Este artigo é fruto da análise das representações sociais de profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) de Campina Grande-PB sobre o trabalho em equipe. Realizamos uma pesquisa qualitativa que foi desenvolvida à luz da teoria das representações sociais, tendo sido realizadas 24 entrevistas semi-estruturadas com profissionais de duas unidades de Saúde da Família - três médicos, três enfermeiros, quatro auxiliares de enfermagem, dois cirurgiõesdentistas, dois assistentes sociais, nove agentes comunitários de saúde (ACS’s) e um auxiliar de consultório dentário. A análise das entrevistas foi feita a partir da proposta de análise de conteúdo temática. De modo geral, o trabalho em equipe no PSF é representado como uma convivência compartilhada no mesmo espaço físico, numa abordagem multiprofissional, sem que seja evidenciada a interdisciplinaridade. O desafio que se apresenta para os profissionais reside em romper o paradigma tradicional da saúde, calcado, entre outros aspectos, na fragmentação do conhecimento.
Resumo Com o advento da Reforma Psiquiátrica, as ações em saúde visam promover a autonomia e o protagonismo dos usuários, a partir de uma visão integral de sujeito, em que se consideram os diferentes contextos e os grupos sociais de que ele faz parte, incluindo a família. Tal mudança paradigmática contribuiu para o abandono da perspectiva individual na assistência à saúde mental e ampliou o olhar e as ações dos profissionais para os grupos familiares. As problemáticas trazidas por diferentes usuários passam a ser compreendidas com uma visão psicossocial, em que se focalizam as relações interpessoais e familiares. Nesse contexto, este artigo relata uma experiência com um grupo de usuários de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) da cidade de Campina Grande-Paraíba, com base na Psicologia Social Comunitária. As intervenções psicossociais tinham o objetivo de promover o protagonismo dos usuários e sua corresponsabilização nos processos familiares, por meio de oficinas semanais sobre temas relacionados à família. Constatou-se que o conceito de família romântica e idealizada ainda faz parte do imaginário desses usuários. Os conflitos familiares foram destacados assim como a importância do diálogo, da reflexão e de outras estratégias para resolver problemas, o que denota posturas mais participativas e críticas. Essa experiência confirmou a relevância do desenvolvimento de ações nos serviços de atenção em saúde mental, focadas tanto na família quanto no usuário, atentos à desconstrução dos modelos de vitimização e culpabilização.
ResumoEste artigo se propõe a refletir sobre as representações sociais de profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) de Campina Grande -PB. O objetivo principal é analisar as representações que esses profissionais constroem a respeito do Programa e do trabalho nele desenvolvido. Realizamos uma pesquisa qualitativa norteada pela Teoria das Representações Sociais. Como instrumentos de coleta de dados, utilizaram-se a observação participante e a entrevista semiestruturada. Foram entrevistados 24 profissionais, sendo três médicos, três enfermeiros, quatro auxiliares de enfermagem, dois cirurgiões-dentistas, um auxiliar de consultório dentário, dois assistentes sociais e nove agentes comunitários de saúde. Os discursos foram analisados com base na proposta de Análise de Conteúdo Temática. Observou-se que todos os entrevistados representam o PSF como uma proposta que trouxe contribuições positivas, no entanto, sublinham a ausência da integralidade e da intersetorialidade, assim como assinalam a dificuldade na organização do sistema de referência e contrarreferência para a garantia das ações com resolutividade. Em relação ao trabalho desenvolvido no Programa, os profissionais o representaram como "planejado", "organizado" e "gratificante". Porém, vários discursos ressaltaram as insatisfações salariais, o desgaste e a sobrecarga de trabalho, sugerindo que "trabalhar no PSF não é tão bom assim". As representações sociais construídas pelos entrevistados conduzem para a ideia de que não há uma harmonia entre a efetivação do programa e as diretrizes propostas pelo Ministério da Saúde. Constata-se, portanto, a necessidade de mudanças estruturais no PSF de Campina Grande, para que os objetivos dessa proposta possam, de fato, ser concretizados.
Apresentam-se e analisam-se os resultados de uma pesquisa qualitativa cujo objetivo principal foi comparar as representações sociais sobre o alcoolismo elaboradas por alcoolistas em tratamento no Centro de Recuperação Fazenda do Sol, Campina Grande/PB, com as de seus familiares. Foram realizadas 12 entrevistas semi-estruturadas seis com alcoolistas e seis com familiares as quais foram submetidas à análise temática proposta por Bardin. De modo geral, os entrevistados representaram o alcoolismo como uma doença e, para recuperar-se dela, o indivíduo necessita de ajuda. Ressaltam-se, ainda, representações do alcoolismo como algo que provoca perdas; como o ato de beber em excesso; como uma dependência hereditária; um castigo e algo do demônio. No que se refere aos fatores que os levaram à dependência química, a maioria dos entrevistados atribui a dependência a problemas vividos na família e às amizades.
Este artigo é resultado de uma pesquisa mais ampla, cujo objetivo principal foi o de analisar a construção da identidade em discursos de taxistas que fazem em seus veículos o transporte alternativo entre os municípios de João Pessoa e Campina Grande - PB. Optou-se por uma pesquisa qualitativa, por meio da qual foram obtidos treze relatos orais de vida - sete em Campina Grande e seis em João Pessoa -, os quais foram submetidos à análise de discurso. Nos relatos, predominam descrições em que os taxistas se posicionam como membros desencantados de uma profissão decadente, que mal lhes garante a sobrevivência. A situação atual, difícil e instável, é contrastada insistentemente com um passado financeiramente mais estável. Em seus discursos, os entrevistados retratam si mesmos e o grupo ao qual pertencem como trabalhadores que lutam pela sobrevivência, legitimando, assim, a necessidade de optar pelo transporte alternativo.
Resumo Neste artigo, analisa-se o discurso de deputados de uma comissão especial, numa reunião destinada a proferir parecer para o Projeto de Lei nº 6583/2013, que dispõe sobre o Estatuto da Família. O projeto defende uma definição de entidade familiar que exclui diversos arranjos familiares menos tradicionais. Identificaram-se os argumentos com conteúdo religioso que são favoráveis ou contrários ao Estatuto e se analisou como os parlamentares constroem a factualidade dos seus discursos, ou seja, sua credibilidade argumentativa. A perspectiva teórico-metodológica escolhida foi a Psicologia Social Discursiva. Observou-se que a construção da factualidade discursiva ampara-se no conteúdo religioso dos argumentos e que os argumentos religiosos ganham fidedignidade através das estratégias retóricas de factualidade. É possível distinguir os argumentos dos deputados favoráveis, e dos contrários, apenas em termos de conteúdo, pois, em termos de emprego de dispositivos argumentativos, ambos são equivalentes, já que utilizam estratégias discursivas similares e recorrem ao discurso religioso.
Resumo A Reforma Psiquiátrica brasileira criou uma série de dispositivos para substituir o sistema asilar, entre eles o Serviço Residencial Terapêutico (SRT). Com o objetivo de ampliar as reflexões sobre os desafios enfrentados pela proposta reformista, este estudo analisa os discursos construídos pelos cuidadores das residências terapêuticas de Campina Grande (PB), visando detectar estratégias argumentativas favoráveis ou contrárias à Reforma, identificar as identidades que constroem para si próprios, para os demais profissionais da rede de saúde mental e para os usuários do serviço, além de analisar como nomeiam e descrevem o sofrimento psíquico. A pesquisa, de cunho qualitativo, baseou-se na perspectiva teórico-metodológica da psicologia social discursiva. Obtiveram-se 18 depoimentos orais que foram submetidos à análise de discurso. Apesar dos cuidadores se posicionarem a favor da reforma psiquiátrica, apresentam relatos que reforçam a necessidade dos hospitais psiquiátricos, sobretudo, nos momentos de crise dos usuários. Ademais, os profissionais dos hospitais são posicionados, em alguns relatos, como mais capacitados do que os da rede substitutiva. Esses relatos ainda associam o sofrimento psíquico à doença, à periculosidade e à alienação, e caracterizam os usuários como agressivos, perigosos e instáveis. De modo geral, os entrevistados justificam algumas práticas hospitalocêntricas, valorizam o saber médico e reproduzem discursos asilares.
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