Com a finalidade de analisar atitudes de professores em relação à educação inclusiva por meio da teoria crítica da sociedade, entrevistamos 14 professores do ensino fundamental. A maioria dos entrevistados se declarou favorável à educação inclusiva, propondo condições adequadas tais como: recursos humanos, diminuição de alunos em sala, restrição ao número de alunos com deficiência intelectual, necessidade de o professor ser especialista em educação inclusiva, participação de outros especialistas (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos etc.) e apoio de outro professor em sala. No que se refere aos benefícios e prejuízos da educação inclusiva, verificou-se que a maioria dos professores julga que os alunos sem deficiência se consideram superiores àqueles que não têm deficiência, metade dos entrevistados julga que a presença dos alunos com deficiência não atrapalha a aprendizagem dos alunos sem deficiência, e, por fim, que a maioria dos professores considera que a educação inclusiva deve favorecer a socialização e a aprendizagem dos alunos com deficiência.
Resumo: A pesquisa objetivou identificar fatores considerados necessários para a implementação da educação inclusiva ligados aos professores e sua atuação. Realizou-se um levantamento bibliográfico de textos acadêmicos sobre o tema; posteriormente, foram entrevistadas três professoras com experiência em educação inclusiva. A pesquisa bibliográfica identificou 20 fatores, que foram separados em três categorias: I -fatores relativos ao professor, II -fatores intraescolares e III -fatores sociais. Para as entrevistadas, a centralidade da educação inclusiva recai sobre os fatores relativos ao professor, em especial às suas características de personalidade, tais como afetividade e persistência, sem nenhuma menção aos fatores sociais. Tais respostas indicam concepções de escola e de inclusão em que o desempenho individual do professor é visto como independente do clima social e das políticas de implementação da educação inclusiva.Palavras-chave: educação inclusiva, formação de professores, inclusão escolar. 453 IntroduçãoDesde a década de 1990 o Brasil adere e legitima a educação inclusiva por meio da assinatura de declarações internacionais e da promulgação de leis e decretos. Porém, no que tange a sua implementação, este ainda é um campo repleto de desafios. Um deles refere-se ao fato de que os objetivos da educação numa sociedade voltada para o consumo e para a competitividade constantemente se impõem como obstáculos ao ingresso e à permanência do aluno significativamente diferente. Também devem ser consideradas as relações entre os diferentes tipos de alunos e a configuração de subgrupos isolados do conjunto da escola, bem como as questões relativas ao currículo, métodos de ensino e de avaliação daqueles em situação de inclusão como temas centrais do debate. Dentre tais desafios, destacamos a formação dos professores como campo de investigação e reflexão. Historicamente, a formação de professores direcionada para a educação especial, voltada apenas ao ensino dos alunos com deficiência, baseou-se na vertente médico pedagógica (Jannuzzi, 2004;Mendes, 2006). Nesta concepção, a ênfase recaiu sobre o aluno, suas potencialidades e incapacidades, seu diagnóstico e as possibilidades de "reabilitação". Consequentemente, o insucesso escolar decorria de questões individuais, perdendo assim as perspectivas relacionadas às condições da escola para proporcionar o aprendizado de todos (Ainscow, Porter * Autora correspondente: mariandias.dias@gmail.com & Wang, 1997;Booth & Ainscow, 2002;Mittler, 2003;Pacheco et al., 2007).Com a proposta da educação inclusiva, amplia-se a população a ser incluída na escola, uma vez que, diferentemente da educação especial, esta modalidade de educação diz respeito a todos aqueles tradicionalmente dela excluídos. Assim, a educação inclusiva também se refere às crianças e adolescentes pobres, negros, indígenas, imigrantes, em conflito com a lei, dentre outros.Neste novo cenário, surgem ensaios e relatos de pesquisas abordando a importância das concepções de professores sobre a educação inclusiva para...
RESUMOEste artigo relata pesquisa sobre educação inclusiva; teve como objetivos comparar escolhas e rejeições dos alunos considerados em situação de inclusão pelas escolas com seus colegas e os motivos para essas escolhas e rejeições. Construiu-se uma Escala de Proximidade entre alunos, que foi aplicada em duas classes: uma do ensino público (um aluno considerado em situação de inclusão) e outra do ensino particular (três alunos considerados em situação de inclusão). Observou-se que não houve diferenças entre os dois grupos de alunos, em ambas as classes, no que se refere à frequência de escolha ou rejeição e em relação aos motivos. Os motivos dados para escolher ou não colegas para a execução de tarefas escolares denotam um ideal de produtividade e relações de competição; quanto às relações sociais como brincar ou ir à casa do colega, valorizou-se ser "legal" e "amigo".Palavras-chave: educação inclusiva; sociograma; preconceito. ABSTRACTThis work reports a research about inclusive education which objective was to verify if there are differences in preferences and rejections made by students considered as an inclusive status by the schools and their classmates, as well as the reasons for the preferences and rejections. A Proximity Scale has been built among the students and was applied in two classrooms: in a public school (one student considered in an inclusive status) and in a private school (three students considered in an inclusive status). It was observed that there was no difference among students, in both classes, regarding the frequency of choice or rejection and the reasons therefore. Reasons presented for choosing or not choosing classmates for school assignments denote an ideal of productivity and competitive relations. In social relations like playing or visiting classmates, being "cool" or "friendly" was appreciated.
Se um dos objetivos da educação é o de desbarbarizar os indivíduos, este artigo relata pesquisa que investigou se houve: variação no tipo de maus tratos entre diversos níveis de ensino argentinos; manutenção dos papeis pelos alunos nesses maus-tratos, e relação entre esses tipos de papeis. Aplicou-se questionário a 70 universitários, que assinalaram recordações, no ensino primário e secundário, sobre se praticaram, apoiaram, observaram e/ou sofreram 10 tipos de agressão. Resultou que: não houve mudanças dos tipos de agressão do nível primário para o secundário; houve tendência a manter os papeis na agressão, e houve relação entre ser praticante e apoiador da violência, nos dois níveis verificados e entre ser alvo da agressão e observador no nível primário. Assim, dada a frequência de maus-tratos e a manutenção da violência nos dois tipos de nível de ensino examinados, o objetivo de desbarbarização dos indivíduos não está, em boa parte, sendo cumprido pela educação.
O objetivo deste artigo é defender a proposta da educação inclusiva como possibilidade de enfrentar dois tipos de violência escolar: bullying e preconceito. Tem como referencial a Teoria Crítica. Parte da hipótese de que escolas com maior grau de inclusão escolar teriam menos situações de violência e apresenta dados de pesquisa de duas entre cinco escolas estaduais de Guarulhos para testá-la: a de maior e a de menor grau de inclusão. Aplicaram-se dois instrumentos para identificação do grau de inclusão escolar e escalas a 83 alunos dos nonos anos para verificar a ocorrência de bullying, do preconceito e do autoritarismo dos alunos. Os resultados indicam que a escola de maior grau de inclusão escolar obteve menor grau de autoritarismo e da prática da discriminação entre alunos; já a frequência de bullying permaneceu semelhante nas duas escolas. O estudo conclui que o convívio com a diferença, propício às propostas de educação inclusiva, oferece possibilidades para refletir sobre os impulsos agressivos expressos pelo preconceito e, assim, refreá-los. Já o bullying parece necessitar de medidas para o seu enfrentamento que vão além da proposta de inclusão.
ResumoEste texto objetiva discutir a pesquisa empírica na formação de educadores como um meio de reflexão sobre as relações teoria/prática e sujeito/objeto. A discussão está fundamentada na Teoria Crítica da Sociedade e em estudos sobre a pesquisa empírica nos cursos de licenciatura que, embora tenha seu valor reconhecido na formação de educadores, ainda apresenta grandes lacunas no que diz respeito à forma como esse modo de aquisição de conhecimento é abordado nos referidos cursos. A dimensão da formação em pesquisa também é colocada sob exame por meio de relato de experiência realizada em uma disciplina do curso de Pedagogia da Universidade Federal de São Paulo, no segundo semestre de 2016, tendo a educação inclusiva, o preconceito e o bullying como temáticas orientadoras. Concluiu-se pela importância da defesa e fortalecimento da pesquisa na formação de professores, desde que considerados os seus limites, em contraposição a uma formação exclusivamente baseada ou na prática ou na teoria, sem negar a importância de ambas, para o aprofundamento da compreensão e da aplicação dos dados coligidos e interpretados nas pesquisas. Palavras-chave: formação de professores, pesquisa, educação, Teoria Crítica da Sociedade.Abstract. The role of research in teacher training and its limits. This article aims to discuss the role of the empirical research in teacher's training courses reflecting upon the relations between theory/practice and subject/object. The discussion is based on the Critical Theory of society and on studies on empirical research in undergraduate courses that, although it has its value recognized, still present great gaps. The research training is also examined from the experience held in an undergraduate class at the Federal University of São Paulo. The course took place in the second half of 2016 and had inclusive education, prejudice and bullying as guiding themes. The debate resulting from the accomplishment of an empirical research made possible reflections on the importance of research and its limits on teacher education, as well as establishing a basis for criticizing the idea of opposition between quantitative and qualitative research. Keywords: teacher training, research, education, Critical Theory of Society. IntroduçãoEste artigo tem como objetivo refletir sobre a presença da pesquisa empírica como parte relevante, ainda que nem exclusiva nem predominante, na formação de educadores. O papel da pesquisa na formação desses profissionais será analisado mediante textos de autores da Teoria Crítica da Sociedade. Inicialmente, analisaremos leis e artigos que
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