RESUMO:Este artigo visa estabelecer a articulação entre os impasses na escolarização das crianças e as contribuições acerca das culturas de infâncias, das culturas familiares, das culturas escolares na atualidade. Propomos verificar as novas dimensões de ser criança e viver a infância neste momento histórico e repensar a socialização escolar a partir do entrecruzamento das culturas escolares, consideradas legítimas, e suas relações com algumas culturas familiares e infantis consideradas, até hoje, ilegítimas pela escola. Conhecer as culturas das infâncias e as culturas familiares possibilita ampliar a compreensão sobre as crianças brasileiras e possibilita a construção de um projeto de escolarização que entreteça as culturas escolares, as culturas da infância e as famílias na sociedade contemporânea. A formulação de uma "educação de qualidade" somente poderá acontecer por meio do estabelecimento de indicadores socialmente compartilhados entre estes três discursos.Palavras-chave: Culturas escolares. Culturas infantis. Culturas familiares. Escolarização. Socialização.
SCHOOL CULTURES, CHILDHOOD CULTURES AND FAMILY CULTURES: SOCIALIZATION AND SCHOOLING IN THE INTERTWINING OF THESE CULTURESABSTRACT: This paper seeks to articulate the impasses in child schooling and the contributions on the childhood, family and school cultures in our contemporaneous societies. It proposes to explore the new dimensions of being a child and living a childhood in this historical moment and to rethink school socialization by criss-* Doutora em Educação e professora
Partindo do contexto brasileiro em relação à educação de crianças pequenas, o presente artigo coloca em discussão a elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil, continuando o diálogo que temos estabelecido com nossos colegas professores, pesquisadores e militantes desde o início desse processo. É destacado o papel desempenhado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), não apenas pelo seu caráter normativo, mas especialmente por evidenciar um amadurecimento da epistemologia do trabalho com as crianças em instituições educativas, e por apresentar os direitos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, os campos de experiência propostos, concluindo com um alerta para as condições necessárias para a implantação da Base.
RESUMO:No Brasil a educação das crianças de 0 a 5 anos vem sendo efetivada desde o fim do século XIX, com a presença de distintas instituições marcadas por um projeto educativo diferenciado pelo tempo de permanência na escola. A interrogação que propomos refletir é se a presença na Educação Infantil de turnos prolongados pode ser entendida como Tempo Integral ou como Educação Integral. A análise da intencionalidade de promover no cotidiano da Educação Infantil a articulação entre as áreas da educação, da saúde, da cultura e da justiça e de proporcionar a integralidade do projeto pedagógico e a integralidade das relações da escola no tempo e nos espaços nos leva a compreender que uma Educação Integral somente se efetiva numa perspectiva de experiência educativa como encontro intersubjetivo implicado com o mundo comum. Palavras-chave: Turno integral. Educação infantil. Creche. Pré-escola. Educação Integral.
O cotidiano das escolas de Educação Infantil evidencia que as propostas curriculares, na especificidade da creche, se concretizam através de três modalidades. Essas modalidades apontam para pedagogias adultocêntricas e “esco-larizadas” nas quais os bebês e as crianças pequenas não são reconhecidos como seres linguageiros, ativos e interativos em suas primeiras aprendizagens de convivência no e com o mundo. O poder delas de aprender a apropriar-se de significados através da inserção gradual em um conjunto de relações e processos constituem um sistema de sentido. A função docente, como co-produtora de currículo, efetiva-se na construção de um espaço educacional que favoreça, através da interlocução com as crianças e as famílias, experiências nas diferentes linguagens e nas práticas sociais e culturais de cada comunidade. Os bebês, em seu humano poder de interagir, interrogam esses modelos curriculares ao afirmarem, nas suas ações cotidianas, a interseção do lúdico com o cognitivo nas diferentes linguagens: a conciliação entre imaginação e raciocínio, entre corpo e pensamento, movimento e mundo, em seus processos corporais de aprender a operar linguagens e narrativas. Palavras-chave: Currículo. Múltiplas linguagens. Educação de bebês.
Marcas de uma pedagogia tecida nas relações: documentação pedagógica como narrativa da experiência educativa na creche Resumo O presente texto tem por tema o processo de documentação pedagógica como narrativa da experiência educativa na creche. Como recurso argumentativo, apresentam-se elementos de uma pesquisa de doutorado em educação, realizada na cidade de Pistóia, na Itália. Dentre os aspectos privilegiados, busca-se conhecer as documentações produzidas no contexto de quatro creches, suas diferentes formas, tipos e, sobretudo, os fios comuns e o entrelaçamento que compõe seu tecido narrativo. Como filtros de leitura, têm-se as proposições da pedagogia italiana, Malaguzzi (1999), Rinaldi (2012) em diálogo com a filosofia de Walter Benjamin. A proposição é que a documentação pedagógica é uma narrativa que oferece visibilidade e sustenta as experiências educativas na creche. Considerando suas diferentes formas e tipos, encontraram-se, nas documentações, dois fios comuns: uma imagem de criança ativa, com capacidade para crescer e se relacionar, e um contexto educativo potencialmente rico em experiência. O entrelaçamento dos fios acontece nas relações entre professores, crianças e suas famílias. No gesto de documentar há a produção de um tecido narrativo capaz de sustentar o encontro, as relações e as experiências no contexto educativo. Trata-se de uma aposta no processo de documentação pedagógica que demanda não apenas uma técnica, mas uma posição ética frente ao outro.
O resgate de tensões ocorridas durante a formulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) referente à educação infantil visa contribuir para o debate ainda em curso. Na introdução, apresentam-se as tensões e as dificuldades que constituíram, desde o início, o processo de elaboração da BNCC, juntamente com a metodologia do texto. Em seguida, problematiza-se o lugar da educação infantil no sistema educacional brasileiro. Posteriormente, discutem-se as complexas relações entre Estado e governo, políticas globais e locais. Por último, questionam-se as possibilidades de uma base ser geradora de processos curriculares diversos. Na conclusão, reflete-se sobre o que esteve e ainda está em disputa no processo de implementação da Base, especialmente na educação infantil (BNCC-EI).
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