropolitana do Rio de Janeiro, na perspectiva da visitação a esses espaços como prática de lazer cultural. As informações, obtidas em 4.606 questionários voluntariamente autorrespondidos, registram o perfil sociocultural e a opinião do público de visitação espontânea, com mais de 15 anos. Foi criado um indicador que revela a relação de cada museu com a população de sua vizinhança. Os visitantes de primeira vez são a maioria dos entrevistados, que ficaram sabendo do espaço principalmente por recomendação de amigos. Conhecer o museu é o que os motiva à visita, que pode levar de alguns meses a mais de dois anos para se efetivar. A ida aos museus estudados, como atividade de lazer, ocorre em grupos de duas a cinco pessoas, caracterizando uma prática de alta sociabilidade. Identificamos que os entrevistados com maior escolaridade e renda são frequentadores mais assíduos. O principal dificultador da visita é a falta de divulgação. O “boca a boca” é a forma de comunicação mais eficiente dentre as fontes de informação sobre a existência dos museus investigados, embora o espaço virtual venha ganhando protagonismo nesse papel.
Uma boa oferta cultural não é suficiente para atrair os visitantes. Socialmente, esta é uma questão induzida pela distribuição do capital cultural e científico. Esse trabalho investigou o interesse por temas científicos, expectativas sobre museus de ciência e diferentes visões sobre a própria ciência mediante entrevistas com 108 sujeitos que nunca visitaram o Museu da Vida. A metodologia baseou-se na Análise de Conteúdo e no Discurso do Sujeito Coletivo. Os resultados indicam expectativas relacionadas a temas das ciências da saúde, biológicas e exatas, e pouca adesão às ciências humanas e sociais. Além disso, identificou-se uma percepção do museu como espaço de construção de cidadania e formação da geração futura, e uma visão da ciência relacionada ao seu valor e ao seu papel no futuro. Conhecer essas expectativas contribui para que os museus de ciência desenvolvam ações capazes de atrair o público potencial e oportunizar sua participação nesses espaços.
The Night-Sky Observation Program (POC, acronym in Portuguese for Programa de Observação do Céu) is the most traditional education activity run by the Museum of Astronomy and Related Sciences (MAST). It takes place twice a week and has an annual participation of 2,400 people. It starts with a brief talk and is followed by the observation with MAST's telescopes (one of them being over a century old and other modern amateur models). The present work is the first research conducted aimed at POC's evaluation according to the participants’ perspectives in its 33 years of existence. The data were collected using two instruments: a questionnaire, distributed to the participants prior to the activity, and an interview, conducted after the observations. We analysed the data using the Discourse of Collective Subject methodology, which allowed us to understand thoughts and values of the participants on a given topic. We find that the participants have the habit of gazing at the sky, even if for contemplation purposes only, and that the talk makes the public feel more prepared to observe the sky. It was frequently mentioned, though, that the language of the talk should be more oriented to children. We also find that the public expects to observe planets, stars, and constellations, and very few of them are disappointed with the whole experience. The participants also perceive the historical value of the old refractor and declare that the activity brought them feelings of wonderment. We concluded that our instruments and methodology are suitable to evaluate similar sky-observation activities. As a next step, we will conduct a survey to identify worldwide institutions that also use historically valuable telescopes in their public observations with the goal of exchanging experiences and discussing the use of such instruments with education purposes.
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