O ato de documentar as lutas de resistência pela terra, pela defesa e conquista de direitos, bem como denunciar a violência sofrida pelos povos do campo e nas relações de trabalho e produção, existe desde o surgimento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. À medida que essa realidade se mostrava mais premente, sentiu-se a necessidade de criar um Setor de Documentação. A partir do ano de 2013 tal setor passou a ser chamado Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno - CPT. No início, os registros eram feitos em fichas manuais e, depois de 1988, foram informatizados em sistema de banco de dados.Os procedimentos, metodologias, conceitos e variáveis temáticas do Centro de Documentação foram construídos coletivamente, com a participação dos agentes de base da CPT e movimentos sociais que atuam no espaço rural. Alguns conceitos foram assumidos a partir da existência deles em leis, declarações, estudos, censos.
RESUMO.Este trabalho abordará as inquietações sobre a dicotomia existente entre Educação no Campo e Educação do Campo. A partir da leitura de referencial teórico, decidimos confrontar o que conhecemos do sistema educacional brasileiro, com a realidade por nós vivenciada e, além disso, confrontar o discurso oficial de educação plural com o desejo e a necessidade de movimentos sociais por uma educação mais digna. O movimento social escolhido para a nossa análise foi o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), por ser um movimento de amplo alcance e respaldo em nossa região. Para isso elegemos uma pessoa integrante do movimento para a realização de uma entrevista semiestruturada. O entrevistado é graduado em um curso diretamente envolvido com a Educação o que também lhe dá embasamento teórico para discorrer sobre tal temática. De acordo com os dados coletados, as pessoas do MPA acreditam em um sistema educacional melhor e, essa melhora passa pelo diálogo entre Estado e Movimentos Sociais. No caso do MPA, esse diálogo tem como ideia central a valorização da cultura camponesa dentro do ambiente escolar e, a garantia da manutenção das escolas do campo, assim, pode ajudar a diminuir o êxodo rural e, consequentemente melhorar a qualidade de vida. Palavras-chave:Educação do Campo, Movimento Social, Sistema Educacional.
Entrevista a Océlio Muniz, membro da Coordenação Estadual do MAB (RO), realizada por Mahalia Aquino e William Kennedy do Amaral Souza
O estudo analisa o relacionamento entre o biofísico e o social no contexto de vida de camponesas e camponeses resultantes de assentamentos da “reforma agrária” do MST na Amazônia brasileira. Neste caso, utilizamos como referência o assentamento Margarida Alves, que é composto por cerca de 258 famílias de camponesas e camponeses, distribuídas em cerca de onze mil hectares em parcelas de cerca de 24 hectares por família, localizado na região central de Rondônia. A metodologia parte da combinação had hoc de metodologias quantitativas seguidas de metodologias qualitativas adaptadas do método de “contextualização progressiva” (VAYDA, 1983), que por sua vez estabelece procedimentos progressivamente mais amplos ou densos para analisar interações homem-ambiente. O estudo traz a agrobiodiversidade de ecossistemas locais que tem representado uma rica diversidade genética, resultado de um acervo de conhecimento diversificado que se manifesta, não poucas vezes, nas diversas formas de vida material e simbólica como representação social do meio ambiente local; cultivando, planejando, cuidando e guardando um acervo de biodiversidade no amplo mapa do desmatamento e da pecuária extensiva no estado de Rondônia.
A Revista Trabalho Necessário traz uma longa entrevista com Ana Maria Motta Ribeiro, professora associada do Departamento de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense. Ana Motta é do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (UFF) e, envolvendo estudantes de graduação e pós-graduação em projetos de ensino, pesquisa e extensão, coordena o Observatório Fundiário Fluminense (OBFF) e, neste espaço desenvolve o Projeto “Sociologia Viva”. Ali se articulam seus orientandos/as e grupos de pesquisadores/as de diversos núcleos de investigação e extensão do Brasil. Recentemente esse coletivo começou a se expandir numa dimensão latinoamericana, envolvendo Argentina, Chile e México na recém-criada Rede LatinoAmericana de Observatórios Hidro Territoriais.
IFRO) RESUMOA partir de análises de reportagens em jornais e sites de notícias, o texto tem a preocupação em discutir se o contexto de pandemia está trazendo uma mudança, uma tendência de alteração do comportamento social ou é apenas um mero efeito de linguagem, ocasionada pelo acontecimento/evento de uma crise? Ancorados no materialismo histórico queremos entender se estamos alterando nossas práticas sociais e econômicas, ou apenas alterando as formas de continuar a praticá-las? Em pleno contexto de crise econômica, empresas tem aproveitado a crise sanitária e implementado novas formas de atrair consumidores para as suas mercadorias. Amparados pelos estudos de Bauman, Han, Morozov e Berardi, temos a impressão de que somos cada vez mais indivíduos, menos coletivo. Como sujeitos autômatos, somos formados, treinados e capacitados para o consumo. Quanto mais consumimos, mais somos controlados, e menos temos capacidade e autonomia para gerenciar nossas próprias vidas. A crise pandêmica se misturou a mais uma crise sistêmica do capitalismo e, a julgar pelos hábitos de consumo que temos visto, ele se fortalecerá ao final dela. A vida humana tem sido meramente um meio, para o projeto psicopolítico do neoliberalismo.Palavras-chave: pandemia; crise sistêmica do capitalismo; consumismo; psicopolítica.
.O número 42 da Revista Trabalho Necessário é publicado em uma conjuntura de grande gravidade política e social no país, que expressa o avanço da estratégia ultraliberal e ultraconservadora frente às políticas sociais e a organização classista da extrema direita, via fascistização da sociedade. O empresariamento da educação, para os setores dominantes, além de representar a ação organizada de disputa do fundo público e incentivo à privatização no campo educacional pelos setores rentistas, também configura a destruição do projeto de escola pública forjado nas lutas sociais. Destacamos, por sua contribuição histórica a esse projeto de escola pública, a figura militante do educador socialista Florestan Fernandes, cujo aporte à leitura da particularidade do capitalismo dependente na formação social brasileira é irrefutável para a compreensão das contrarreformas também como marca do caráter não-clássico da revolução burguesa no Brasil.
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