Resumo Trata-se de uma pesquisa cujo objetivo é investigar os significados do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) em discursos de docentes do ensino fundamental, das redes pública e privada, em Pernambuco. Foram realizadas vinte entrevistas, submetidas à técnica de análise da Psicologia Social Discursiva, cujo foco de interesse é a linguagem em ação, a função, os efeitos e o caráter argumentativo do discurso. A partir dos dados analisados, os autores mostram que os alunos considerados portadores do TDAH ou aqueles que apresentam atividade acima da média são colocados em categorias que apresentam um viés psicologizante ou biologizante. Os autores observam ainda que os comportamentos tidos como desviantes são explicados por categorias que contrastam estados de anormalidade e de normalidade. Ao individualizarem os casos dos alunos, os professores também evitam elaborar explicações sobre o modelo escolar. O estudo remete às dificuldades da inserção e inclusão no espaço educacional.
Este trabalho aborda a construção do transtorno mental em discursos de usuários de um centro de Atenção Psicossocial e de seus familiares. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que teve como referencial teórico-metodológico a Psicologia social discursiva. Foram entrevistados 15 usuários de um CAPS de Campina Grande-PB e 15 familiares. Em suas elaborações sobre as causas ou determinantes da doença mental, foram detectados cinco fatores determinantes da doença mental: biológicos, socioeconômicos, psicossociais, psicológicos e sobrenaturais. Já em suas elaborações discursivas sobre os sintomas e sinais da doença mental, sobre o modo como se manifesta, predominaram descrições nas quais o doente mental aparece como um ser incapaz de autonomia, um ser de desrazão, caracterizado pelo descontrole e pela periculosidade. Em outras palavras, são discursos que descrevem o doente mental com os mesmos termos encontrados no discurso psiquiátrico usado para justificar a ordem manicomial, discursos que reproduzem os estereótipos sobre a loucura e que são dominantes no imaginário social.
Analisamos discursos de brancos acerca do modo bipolar de classificação racial. A abordagem teórico-metodológica adotada aqui enfatiza a função e os efeitos do discurso. Freqüentemente, nesses discursos, o modo bipolar é posicionado como racista e o povo brasileiro é apresentado como uma raça mestiça, como um povo sem divisões raciais. São discursos que terminam por obliterar o nosso racismo e a desigualdade entre negros e brancos no Brasil.
O artigo objetiva analisar as produções discursivas de trabalhadores de Centros de Atenção Psicossocial sobre o processo de atuação em equipe. Adota-se como abordagem teórico-metodológica a Psicologia Social Discursiva, uma abordagem construcionista no contexto da Psicologia Social. A opção por centrar os estudos nos trabalhadores em saúde mental deve-se ao fato de que, no Brasil, esses profissionais foram os precursores do movimento de Reforma Psiquiátrica. A pesquisa, de natureza qualitativa, contemplou 14 entrevistas semiestruturadas com profissionais de dois Centros de Atenção Psicossocial da cidade de Recife (PE). Delimitação de lugares, diluição de saberes e necessidade de formação profissional foram sentenças recorrentes durante as entrevistas. As falas aqui analisadas revelam equipes que se encontram permeadas por conflitos, tensões e possibilidades de construção de suas práticas profissionais. Tais falas apontam para a necessidade de dar visibilidade e fomentar discussões sobre as referidas práticas.
Resumo Este artigo, que pretende ampliar a discussão sobre deficiência e maternidade, valorizando a experiência de mulheres com deficiência visual, refere-se a um recorte dos dados da pesquisa de mestrado Dar à luz quando não se vê: relatos de mulheres com deficiência visual sobre a maternidade, que analisou a construção da maternidade no relato de mães com deficiência visual por meio de entrevistas não dirigidas. A compreensão, interesse e problematização das participantes em relação à maternidade e ao seu exercício, os desdobramentos desse novo arranjo social e a demarcação de gênero implicada no cuidado com os filhos motivam o aprofundamento da temática e apontam para a necessidade de que o conceito de “estigma” englobe também a maternidade de mulheres com deficiência. Os relatos das participantes mostraram dois aspectos relacionados à maternidade: a estigmatização de ser mãe cega e a ideia de amor materno sacrificial, uma posição de gênero e até de identidade, na qual a mulher com deficiência, com inúmeras barreiras sociais, é levada a cuidar dos filhos e, ainda assim, não receber a legitimação social desta nova posição, limitando desta forma sua nova identidade como mãe.
Este artigo é resultado de uma pesquisa mais ampla, cujo objetivo principal foi o de analisar a construção da identidade em discursos de taxistas que fazem em seus veículos o transporte alternativo entre os municípios de João Pessoa e Campina Grande - PB. Optou-se por uma pesquisa qualitativa, por meio da qual foram obtidos treze relatos orais de vida - sete em Campina Grande e seis em João Pessoa -, os quais foram submetidos à análise de discurso. Nos relatos, predominam descrições em que os taxistas se posicionam como membros desencantados de uma profissão decadente, que mal lhes garante a sobrevivência. A situação atual, difícil e instável, é contrastada insistentemente com um passado financeiramente mais estável. Em seus discursos, os entrevistados retratam si mesmos e o grupo ao qual pertencem como trabalhadores que lutam pela sobrevivência, legitimando, assim, a necessidade de optar pelo transporte alternativo.
Este trabalho teve como objetivo analisar a construção discursiva das relações entre práticas terapêuticas e religiosas de evangélicos usuários de CAPS I e CAPS II da cidade de Campina Grande-PB. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, tendo como respaldo teórico-metodológico a abordagem da Psicologia Social Discursiva. Para tanto, foram realizadas oito entrevistas narrativas e uma roda de conversa com oito usuários. Percebeu-se a relação entre a procura pelo sistema biomédico e a busca por serviços religiosos. Analisou-se que não somente os CAPS fundamentam o cuidado com o sofrimento psíquico, mas também os espaços religiosos. Considera-se que há necessidade da construção e invenção de novas práticas em saúde mental, sendo preciso a promoção de encontros entre os campos psi e os saberes religiosos, assim como a reflexão sobre as articulações possíveis entre eles, na tentativa de se atender aos anseios e significados, engendrados pelos usuários dos serviços de saúde mental.
Resumo A Reforma Psiquiátrica brasileira criou uma série de dispositivos para substituir o sistema asilar, entre eles o Serviço Residencial Terapêutico (SRT). Com o objetivo de ampliar as reflexões sobre os desafios enfrentados pela proposta reformista, este estudo analisa os discursos construídos pelos cuidadores das residências terapêuticas de Campina Grande (PB), visando detectar estratégias argumentativas favoráveis ou contrárias à Reforma, identificar as identidades que constroem para si próprios, para os demais profissionais da rede de saúde mental e para os usuários do serviço, além de analisar como nomeiam e descrevem o sofrimento psíquico. A pesquisa, de cunho qualitativo, baseou-se na perspectiva teórico-metodológica da psicologia social discursiva. Obtiveram-se 18 depoimentos orais que foram submetidos à análise de discurso. Apesar dos cuidadores se posicionarem a favor da reforma psiquiátrica, apresentam relatos que reforçam a necessidade dos hospitais psiquiátricos, sobretudo, nos momentos de crise dos usuários. Ademais, os profissionais dos hospitais são posicionados, em alguns relatos, como mais capacitados do que os da rede substitutiva. Esses relatos ainda associam o sofrimento psíquico à doença, à periculosidade e à alienação, e caracterizam os usuários como agressivos, perigosos e instáveis. De modo geral, os entrevistados justificam algumas práticas hospitalocêntricas, valorizam o saber médico e reproduzem discursos asilares.
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