O artigo apresenta um questionário elaborado para mensurar dois componentes do significado do trabalho -- atributos valorativos e descritivos -- e da motivação no trabalho -- valência, expectativa e instrumentalidade -- e relata pesquisa realizada para avaliar suas qualidades psicométricas, bem como explorar as inter-relações dos dois fenômenos. A pesquisa foi desenvolvida em Natal com uma amostra de 642 participantes, sendo 487 profissionais de saúde e 155 bancários. Aplicada análise fatorial para cada componente dos fenômenos enfocados e estimados os coeficientes por fator identificado, constata-se que o questionário apresenta qualidades psicométricas satisfatórias. Bancários e profissionais de saúde se aproximam bastante nos escores dos fatores identificados nos atributos valorativos, mas diferem significativamente nos escores dos fatores dos atributos descritivos. A força motivacional da amostra como um todo coincide com a mediana, porém os bancários são menos motivados, o que provavelmente está associado às questões de organização do trabalho e de redução do número de empregos.
Populações quilombolas são historicamente atingidas por amplas desigualdades sociais, que geram vulnerabilidades em vários âmbitos da vida cotidiana, associadas à saúde mental e à produção de sofrimento psíquico. Este artigo objetiva discutir a incidência de transtornos mentais comuns a partir da ótica da Determinação Social da Saúde. Aplicou-se questionário sociodemográfico, o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), e entrevista semiestruturada em uma comunidade quilombola rural. Observou-se que as experiências de sofrimento psíquico estão relacionadas às iniquidades sociais, à escassez de estratégias de apoio comunitário e de possibilidades de acolhimento e de cuidado culturalmente sensível na rede de atenção psicossocial, além de se apresentar de modo desigual entre homens e mulheres. O racismo institucional se revela em práticas em saúde que perpetuam as desigualdades que atingem as populações negras e do campo. Esses elementos impactam e revelam a intrínseca articulação entre gênero, raça, classe e saúde mental.
Resumo: Interessa-nos investigar as principais contribuições latino-americanas dos estudos decoloniais sobre o conceito de gênero, pois entendemos que tal conceito pode operar uma forma de colonialidade ao invisibilizar a multiplicidade de cosmovisões e práticas socioculturais que produzem relações sociais diferenciadas. Para tanto, realizamos uma revisão integrativa da produção científica sobre gênero em articulação com o pensamento decolonial no Portal de Periódicos CAPES e na Redalyc. Após o crivo de inclusão-exclusão, 35 artigos foram analisados. Os resultados apontam para: (a) negação do sujeito universal do feminismo; (b) compreensão de gênero, raça e classe como variáveis coconstitutivas; e (c) questionamento sobre a aplicação do conceito em realidades com diferentes lógicas culturais. A discussão sobre gênero na perspectiva decolonial vem se fortalecendo, especialmente no Brasil, mas ainda demanda esforços em pensar as heranças da colonialidade na atualidade.
Partimos das problematizações em torno do racismo institucional em que vivem as comunidades quilombolas no Brasil. Para tanto, objetivamos com este estudo: a) identificar o perfil da população, as condições de vida e de acesso às políticas públicas; e b) mapear as linhas de força que compõem as subjetividades e suas histórias de luta. A pesquisa foi realizada numa comunidade quilombola do Estado do Rio Grande do Norte. Os dados foram produzidos a partir da aplicação de questionário sociodemográfico ambiental para os moradores, acompanhado de observação do cotidiano da comunidade e entrevista semiestruturada com as lideranças. Os resultados indicam os efeitos do racismo institucional na produção das iniquidades e desigualdades. Portanto, entendemos o racismo institucional como um bem-sucedido mecanismo da biopolítica ao produzir subjetividades que paradoxalmente sobrevivem entre a captura e a resistência aos propósitos de intervenção e controle social pelas estruturas de poder e domínio do Estado.
Relata-se pesquisa que objetivou estudar a motivação para o trabalho dos profissionais de saúde vinculados às Unidades Básicas de Saúde do município de Natal. Compreendeu-se a motivação como um processo e aplicou-se a Teoria das Expectativas que a considera como um fenômeno processual e envolve cinco componentes: resultados do trabalho, expectativa, valên-cia, instrumentalidade e força motivacional. Entendeu-se também a motivação como um fenômeno relacionado com o contexto de trabalho e adotou-se a perspectiva psicossociológica. Aplicou-se o Inventário da Motivação e Significado do Trabalho, identificando-se os fatores que mais contribuem, bem como os que enfraquecem a força motivacional dos profissionais de saúde. Conclui-se que a maioria dos profissionais apresentou força motivacional moderada e em queda, por vivenciarem e perceberem um contexto deteriorado com condições de trabalho desfavoráveis.
ResumoObjetivamos identificar os padrões de uso de álcool entre homens e mulheres de uma comunidade quilombola do Rio Grande do Norte, Brasil. Buscamos, ainda, conhecer os sentidos do consumo alcoólico, identificar as estratégias, recursos de cuidado utilizados e oferta de apoio social. Utilizamos as ferramentas: Questionário Sócio-demográfico (64 famílias), o Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) e entrevistas semi-estruturadas (n=12). Identificamos maior uso problemático nos homens (50,1%. n=61) comparado às mulheres (8,2%. n=32). Os sentidos sobre consumo de álcool pelos homens se relacionaram como estratégia de socialização, aprovação social e prazer e pelas mulheres como resolução de problemas e enfrentamento das condições de vida. Houve pouco reconhecimento de apoio social, baixa procura aos serviços de saúde, com estratégias de cuidado voltadas para a dimensão religiosa e familiar. Concluímos que as condições de vida aliadas aos lugares sociais de gênero interferem nos padrões de consumo da bebida.
As mulheres se destacam na gestão do Bolsa Família. Essa condição tem produzido deslocamentos nas relações de gênero, bem como no trabalho em contextos rurais. A respectiva pesquisa buscou investigar as formas de gestão do Bolsa Família, analisando seus efeitos no cotidiano de setenta e duas mulheres, moradoras de duas comunidades quilombolas, por meio de entrevistas semiestruturadas. O benefício tem sido usado para atender às condicionalidades em relação aos filhos e à manutenção da família. Entretanto, foi possível constatar que as mulheres suprem outras necessidades domésticas e pessoais. Observa-se que, para além da complementação da renda familiar, o benefício tem impactado na diminuição da sobrecarga de trabalho doméstico e no campo, na ampliação da segurança alimentar e da mobilidade, bem como na mudança de padrões familiares e de gênero estabelecidos. Tais aspectos apontam para a ampliação dos graus de autonomia identificados pelas próprias participantes no seu dia-a-dia, reverberando em novos modos de vida e de trabalho distintos.
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