RESUMO:Compreendendo os processos produtivos como espaços/tempos da formação humana, tecemos considerações sobre os horizontes econômico-sociais, explícita ou implicitamente presentes nos processos de formação de trabalhadores associados na produção -processos estes promovidos pelos "técnicos" em economia (popular) solidária. Vislumbramos uma pedagogia associada que contribua não apenas para questionar e driblar a perversa lógica excludente do mercado capitalista, mas também para cultivarno interior da sociedade de classes -os germes de uma cultura do trabalho que contrarie a lógica do capital. Tendo como fonte inspiradora dois materiais educativos que servem como referência para os educadores/trabalhadores em economia (popular) solidária, reivindicamos a articulação entre práxis produtiva e práxis educativa, o que requer, dentre outros, o (re)encontro entre trabalho e educação, economia popular e educação popular. Palavras-chave:Trabalho e educação. Economia popular solidária.Educação popular. Formação de trabalhadores associados na produção. Pedagogia da produção associada. POPULAR EDUCATION AND COLLABORATIVE PRODUCTION PEDAGOGY(IES)ABSTRACT: Understanding the productive processes as spaces/ times of human development, we consider the social and economic perspectives, explicitly or implicitly present in the training processes of workers associated in production -processes that are
Partimos do pressuposto de que os conceitos são produtos das condições históricas de um determinado espaço/tempo, carregando consigo algo que é e, ao mesmo tempo, pode vir a ser. Em busca de subsídios teórico-metodológicos que contribuam para refletir sobre as dimensões educativas dos processos de trabalho sob o controle dos trabalhadores, (re) visitamos — à luz do materialismo histórico — as categorias "produção associada", "autogestão" e "cultura do trabalho", fazendo referência a diferentes contextos em que os trabalhadores tomaram para si os meios de produção. Problematizamos os processos de formação de trabalhadores associados, tendo em conta o movimento social por uma economia popular solidária que, desde o final da década de 1980, com a crise estrutural do emprego, se constrói em âmbito latino-americano.
Não sendo a demanda de trabalho assalariado idêntica ao crescimento do capital, ao invés de apenas um, existem muitos mundo(s) do trabalho. Nas cidades do capital (Lefebvre, 1999) é possível perceber que, ao levar as últimas conseqüências a precarização da vida, o modelo neoliberal de acumulação obriga as pessoas a (re)criar antigas e novas formas de trabalho. Frente a crise estrutural do emprego, além daqueles que buscam o caminho da associatividade, organizando cooperativas e grupos de produção, nos deparamos com uma infinidade de pessoas que, apresentando-se individualmente (?) no mercado, fazem do espaço da rua o seu local de trabalho: são homens-estátua, malabaristas, comedores de fogo, distribuidores de panfletos, catadores de latinhas, vendedores de pamonha, doces e salgados. Sem falar da grande quantidade de vendedores de durepox, canetas, despertadores, escovas de dente da Xuxa e mil e uma coisas fabricadas no Paraguai e em outros campos de concentração econômica (Nuñes,2003).
Resumo:Compreendemos que, ao focalizar as múltiplas dimensões do diversifi cado mundo do trabalho, o campo de estudos e pesquisas sobre Trabalho e Educação contribui para tornar mais transparente a unidade do real. Nesse horizonte, trazemos à superfície situações em que, premidos pela ameaça de desemprego, os trabalhadores e trabalhadoras -como sujeitos coletivos e singulares -buscam assegurar, de forma associada e autogestionária, o seu estar no mundo. Problematizamos o conceito de saberes do trabalho associado, indicando a necessidade de identifi car com maior precisão os atributos desse trabalho que chamamos de "trabalho associado". Considerando que, historicamente, essas experiências de trabalho se confi guram no contexto de determinadas relações sociais de produção, indicamos algumas contribuições teórico-práticas da Ergologia quanto à análise do trabalho como atividade humana permeada de "dramáticas de uso de si". Para fi nalizar, reivindicamos um "movimento refl exivo encarnado" sobre os saberes do trabalho associado, tecidos na atividade viva do trabalho, nos fóruns de trabalhadores e nos debates políticos e teórico-conceituais.Palavras-chave: trabalho e educação, saberes do trabalho associado, produção e legitimação de saberes. Abstract:We consider that, when focusing the multiple dimensions of the diverse world of work, the fi eld of studies and research about Work and Education contribute to turn more transparent the unit of the Real. In that horizon, we bring to the surface situations in that, pressed by the unemployment threat, the workers -as collective and singular subjects -look for to reassure, in an associated and self-management ways, forms to be in the world. We problematize the knowledge of associated work, indicating the need to identify with larger precision the attributes of such work. Taking into account that, historically, those work experiences are confi gurated in certain social relations of production, we indicate some theoretical contributions of Ergology particularly regarding its understanding that human activity is permeated by a "dramatic of use of the self". To conclude, we demand an "incarnated refl exive movement" on the knowledge about the associated work, woven in the live work activity, in the workers' forums, as well as in the political and theoretical-conceptual debates. (The incarnate carries a double sense: of "meat" and of color "red").
ResumoO objetivo do artigo é apresentar questões teórico-metodológicas do campo de pesquisa Trabalho e Educação e, particularmente, sobre produção associada, autogestão e saberes do trabalho associado. Depois de considerar as formas que tem assumido o trabalho no regime de acumulação fl exível, especial atenção é dada aos espaços/tempos do trabalho de produzir a vida associativamente: a) Espaços/tempos revolucionários -quando são produzidas mudanças estruturais na sociedade, verifi case a dualidade de poderes ou o confronto entre capital e trabalho se manifesta por meio de revoltas e rebeliões; b) Espaços/tempos da atual crise do capital e do trabalho assalariado, nos quais as estratégias associativas de trabalho se confi guram como parte integrante da economia popular solidária; c) Espaços/tempos das culturas milenares das comunidades e povos tradicionais. A partir de produção científi ca anterior e dos resultados de uma pesquisa em andamento, nos dedicamos ao terceiro espaço/tempo para argumentar que a produção associada é, possivelmente, a principal escola para o aprendizado da autogestão do trabalho e da vida social. Enfatiza-se que, emergindo ou se mantendo em sociedades hegemonizadas pelo capital, essas experiências implicam no formar-se, individual e coletivamente, em meio à contradição vital entre a sociabilidade do capital e outras formas econômico-culturais marcadas pela valorização do trabalho. A perspectiva do materialismo histórico de E. P. Th ompson, as mediações de primeira e segunda ordem de István Mézsáros e os conceitos de produção associada, autogestão e saberes do trabalho associado, das autoras, sustentam as refl exões apresentadas. Palavras-chave: Trabalho e Educação. Produção associada e autogestão. Saberes do trabalho associado.
Em primeiro lugar, quero agradecer o convite do Nesth e da Unitrabalho (Regional de Minas Gerais) e, também, dizer o quanto é importante a promoção desse tipo de encontro – em especial, para nós que estamos na Universidade Pública investigando sobre associativismo, cooperativismo e autogestão. (Re)encontrar pessoas que, de fato, estão fazendo na prática cotidiana um cooperativismo cujo horizonte é a autogestão, nos ajuda a dar mais vida à produção acadêmica e também, mais sentido à nossa própria existência como pesquisadores e como pessoas.
Alguns intelectuais têm protestado pelo fato de não existir um “conceito preciso” da economia solidária. Assim, este artigo é um ensaio no sentido de trazer à tona alguns de seus possíveis pressupostos. Ao considerar que a qualificação profissional se apresenta como parte integrante dos projetos de geração de emprego (ou subemprego) e também dos projetos de geração de trabalho (ou subtrabalho), constatamos que são diversos os interesses políticos dos agentes que, hoje, estimulam os empreendimentos associativos como “alternativa ao desemprego”. Tendo a política de formação da CUT e a fala de alguns sindicalistas como eixo condutor, nossa principal pergunta é: afinal, o que é economia solidária? Sinalizamos que, assim como construímos a realidade, construímos os conceitos. Palavras-chave: economia solidária; sindicalismo; formação profissional.
O objetivo é problematizar a análise das relações entre estrutura e sujeito, indicando a importância de apreender as mediações de primeira ordem, atravessadas por mediações de segunda ordem do capital, que constituem a forma de ser da classe trabalhadora, hoje. Partindo-se da premissa marxiana do concreto como unidade do diverso, identifica-se a importância de eleger – como sujeito e objeto de pesquisa –, os sujeitos-trabalhadores, sua cultura, seu trabalho e suas experiências de classe. Na perspectiva de um conceito ampliado de classe, sugere-se a incorporação das categorias experiência e cultura popular em E. P. Thompson, bem como a apreensão da simultaneidade das contraditórias racionalidades econômicas que conformam os processos de produção social da existência humana, tanto no horizonte da reprodução ampliada do capital como da reprodução ampliada da vida.
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