O ato de documentar as lutas de resistência pela terra, pela defesa e conquista de direitos, bem como denunciar a violência sofrida pelos povos do campo e nas relações de trabalho e produção, existe desde o surgimento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. À medida que essa realidade se mostrava mais premente, sentiu-se a necessidade de criar um Setor de Documentação. A partir do ano de 2013 tal setor passou a ser chamado Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno - CPT. No início, os registros eram feitos em fichas manuais e, depois de 1988, foram informatizados em sistema de banco de dados.Os procedimentos, metodologias, conceitos e variáveis temáticas do Centro de Documentação foram construídos coletivamente, com a participação dos agentes de base da CPT e movimentos sociais que atuam no espaço rural. Alguns conceitos foram assumidos a partir da existência deles em leis, declarações, estudos, censos.
A autora e pesquisadora escolhida para entrevista neste número da Revista Trabalho Necessário (TN 36) foi definida a partir do tema geral: O COMUM NA AMÉRICA LATINA, de uma opção que pudesse valorizar e esclarecer o próprio sentido, atualidade e importância política deste tema no âmbito da Teoria Crítica, relativamente as condições atuais de exploração desesperada do capital que atinge de modo fatal a natureza em sua essencialidade em termos de reprodução da própria espécie humana.
Este artigo apresenta e convida a uma reflexão crítica sobre a questão hídrica no Nordeste brasileiro, a partir de um estudo de caso no Estado da Paraíba. O artigo apresenta alguns resultados parciais de uma das etapas da pesquisa de campo realizada no mês de julho de 2018, que buscou investigar o “novo caminho das águas” na Paraíba, a partir dos impactos decorrentes da construção do Canal das Vertentes Litorâneas, chamado “Canal Acauã-Araçagi”, considerada a principal obra hídrica do Estado, que visa ao aproveitamento das águas do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco na Paraíba.
Pretende-se neste artigo refletir conjuntamente sobre uma perspectiva acadêmico-militante derivada da expertise dos pesquisadores para integração de atuações de apoio intelectual junto a movimentos sociais organizados em situações de conflito. Do ponto de vista teórico-metodológico, parte-se da compreensão histórica, social e pedagógica com que Edward Thompson interpreta a formação da classe a partir das experiências vivenciadas em cada situação datada e localizada de luta, que se articula com a importância de se aprender a ouvir e a registrar a fala do homem simples ou comum. Assumindo pressuposto destas reflexões a agência humana que vivencia processos de subalternização em situações de disputa e/ou confronto com a apropriação da natureza no mundo rural - ou de definição de territorialidades no meio urbano - delimita-se aqui como de interesse deste trabalho a abertura para reconhecimento de novos recortes e ferramentas metodológicas. Neste sentido, apresenta-se a experiência dos observatórios fundiários em seu processo atual de construção em rede a fim de ampliar a discussão sobre a validade e viabilidade da articulação de pesquisadores, extensionistas e seus núcleos de trabalho, sempre tendo como enfoque principal as situações de conflito.
Resumo: O artigo desenvolve um debate sobre a reconstrução social da agricultura no estado do Rio de Janeiro, através de um caso empírico, a comunidade rural de Sebastião Lan II. A partir de uma releitura histórica do território do Vale do Rio São João, no interior fluminense, tecemos relações entre o processo de mudança dos ciclos socioeconômicos no território com a crise ambiental e a concentração de terras. Refletiremos sobre conceitos emergentes na relação entre a pesquisa empírica e teórica, em especial as noções de "desagriculturalização" e "rerruralização". A pesquisa foi desenvolvida em projetos de extensão e assessoria sociojurídica aos movimentos sociais em luta pela reforma agrária e pela democratização do acesso à terra. Tentaremos refletir sobre a noção de reprodução social da agricultura enquanto um sintoma de conflitos sociais, através do qual identificaremos sinais de resistência contra injustiças socioambientais.
Este trabalho é fruto de uma pesquisa que abordou a utilização da categoria trabalho escravo como elemento principal utilizado na luta pela permanência na Fazenda Cabaceiras, no Sudeste do Pará. Trata-se da primeira fazenda desapropriada por degradação ambiental e trabalho escravo no Brasil. Em Cabaceiras, analisamos alguns processos que se apresentam como campo de disputa entre trabalhadores e proprietários. O princípio da função social da propriedade passava a ser apresentado como base moral/legal de ambas as partes. Através da investigação feita nos debates e nas descrições apresentadas nos autos, pretendemos refletir acerca da disputa entre posições, evidenciando as estratégias de ambos os sujeitos e revelando o movimento de apropriação da narrativa camponesa pelo discurso oficial do Estado.
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