Conhecer para contar: o público de museus de ciência do Rio de Janeiro

Abstract

Uma das funções do Observatório de Museus e Centros de Ciência e Tecnologia - OMCC&T é o acompanhamento sistemático da visitação aos museus parceiros: conhecer para contar. Nesse estudo, apresentamos a análise dos dados coletados em dez instituições de ciência e tecnologia da região metropolitana do Rio de Janeiro, na perspectiva da visitação a esses espaços como prática de lazer cultural. As informações, obtidas em 4.606 questionários voluntariamente autorrespondidos, registram o perfil sociocultural e a opinião do público de visitação espontânea, com mais de 15 anos. Foi criado um indicador que revela a relação de cada museu com a população de sua vizinhança. Os visitantes de primeira vez são a maioria dos entrevistados, que ficaram sabendo do espaço principalmente por recomendação de amigos. Conhecer o museu é o que os motiva à visita, que pode levar de alguns meses a mais de dois anos para se efetivar. A ida aos museus estudados, como atividade de lazer, ocorre em grupos de duas a cinco pessoas, caracterizando uma prática de alta sociabilidade. Identificamos que os entrevistados com maior escolaridade e renda são frequentadores mais assíduos. O principal dificultador da visita é a falta de divulgação. O “boca a boca” é a forma de comunicação mais eficiente dentre as fontes de informação sobre a existência dos museus investigados, embora o espaço virtual venha ganhando protagonismo nesse papel.

Literacy From a Literacy Perspective

“…Os museus de ciência e tecnologia são identificados como "espaços dinâmicos e populares com atributos especiais para o ensino de ciências, difíceis de replicar em espaços escolares tradicionais e que não estão disponíveis em qualquer lugar" (CAZELLI, 1992). As atividades apresentadas nestes espaços aumentam a curiosidade, o sentido de observação, a criatividade e o interesse pela ciência.…”

“…As atividades apresentadas nestes espaços aumentam a curiosidade, o sentido de observação, a criatividade e o interesse pela ciência. Cazelli (1992) afirma que os museus interativos de ciência e tecnologia desenvolvem principalmente a alfabetização científica prática e cultural, "porque funcionam tanto como um meio de adquirir novas informações sobre assuntos científicos quanto como um meio de melhorar o conhecimento adquirido".…”

Agora são elas

“…A prática de visitação a museus não depende somente de interesse ou vontade pessoal, é algo suscetível à influência de vários fatores, notadamente os socioculturais e econômicos. É possível encontrar uma extensa literatura sobre o tema em estudos de público internacionais (OBSERVATÓRIO IBERO-AMERICANO DE MUSEUS, 2018;BIALOGORSKI;RECA, 2017;MUÑOZ-ARÉYZAGA, 2017;FALK;DIERKING, 2013) e em um conjunto de referências nacionais em crescente expansão, abrangendo pesquisas com abordagem não apenas qualitativa, mas também quantitativa (MANO et al, 2022;COSTA et al, 2021;CAZELLI et al, 2019;MANO et al, 2017;KÖPTCKE;CAZELLI;LIMA, 2008).…”

Um Panorama De Duas Décadas De Pesquisas Nas Quais Scientific Literacy É Uma Noção Central.

“…O primeiro trabalho a usar a noção de alfabetização científica no Brasil foi, provavelmente, a pesquisa de mestrado de Sibele Cazelli (1992). Attico Chassot (1995) também a emprega em sua tese de doutorado, e essa noção entra no discurso da educação científica de forma mais ampla com a publicação do livro Alfabetização científica: questões e desafios para a educação, de Chassot (2000).…”