ResumoEm nome da certificação da 'qualidade' e da 'excelência', a Universidade parece hoje condenada a celebrar apenas procedimentos, que no ensino e na investigação certificam rotinas e conformidades, eficiências e utilidades, confirmando a hegemonia da razão instrumental. É meu propósito, neste ensaio, todavia, refletir sobre a liberdade académica na universidade. Esta questão impõe que façamos recair a nossa interrogação sobre a natureza da própria universidade, sobre a profissão académica, e também sobre a sua vocação e missão. O que é, hoje, a universidade? Que forças a atravessam? Que abalos tem sofrido? A que ameaças está sujeita? Que contradições são as suas? Com que exigências se confronta? Que respostas têm que ser as suas?
Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons -Atribuição 4. RESUMO:A lusofonia é uma "comunidade imaginada", de caráter transcultural e transnacional. Tratando-se de um projeto com um passado de cinco séculos, assente no denominador comum que a língua portuguesa constitui, a lusofonia é, simultaneamente, um projeto disperso por vários espaços geograficamente distantes nos quais habitam cidadãos de diversas etnias e com diferentes culturas. Para podermos perspetivar o futuro da lusofonia interessa, por isso, não apenas compreender a sua complexa construção no presente, como também os desafios que tem pela frente. Na ideia de lusofonia joga-se uma luta simbólica pela divisão da comunidade internacional em áreas culturais. Vou, pois, neste artigo, considerar a ideia de lusofonia como um combate pela "ordenação simbólica do mundo" (Bourdieu), onde se colocam os problemas de língua hegemónica e de subordinação científica. E sendo tecnológica a condição da época e o ciberespaço um novo contexto de comunicação, coloco a possibilidade de a lusofonia se construir, também, através de web sites, de portais eletrónicos, de redes sociais, de repositórios digitais e de museus virtuais.Palavras-chave: Lusofonia; Lusotropicalismo; Língua portuguesa; Identidades transnacionais; Globalização; Poder simbólico.ABSTRACT: Lusophony is a transcultural and transnational "imagined community". Being a project with a past of five centuries, based on the Portuguese language, Lusophony is simultaneously a project dispersed by several geographically distant spaces in which citizens of diverse ethnic groups and with different cultures live. In order to be able to explore the future of Lusophony, it is therefore important not only to understand its complex construction in the present, but also the challenges that lie ahead. In the idea of Lusophony, a symbolic struggle is played by the division of the international community in cultural areas. I will therefore consider the idea of Lusophony as a struggle for the "symbolic order of the world" (Bourdieu), where the problems of hegemonic language and scientific subordination are posed. Being technological the condition of the time, and cyberspace a new context of communication, I place the possibility of Lusophony being built, also, through web sites, electronic portals, social networks, digital repositories and virtual museums.
Resumo:Desde sempre, as histórias dilectas do público são propagadas para além dos limites do seu enunciado original. Mas, as práticas comunicativas estão a mudar. Uma das mudanças mais radicais verificou-se na relação entre produtores e consumidores mediáticos. Apesar de o público nunca ter sido inteiramente passivo na recepção das narrativas, com a democratização dos media digitais ligados em rede e das tecnologias criativas, ele conquistou um papel mais activo, tornando-se também um agente da propagação de histórias. O público pode hoje interagir mais activamente com as histórias, contribuir com as suas interpretações e apropriações ou até participar na própria criação de histórias originais. O presente artigo visa, então, reflectir sobre as novas potencialidades participativas oferecidas pelas tecnologias digitais e criativas, através da análise de alguns casos práticos particularmente elucidativos. Abstract:Since always, the public's favorite stories are propagated beyond the limits of their original enunciation. But communication practices are changing. One of the most radical changes has happened in the relationship between media producers and consumers. Although the public has never been entirely passive in the reception of narratives, with the democratization of web-connected digital media and creative technologies, it has conquered a more active role, becoming also an agent for story propagation. The public today can interact more actively in the stories, contribute with its own interpretations and appropriations or even participate in the creation of original stories. The current paper aims, thus, at reflecting on the new participatory possibilities offered by digital and creative technologies, through the analysis of some particularly enlightening practical cases. Palavras-chave / KeywordsParticipação; Propagação de Histórias; Adaptação; Transmediações. Participation; Story Propagation; Adaptation; Transmediations. IntroduçãoContar histórias é uma habilidade humana natural, uma habilidade que todo o ser humano tem necessidade de exercitar. Autores como Mark Turner ou Jerome Bruner (cit. por Ryan, 2004: 3) enfatizam a capacidade narrativa como instrumento fundamental da cognição humana: é através dela que estruturamos o nosso pensamento, conhecemos e fazemos sentido da realidade à nossa volta. Ela permite aos indivíduos "lidar com o tempo, o destino e a moralidade; criar e projectar identidades; e situar-se" no mundo real (idem, 2004: 2/3). É ainda uma forma de explorar realidades alternativas (idem, ibidem), ultrapassando os limites do mundo material e avançando para um outro, o da criatividade, da fantasia, onde tudo é possível.
Interrogo neste texto o imaginário da era mediática. É meu entendimento que a sociedade da informação subverteu a nossa ideia de tempo histórico. Nos nossos dias, o tempo deixou de ser comandado pelo princípio escatológico. Com o real em falta e a vivermos em sofrimento de finalidade, o nosso imaginário já não tem a animá-lo nenhuma esperança. O imaginário da era mediática é, assim, o imaginário da crise do moderno, urn imaginário trágico, que tem na melancolia a afecção que melhor o caracteriza.
Toda a época tem um pensamento à sua altura, um pensamento que a diga em verdade. O "rei clandestino" (Simmel) da nossa época é o pensamento do mercado global e o pensamento da técnica. A nossa época resume-se, pois, a duas ideias: o mercado global, por um lado, e toda a espécie de tecnologias, por outro, sobretudo tecnologias da informação, que suportam o mercado, e biotecnologias, que reconvertem a vida humana num mundo ainda mais "admirável" do que a própria vida (Huxley).As tecnologias da informação, ao mobilizarem a época, aceleraram o tempo histó-rico e criaram o mercado global (Sloterdijk: 2000)1 . Esta criação significa, todavia, a crise permanente do humano, a qual é alçada a categoria dominante da cultura contemporânea. As tecnologias ligam globalmente os indivíduos em tempo real, criando neles o cérebro de que elas precisam, o de indivíduos empregáveis, competitivos e performantes no mercado, mas desarticulam-nos ao mesmo tempo como cidadãos, impondo-lhes um destino de ora em diante fragmentário, caótico e nomádico.Por sua vez, as biotecnologias, fundindo o orgânico e o inorgânico, autotelizam a técnica e sonham uma nova criação, uma criação de híbridos, que correspondem a uma superação da própria vida humana, uma vida imaginariamente enriquecida e melhorada biotecnologicamente.Com tecnologias da informação, que suportam o mercado global, e biotecnologias, que fantasiam melhorar a vida humana, na confluência umas e outras de "desejo, valor e simulacro" (Foucault, in Klossowski, 1997: 9), temos a crise da razão histórica, ou seja, a crise das grandes narrativas (Lyotard: 1979), e também a crise do narrador (Benjamin: 1992), com a consequente crise da verdade, e simultaneamente o "empo-
As primeiras revistas científicas de Ciências da Comunicação em Portugal apareceram em meados da década de 1980. Hoje, apesar de a iniciativa editorial se ter diversificado e estendido de Lisboa a outros centros universitários, as publicações em papel não chegam ainda a uma dezena. A estas somam-se algumas revistas exclusivamente online, que têm contribuído para ampliar o âmbito dos enfoques temáticos. Neste artigo, procuramos fazer um inventário das revistas que se publicam em Portugal, reflectindo em simultâneo sobre as suas principais fragilidades, por um lado a falta de rigor na periodicidade, por outro a tendência para a publicação de textos noutras línguas que não apenas o Português. É também objectivo deste trabalho sustentar a importância da inscrição destas publicações nos principais índex internacionais, tanto para afirmar a investigação realizada em Portugal, como para promover o Português como língua de pensamento.
ResumoProponho neste artigo a hipótese de estarmos a fazer uma travessia tecnológica, em muitos aspetos análoga à travessia marítima europeia dos séculos XV e XVI (Martins, 2015a(Martins, , 2017(Martins, , 2018a(Martins, , 2018b. Coloco, pois, em confronto a natureza tecnológica da atual globalização financeira e a natureza comercial da expansão marítima europeia. E se da primeira travessia resultou a colonização de povos e nações, com a segunda travessia passámos, em século e meio, àquilo a que Edgar Morin chamou a "colonização do espírito" de toda a comunidade humana (Morin, 1962). Neste contexto, tomei em consideração as consequências, para a cultura, da aceleração da época pela tecnociência, que tem mobilizado o humano, "total" (Jünger, 1930) e "infinitamente" (Sloterdijk, 2010), para as urgências do presente (Martins, 2010). Por outro lado, vou situar nos estudos pós-coloniais as identidades transnacionais e transculturais, analisando as comunidades lusófonas no contexto da "batalha das línguas", para utilizar uma expressão do linguista moçambicano, Armando Jorge Lopes (2004). Por essa razão, vou considerar a "circum--navegação tecnológica" (Martins, 2015a(Martins, , 2017(Martins, , 2018a(Martins, , 2018b, a empreender por todos os países do espaço lusófono, como um combate pela ordenação simbólica do mundo (Bourdieu, 1977(Bourdieu, , 1979(Bourdieu, , 1982, onde se colocam os problemas de língua hegemónica e de subordinação política, científica, cultural e artística (Martins, 2015b). Trata-se, pois, de uma travessia eletrónica, utilizando sites, portais, redes sociais, repositórios e arquivos digitais, e ainda, museus virtuais. E o ponto de vista adotado é o de que uma grande língua de culturas e de pensamento, como é a língua portuguesa, não pode deixar de ser, igualmente, uma grande língua de conhecimento, humano e científico. Palavras-chavePós-colonialismo; lusofonia; língua portuguesa; identidades transculturais e transnacionais; circum-navegação tecnológica Portuguese-speaking countries and the challenge of a technological circumnavigation AbstractIn this article, I propose the assumption that we are making a technological journey, analogous in many respects to European ocean voyages of the 15 th and 16 th centuries (Martins, 2015a(Martins, , 2017(Martins, , 2018a(Martins, , 2018b. Thus, I confront the technological nature of the current financial globalization and the commercial nature of European maritime expansion. Whereas the first journey resulted in the colonization of peoples and nations, in the second journey we moved, in a century and a half, to that which Edgar Morin called the "colonization of the spirit" of the entire human community (Morin, 1962). Within this context, I took into consideration the consequences, for culture, of the acceleration of the time via technology, which has mobilized human beings, "totally" (Jünger, 1930) and "infinitely" (Sloterdijk, 2010), in view of the urgencies of the present (Martins, 2010). On the other hand, I will use post-colonial studies to situate transn...
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.