resumo -Estudos prévios sugerem indícios de significação em bebês, instigando verificar sua ocorrência. Investigou-se o processo por meio de estudos de caso de bebês (5-12 meses), que frequentavam creche. Foram realizadas entrevistas e videogravações, sendo analisado microgeneticamente com base na Rede de Significações. Mapeou-se, nos vídeos, todos aparecimentos das crianças. Comportamentos que indicassem possíveis processos de significação foram recortados e analisados. Quatro casos são apresentados. Significações (como irritação, pedir/tomar objeto) e recursos de significação (como estender braços, abrir e girar palma da mão) foram considerados coconstruídos desde o nascimento, apesar de nem sempre serem reconhecidos pelos parceiros. No processo, destaca-se o papel da corporeidade. Os resultados desdobram discussões sobre desenvolvimento, abrindo questões que demandam novas incursões e aprofundamentos.Palavras-chave: bebê, significação, linguagem, corporeidade. Signification Processes in the First Year of Babies' LifeABSTRACT -Former studies suggest evidences of the signification processes of babies, instigating to verify its occurrence. These processes were investigated by case studies of babies (5-12 m.o), attending a daycare center. Empirical data were gathered using interviews and video-tape scenes, which were microgenetically analyzed, based on the Network of Meanings perspective. Behaviors that indicated possible signification processes were selected and analyzed. Four cases are presented. Signification (as irritation, ask for or take an object) and signification means (like stretching the arms, open and spin the palm hand) were verified and considered as co-constructed since birth, though not always recognized by partners. The role of embodiment within the processes is highlighted. Results unfold issues regarding infant development, which demand new research incursions.Keywords: babies, signification, language, embodiment. Investigações sobre processos de desenvolvimento nos primeiros anos de vida não são novos. Historicamente, o estudo da criança pequena e de suas capacidades comunicativas tem sido realizado a partir de diferentes perspectivas (psicanalítica, etológica, sistêmico-dinâmica, psicobiológica, teoria da atividade, sócio-histórica, teoria da mente, etc.). Inúmeras proposições têm sido elaboradas, cada qual sendo ponto de ancoragem para formas -muitas vezes diversas -de conceber a criança, investigá-la e atuar junto a ela.Base de muitas dessas investigações está ligada ao mito da criança incompetente e do futurismo. Segundo Carvalho e Beraldo (1989), a ideia é de que a criança -especialmente o recém-nascido -é um organismo incompleto, relativamente incompetente e inadequado, que, por meio de uma série de progressões mais ou menos lineares, vai se tornar um organismo complexo, completo e competente -isto é, um adulto. Acredita-se, ainda, que "a infância é, essencialmente, um período de promessa: seu significado principal reside naquilo que ela virá a ser" (pp. 56-57).Todavia, a discussão sobre...
Resumo O artigo trata de estudo sobre interações de bebês com pares, que buscou apreender aspectos qualitativos desses processos relacionais, considerando particularidades dos bebês. No estudo, utilizaram-se videogravações e entrevistas, do projeto "Processos de Adaptação de Bebês a Creche", que acompanhou 21 bebês (4-13 meses) em creche. Os dados foram coletados e analisados pela perspectiva da Rede de Significações. Selecionaram-se, então, cinco episódios, a partir de três sujeitos-focais e seus pares. Análise indica ocorrência de interação, em que se destacam o papel do olhar, relações triádicas (mesmo em bebês menores de nove meses), a abreviação de recursos comunicativos e a empatia. Ainda, apesar da ausência de linguagem verbal, verificou-se ocorrência de significação. Algumas implicações teórico-práticas são apontadas.
O trabalho busca explicitar alguns dos pressupostos da perspectiva teórico-metodológica denominada Rede de Significações. Inicialmente utilizada para a investigação do desenvolvimento humano, ela tem sido incorporada em estudos sobre educação e saúde e em temáticas variadas. Especificamente, o texto procura explorar questões metodológicas assim como os referenciais com os quais essa perspectiva dialoga. Partindo de uma contextualização dos paradigmas que compreendem os fenômenos em sua complexidade, discutem-se os desafios encontrados pelo pesquisador na análise de um conjunto de elementos de ordem pessoal, relacional e contextual que interagem na realidade investigada. Postula-se a necessidade de uma dialética que contemple a descrição de uma microistória dos processos que seja interpretável de uma perspectiva semiótica e considere as condições mais amplas da cultura e da história. Discute-se ainda a relação sujeito-objeto de observação/investigação e o papel ativo do pesquisador, compreendido como um ferramenteiro, nos estudos empíricos.
O artigo trata de eventos interativos de bebês com coetâneos. Inicialmente, abordamos concepções e métodos de estudo sobre interação de bebês na literatura, a partir da década de 1970. A seguir, apresentamos estudo empírico realizado através da análise de gravações em vídeo do projeto Processos de adaptação de bebês a creche, que acompanhou 21 bebês (4-14 meses) em creche universitária. A investigação deu-se em duas fases. A primeira, pela identificação de episódios interativos envolvendo os 21 bebês, considerando-se interação como fazer algo juntos. A segunda, pela análise microgenética dos episódios interativos de um bebê. Tal análise revelou freqüentes, fluidas e entrecortadas interações, que ultrapassam o fazer algo juntos, podendo o comportamento ser regulado mesmo à distância e mesmo que um dos parceiros não saiba que está regulando o comportamento do outro. Isso nos levou a tratar as interações como ocorrendo em um campo interativo, através da concepção de co-regulação do comportamento.
ResumoA perspectiva histórico-cultural considera a capacidade de significação como condição especificamente humana. Nesta pesquisa, investigaram-se processos de significação em bebês, em suas relações afetivas e vínculos. Conduziram-se estudos de casos múltiplos, exploratórios, longitudinais, em contextos diversos (casa, creche, abrigo). A análise desdobra-se de videogravações e entrevistas, com foco no comportamento de choro/incômodo. Verificou-se que significações e práticas dirigidas aos bebês variavam (busca insistente pelo sorriso; atenção e cuidado; consolo à distância). Em função dos vínculos/contextos, significações eram vivenciadas através da intercorporeidade bebê-parceiros, estes últimos sendo tanto adultos, como pares de idade. No drama das relações, concretizavam-se significados sobre a posição do bebê naquele espaço, papel a ser assumido e o esperado da criança, exigindo recursos diferenciados da mesma. A direção da construção de significados dependeu de contexto/interação. Significando e sendo significada pela emoção e corporeidade, na relação bebê-ambiente, a criança constrói significações enraizadas na cultura, constitutivas da sua subjetividade. Novos estudos são requeridos. Questões são levantadas para debate no cuidado infantil. Palavras-chave:Bebê, Significação, Contexto, Vínculo, Afetividade. The infant and his/her meaning construction within diverse affective relations and cultural contexts AbstractCultural-historical perspective considers signification processes as a specifically human condition. Thus, signification processes were investigated through infants' affective relations and bonds. Exploratory multiple case studies were conducted, longitudinally, within diverse contexts (home, daycare center and foster institution). Analysis unfolded from videotapes and interviews, focused on infants' crying/annoying behavior. It was verified that significations and practices varied largely (searching for a smile; attention and care; distant comforting). Depending on bonds, significations were experienced through infant-partner intercorporeality, partners being either adults or peers. Within relational drama, significations were materialized regarding infant's position, his/her role and expectations, requiring differentiated means. The direction of the signification construction depended on contexts/interactions. Attributing meanings and being signified through emotion and embodiment, throughout infant-environment relation, the child constructs significations rooted on culture, which are constitutive of their subjectivities. New studies are required. Issues are raised regarding infant care.
Na elaboração de instrumental para compreender e investigar processos desenvolvimentais humanos, relacionais e situados, aproximamo-nos da noção de dialogismo. Procurando explicitar esta noção, realizou-se revisão bibliográfica, além de leituras de Bakhtin, aqui apresentadas. A análise levanta implicações teórico-metodológicas que, tanto apontam ao lugar da alteridade no ser e desenvolver-se humano, como indicam questões do fazer do pesquisador. Finalmente, apresenta-se um episódio de interação mãe-bebê, utilizando-se a concepção de dialogismo. A análise do caso aponta a necessidade de considerar o lugar do corpo nos processos de investigação, remete também à busca por noção de linguagem além do verbal e (re)conceituação da cultura enquanto prática discursiva.
Resumo Neste artigo, mostramos algumas características dos processos interativos de crianças fundamentalmente no 1º ano de vida, através do estudo de alguns episódios de interação, recortados através do registro em vídeo, durante pesquisa em uma creche universitária, com crianças (7 a 14 meses) brincando livremente. Num primeiro momento, mostramos a importância da definição de um conceito de interação que consiga captar e traduzir as características das interações ocorridas nessa faixa de idade. Também, mostramos a importância dos procedimentos metodológicos, usados para recortar o material empírico, na definição desse conceito de interação. Nessa faixa etária, os episódios de interação encontrados são bastante rápidos e desordenados e estas características são resultantes, em grande parte, do desajeitamento motor dos bebês. Esta incompletude motora, por sua vez, pode ser um elemento capaz de prolongar um episódio de interação entre crianças pequenas e/ou mesmo propiciar o surgimento de novos episódios de interação. Palavras-chave: Interação de bebês; desenvolvimento de bebês; incompletude motora; bebês em creche. Incompleteness as a Virtue: Interaction of Babies at Day Care
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