A preocupação deste estudo está voltada para aqueles alunos que em razão da condição de classe, de gênero e de etnia, historicamente, vêm sendo excluídos da educação superior. Reverter este quadro é tarefa complexa quando visualizamos a trajetória da educação superior no âmbito da sociedade brasileira. O surgimento tardio deste nível de ensino no país, em especial em universidades, e a sua dependência aos interesses das classes dominantes, evidente nas reformas realizadas; os processos de seleção que têm priorizado os alunos com maior capital cultural, adquirido no decorrer da sua trajetória escolar e de vida e por último as dificuldades de acesso aos bens econômicos, sociais e culturais da maioria da população brasileira, como pano de fundo do caráter desigual da educação superior, não pode deixar de ser considerado quando se discute a questão do acesso e da permanência na educação superior. Dados obtidos mediante pesquisa realizada em duas universidades revelam que existe uma desigualdade de acesso e permanência, dependendo das oportunidades educacionais, sociais e econômicas dos estudantes e que esta desigualdade tem relação com a classe, gênero e etnia.
As representações sociais comportam dimensões históricas, sociais e culturais, que se manifestam na tomada de decisão e nas ações no cotidiano escolar. Portanto, entender as representações dos múltiplos protagonistas do/no contexto escolar como dimensões da complexidade do fenômeno no cotidiano escolar, significa entender a escola, ela em si mesma, como complexa. Nesta perspectiva, foram analisadas as representações sobre as violências que se manifestam no cotidiano escolar, com o propósito de favorecer uma melhor compreensão sobre este fenômeno e subsidiar formas de redução e prevenção. A pesquisa ISSN 1518-3483 Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 467-480, set./dez. 2009 Licenciado sob uma Licença Creative Commons Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 467-480, set./dez. 2009 468 EYNG, A. M.; GISI, M. L.; ENS, R. T. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 467-480, set./dez. 2009 foi realizada em duas etapas, a primeira etapa em 2006 e 2007, com 728 alunos(as) de ensino fundamental e médio e 57 professores(as) em sete escolas públicas do Estado do Paraná, mediante o método das evocações. A segunda em 2008, numa escola pública estadual de grande porte com pais, alunos, professores e profissionais pedagógicos e administrativos – agrupados como funcionários. Os dados foram obtidos mediante realização de entrevistas estruturadas. Os dados evidenciam que o fenômeno das violências nas escolas é percebido de modo diferente pelos diferentes protagonistas, o que pode estar associado ao fato deste fenômeno, não ter se constituído, em âmbito geral, nas escolas, em uma questão para análises coletivas e proposição de ações conjuntas. E pelo fato das representações sociais estarem fortemente ancoradas em concepções que são próprias de cada grupo social e do seu contexto. Assim cabe chamar a atenção para a necessidade de um maior aprofundamento da discussão coletiva, da definição de posicionamentos e estratégias de ação compartilhadas. E, em especial, a inserção dessa temática em cursos de formação inicial e continuada de professores para a educação básica.
A análise, nesse artigo, propõe uma reflexão sobre as relações entre as políticas educacionais e a convivência escolar, trazendo para a discussão a triangulação entre dados empíricos, traços da legislação educacional recente e argumentos de autores contemporâneos. O estudo enfatiza as contradições entre diretrizes políticas de currículo e avaliação, pois enquanto para o currículo o princípio é a diversidade, a avaliação está marcada pelos traços da padronização. Nesse sentido, indagamos de que modo os princípios e práticas da diversidade e da padronização incidem na convivência no contexto escolar? Os resultados apresentam indícios de tensões, divergências e possíveis conflitos que pautam as percepções e ações de professores e estudantes no cotidiano escolar. É possível constatar que os professores ainda se pautam preponderantemente em concepções que dificultam a superação das práticas de hierarquização e subordinação nas relações pedagógicas que se manifestam na convivência escolar.
RESUMO: este artigo tem como objeto de estudo a educação em direitos humanos como estratégia para o respeito aos direitos das pessoas com deficiência. Faz referência à construção histórica dos direitos humanos e a contribuição da escola para a efetivação desses direitos hoje assegurados em legislação. A escola é local para propagar uma cultura dos direitos, espaço privilegiado para a convivência em direitos humanos, espaço para compreender e vivenciar a diversidade. Considerando a implementação da política nacional de educação em direitos humanos, foi realizada uma pesquisa junto a 18 professores e gestores de educação básica, que atuam em escolas que possuem alunos incluídos, sobre a percepção existente a respeito da efetividade da legislação vigente que trata dos direitos das pessoas com deficiência. Os resultados evidenciam um discurso que contempla a defesa dos direitos ao mesmo tempo em que demonstra a fragilidade da prática quando relacionada à legislação vigente. Para uma mudança, a escola necessita educar-se para os direitos humanos e todos os envolvidos no processo educativo devem construir coletivamente projetos que possibilitem a vivência dos direitos humanos. Educação inclusiva como garantia de direitos é muito mais do que estar na escola, é contribuir para a igualdade das condições de vida.
Este trabalho considera as interferências das mudanças ocorridas nas sociedades contemporâneas na profissão docente, em especial, em relação à valorização do professor e sua permanência na profissão. A pesquisa tem como base as representações de professores do Ensino Fundamental II sobre continuar ou não na profissão, e, para isso, tomamos inicialmente o contexto da formação docente no Brasil, em relação à valorização e à profissionalização do professor, para subsidiar a análise das representações dos professores. Os resultados indicam que as representações sobre a profissão relacionadas à não permanência decorrem de problemas como: desvalorização, baixos salários, dificuldades em relação ao comportamento dos alunos e falta de condições de trabalho para o exercício da profissão, em razão do pouco investimento na educação. Tais questões podem ser motivo da diminuição da procura pela docência na Educação Básica e da grande evasão dos cursos de licenciatura. Os professores que pretendem continuar na profissão revelam razões atreladas a aspectos afetivos, sem uma análise crítica dos aspectos políticos e da falta de condições objetivas de trabalho.
A pandemia da Covid-19 é uma emergência de saúde pública e está afetando quase todo mundo no planeta, independentemente da idade, do nível de renda ou do país. No entanto, é provável que a crise econômica atinja especialmente as(os) jovens. As crises, em geral, atingem com mais intensidade as pessoas mais vulneráveis. Um desses grupos é o de jovens, que está particularmente exposto ao impacto socioeconômico da pandemia. O objetivo desse estudo foi analisar os impactos da pandemia da Covid-19 no que se refere à educação e ao trabalho para a juventude em âmbito nacional e internacional. Realizou-se uma análise documental qualitativa exploratória a partir dos sites oficiais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). As fontes analisadas apresentaram grande preocupação com os impactos e com as consequências da pandemia para a juventude e em todas elas foram encontrados documentos significativos sobre a atual realidade juvenil. A crise da educação e do emprego juvenil impõe hoje aos governos em âmbito global muitos desafios, tanto para o acesso quanto para a permanência. Demonstrou-se que os impactos possuem diferentes dimensões e são relativos entre as particularidades dos países e regiões de cada um deles. A longo prazo, a combinada crise educacional e do mercado de trabalho ameaça não apenas prejudicar a qualidade e a quantidade de empregos, mas, também, exacerbar as desigualdades existentes entre países e dentro deles.
Background A family history of arterial hypertension is an important risk factor for arterial hypertension. This study aimed to verify the mediating role of high central adiposity in the relationship between family history of arterial hypertension and blood pressure in schoolchildren. Methods Cross-sectional study with 118 schoolchildren of both sexes aged between 11 and 17 years. Weight, height, waist circumference and body mass index z score were verified. Somatic maturation was predicted by age for peak growth velocity. The family history of arterial hypertension was verified and defined as hypertensive schoolchildren with systolic blood pressure or diastolic blood pressure. Mediation analysis was used with linear regression models applied by PROCESS macro for SPSS (version 22.0), with significance p < 0.05. Results It was observed that 34.7% of the students have family history of arterial hypertension, 36% of the girls and 44.2% of the boys have arterial hypertension. In girls, the relationship between waist circumference and systolic blood pressure was direct (β = 0.535 p = 0.005), and those with a family history of arterial hypertension and who had a waist circumference greater than those without a family history of arterial hypertension was significant (β = -5,437 p = 0.009). Likewise, the relationship between family history of arterial hypertension and systolic blood pressure was attenuated when waist circumference was included in the model (β = -5.544; p = 0.103), indicating waist circumference as a mediator with an influence percentage of 19%. For boys, waist circumference is not a mediator of the relationship between family history of arterial hypertension and blood pressure. Conclusions Elevated central adiposity was a mediator of the relationship between family history of arterial hypertension and high blood pressure in girls, indicating the importance of family health strategies in the prevention and management of arterial hypertension in children and adolescents.
Mais de três décadas depois, uma Reforma do Ensino Médio e uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovadas entre 2017 e 2018 apresentam grande semelhança com a Reforma do Ensino de 1º e 2º graus da época da Ditadura Civil-Militar no Brasil. No que as Leis nº 12.796/2013, nº 13.415/2017 e a nº 5.692/71 se assemelham? Quais seriam os possíveis motivos para essa proximidade? Este artigo busca responder essas questões, com o objetivo de compreender melhor porque o atual programa educacional é tão próximo do plano traçado para a educação no período ditatorial. Para isso, foi traçada uma analogia entre as leis supracitadas e foi lançado um breve olhar sobre a história, buscando nela razões plausíveis para este fato. Esta pesquisa bibliográfica teve como referência não somente a legislação pertinente, como também obras de autores como Altvater (2010); Arapiraca (1979); Benjamin (2010); Harvey (2011); Fausto (2006); Fernandes (1982); Frigotto (1995); Romanelli (1978); Saviani (2008); Schultz (1973); Skidmore(1991); Safatle & Telles(2010). Concluiu-se que a Ditadura Civil-Militar brasileira deixou marcas permanentes ao presente, que permeiam insidiosamente nossas estruturas econômicas, políticas e sociais. Aí está a grande importância de olhar cuidadosamente para esse fenômeno e compreender porque o programa educacional de hoje propõe uma espécie de retrocesso, entendido aqui como prejudicial à sociedade.
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