Com a finalidade de analisar atitudes de professores em relação à educação inclusiva por meio da teoria crítica da sociedade, entrevistamos 14 professores do ensino fundamental. A maioria dos entrevistados se declarou favorável à educação inclusiva, propondo condições adequadas tais como: recursos humanos, diminuição de alunos em sala, restrição ao número de alunos com deficiência intelectual, necessidade de o professor ser especialista em educação inclusiva, participação de outros especialistas (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos etc.) e apoio de outro professor em sala. No que se refere aos benefícios e prejuízos da educação inclusiva, verificou-se que a maioria dos professores julga que os alunos sem deficiência se consideram superiores àqueles que não têm deficiência, metade dos entrevistados julga que a presença dos alunos com deficiência não atrapalha a aprendizagem dos alunos sem deficiência, e, por fim, que a maioria dos professores considera que a educação inclusiva deve favorecer a socialização e a aprendizagem dos alunos com deficiência.
Resumo Orientados pela Teoria Crítica da Sociedade, analisamos o conteúdo de entrevistas de 17 professores de cinco escolas públicas paulistanas acerca do que produz o bullying e do que deve ser feito para reduzi-lo. Identificamos três categorias de respostas: as que expressam consciência crítica a respeito de sua produção e redução; as que denotam engajamento em relação a seu combate, mas consciência restrita a respeito de suas causas; e as que apresentam consciência restrita em ambos os casos. Como a consciência fragilizada se destacou na maioria dos casos, concluímos que ampliar ações destinadas à formação conceitual a fortaleceria junto a profissionais que se propõem a enfrentar esse tipo de violência, quer seja por meio da intervenção direta, do desenvolvimento de pesquisas ou da proposição de políticas públicas.
RESUMO. Trata-se de um trabalho de atendimento a crianças e adolescentes com queixas escolares, como, por exemplo, baixo rendimento e indisciplina em sala de aula. Parte-se da crítica à abordagem da Psicologia clínica tradicional, que exclui a escola da produção de tais queixas. Através de um processo breve e focal, que busca trabalhar com todos os envolvidos na rede de relações em que essas queixas se engendram, têm-se movimentado situações cristalizadas, despatologizado diversas crianças e famílias e evitado longos tratamentos psicoterápicos desnecessários.Palavras-chaves: fracasso escolar, saúde mental, psicologia escolar. AN APPROACH TO SCHOOL PROBLEMSABSTRACT. This work is concerned with children and adolescents with school problems such as poor academic performance or classroom misbehavior. It begins with a critique of the traditional psychological approach, which ignores the school's contribution to such problems. We propose instead a brief solution-focused intervention that includes everyone involved in the network of relationships in which the difficulties are embedded. Thus, we have been able to re-conceptualize the issues, to "de-pathologize" students and family members, and to avoid long and unnecessary psychotherapeutic treatments.
RESUMOEste artigo relata pesquisa sobre educação inclusiva; teve como objetivos comparar escolhas e rejeições dos alunos considerados em situação de inclusão pelas escolas com seus colegas e os motivos para essas escolhas e rejeições. Construiu-se uma Escala de Proximidade entre alunos, que foi aplicada em duas classes: uma do ensino público (um aluno considerado em situação de inclusão) e outra do ensino particular (três alunos considerados em situação de inclusão). Observou-se que não houve diferenças entre os dois grupos de alunos, em ambas as classes, no que se refere à frequência de escolha ou rejeição e em relação aos motivos. Os motivos dados para escolher ou não colegas para a execução de tarefas escolares denotam um ideal de produtividade e relações de competição; quanto às relações sociais como brincar ou ir à casa do colega, valorizou-se ser "legal" e "amigo".Palavras-chave: educação inclusiva; sociograma; preconceito. ABSTRACTThis work reports a research about inclusive education which objective was to verify if there are differences in preferences and rejections made by students considered as an inclusive status by the schools and their classmates, as well as the reasons for the preferences and rejections. A Proximity Scale has been built among the students and was applied in two classrooms: in a public school (one student considered in an inclusive status) and in a private school (three students considered in an inclusive status). It was observed that there was no difference among students, in both classes, regarding the frequency of choice or rejection and the reasons therefore. Reasons presented for choosing or not choosing classmates for school assignments denote an ideal of productivity and competitive relations. In social relations like playing or visiting classmates, being "cool" or "friendly" was appreciated.
RESUMO. Analisou-se o conteúdo de entrevistas com gestores escolares -diretores de escola e coordenadores pedagógicos -de cinco escolas públicas de ensino fundamental da cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, para investigar: 1) como eles compreendiam o bullying, principalmente no que tange às suas determinações; 2) o que propunham em suas escolas para combatê-lo e 3) a relação entre sua compreensão do fenômeno e as propostas feitas para seu combate. Concluiu-se que os gestores que percebiam haver determinação social sobre a violência escolar apresentavam propostas de combate ao fenômeno mais estruturadas, voltadas ao entendimento do fenômeno por parte de alunos e professores. Os demais, por outro lado, com base em uma visão mais reducionista que dificultava a percepção da incidência do bullying no ambiente escolar, elaboravam ações pouco relacionadas com os fatores que o produzemações estas, em muitos casos, ineficientes ao seu combate.Palavras-chave: teoria critica da sociedade, psicologia, educação, gestão escolar, violência escolar. Analysis of school authorities´ concepts and suggestions on bullyingABSTRACT. Interviews by school authorities from five public primary schools in São Paulo, São Paulo State, Brazil were analyzed. The contents of the interviews by school principals and pedagogical coordinators investigated (1) the manner they understood bullying, especially with regard to their determinations; (2) their proposals for combating the problem; (3) the relationship between their understanding of the phenomenon and the suggestions against it. Results showed that the authorities that perceived the social determination on school violence had the best structured suggestions against the phenomenon, with regard to its understanding by students and teachers. On the other hand, others, foregrounded on a more reductionist stance which made difficult the perception of bulling within the school milieu, suggested activities which were not relevant to the factors that produced it and thus not efficacious in their attacking the phenomenon.Keywords: critical theory of society, psychology, education, school administration, school violence. IntroduçãoNa escola contemporânea, alguns problemas, além das dificuldades de aprendizagem, estão presentes; dentre outros, a indisciplina, a discriminação, problemas de relacionamentos entre pares e entre o corpo docente e discente e o bullying. Ainda que estejam associados e possam ser gerados pelos mesmos fatores, cada um deles necessita de entendimento específico.A violência presente no bullying e nos demais tipos de conflitos interpessoais, que frequentemente ocorrem no ambiente escolar, não se reduz às motivações individuais das crianças e adolescentes envolvidos nem tampouco às especificidades da instituição escolar. Estas duas dimensões, a individual e a institucional, certamente participam de modo importante na produção desse modo de violência, mas a sua supervalorização em detrimento da análise da determinação da sociedade, da qual fazem parte, sobre essa esfera da for...
Os mecanismos sociais e as práticas educativas produtoras das dificuldades escolares enfrentadas por crianças pobres no Brasil têm sido minuciosamente estudados nas últimas décadas. A partir de observações de cenas escolares e de entrevistas com professores notamos um crescente processo de "coisificação" do professor e do aluno. Quando estes estão destituídos do que lhes é mais pessoal e significativo como seu estilo, ritmo e valores, participam do ritual educativo de forma mecânica, repetitiva e submissa. Refletimos sobre o papel do psicólogo enquanto profissional que pode resgatar, reconhecer e valorizar o indivíduo humano, sua necessidade de se comunicar (ensinar e aprender) e seu potencial para isso, participando da recriação da cultura escolar de forma inovadora e singular.
Este editorial expressa nossas reflexões sobre o suicídio e a morte do narrador na literatura acadêmica contemporânea, a qual, conforme compreendemos, relaciona-se com outra fatalidade ainda mais grave: as ocorrências atuais de suicídio de jovens. Essa trágica "solução" tem ocupado lugar de destaque na mídia desde a estreia da série americana 13 Reasons Why (2017), dirigida por Brian Yorkey, inspirada no livro homônimo de Jay Asher, e da ampla e controversa divulgação do suposto jogo online Baleia azul, seguidas pelo crescente interesse por ambos. Nosso objetivo é discutir sobre uma possível relação entre o suicídio que se consuma como resultado da morte em vida, desvelando a continuidade funesta entre a fatal autoimposição de um término à vida e a fatídica vida imposta àqueles que estão impedidos de experimentá-la como sujeitos, e o suicídio do narrador na literatura acadêmica que paradoxalmente expressa a submissão do autor às exigências irracionais da maquinaria produtiva que o anula e, com isso, retira o encanto da narrativa.Se a declarada frustração de Nietzsche (1887/1998), que tão bem conheceu a decadência, em relação à expectativa de que suas obras pudessem ser objetos da leitura como arte já fora há muito uma crítica tenaz ao "homem moderno", incapaz de ruminar o conteúdo de sua leitura, a empobrecida experiência intelectual propiciada pela forma padrão adotada pelo modo atual de divulgação científica, o relato de pesquisa sem reflexão teórica, parece supor uma regressão ainda maior do leitor, de modo que à morte do narrador equivale a anulação do trabalho interpretativo do leitor. Se o suicídio de jovens provoca angústia imediata e sugere rápido entendimento de que a vida foi tragada por suas contradições objetivas, o fenômeno paralelo que ora enfatizamos, o suicídio do narrador, parece não promover igual compreensão.A asseveração de Nietzsche pode ser pensada à luz da crítica que Walter Benjamin (1936/1994) fez à cultura já explicitamente em decadência algumas décadas depois: "Por mais familiar que seja seu nome, o narrador não está de fato presente entre nós, em sua atualidade viva" (p. 197). Esse arguto crítico da cultura, que diante do fatídico cerceamento de sua vida pelas forças nazistas, que implicava também a aniquilação da vida de milhões de seus iguais, pôs fim à própria vida, pôde revelar que a vida ceifada pelo suicídio é a mesma vida já mortificada pelo predomínio das instâncias opressivas que anulam a possibilidade de compartilhar experiências, tal como foi possível por meio da narração. Em uma de suas mais célebres formulações, Benjamin pôde registrar para uma posteridade que ainda não conhece o além do homem "moderno", rejeitado por Nietzsche, a relação entre o declínio do narrador e a experiência da catástrofe objetiva representada pela guerra, cujo terror se generalizou para as estáveis instituições do mundo administrado:Com a guerra mundial tornou-se manifesto um processo que continua até hoje. No final da guerra, observou-se que os combatentes voltavam mudos do campo de batalha não ...
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