The article analyzes current (up to 2012)
A inclusão dos "pardos", ao lado dos "pretos", como beneficiários das políticas públicas de ação afirmativa no ensino superior e em concursos públicos não é algo consensual mesmo entre aqueles que defendem tais medidas. A discriminação racial contra os pardos é ignorada ou negada por boa parte dos brasileiros e, portanto, para muitos parece ilógico dedicar às pessoas autoclassificadas como tal mecanismos específicos de promoção socioeconômica. Pesquisas de opinião e entrevistas demonstram que os pardos muitas vezes não são vistos como um grupo discriminado (Almeida, Schroeder e Cheibub, 2002;Schwartzman, 2009). A complexidade das classificações de cor no Brasil, por sua vez, é também usada com frequência como argumento para descaracterizar esse grupo como possível beneficiário legítimo de ações afirmativas. No debate acerca da legitimidade da implantação de políticas de ação afirmativa raciais no Brasil, vários publicistas e acadêmicos contrários a tais medidas alegaram ser difícil classificar racialmente os brasileiros, em particular aqueles que se encontram no meio do continuum de cor, o que tornaria inviável uma política pública dirigida a esse grupo (Florentino, 2007;Magnoli, 2007;Pena, 2007).Desde a década de 1970 a discriminação contra os pardos vem sendo registrada com tal consistência que até o Estado foi convencido de sua importância para a formulação de políticas públicas. Contudo, os pró-prios pardos não parecem detectá-la: quando indagados acerca de suas http://dx
O idealismo é um dos maiores vícios intelectuais da humanidade, presente em várias disciplinas acadêmicas e no debate público de diversos países e culturas. Sua incapacidade de reconhecer a mediação é particularmente perniciosa quando o assunto é a política, atividade práti-ca que se desenrola exatamente no intercâmbio entre as ideias e o mundo da experiência. Assim, ao formularmos a questão que guia o presente ensaio, "Podemos considerar as ações afirmativas políticas multiculturalistas?", precisamos imediatamente entender que ela não pode ser respondida no abstrato. Isto é, até pode, mas tal resposta será de exíguo valor. Primeiro, temos o problema de que a definição de Ação Afirmativa (AA) é muito ampla, englobando uma variedade de políticas de desenhos e parâmetros diversos, muito dependentes de contextos institucionais e culturais de cada país onde essa política foi implantada. Por conseguinte, as justificações públi-cas possíveis para sua implantação também variam: umas * Agradecemos aos pareceristas anônimos de Lua Nova pelos comentários e sugestões muito pertinentes.
O trabalho analisa a estratégia editorial do jornal O Globo no tratamento da questão das cotas raciais a partir do exame dos textos publicados pelo periódico sobre o tema entre 2001 e 2008. Focamos os textos de caráter opinativo para testar a hipótese de que há um controle editorial estrito na maneira como a questão das cotas raciais é apresentada no jornal na forma de controvérsia. Denominamos tal estratégia de "administração do espaço do debate". A análise temporal dos dados mostra que (1) O Globo mantém uma razão constante entre o número de textos opinativos e o de reportagens publicadas sobre o tema; e (2) entre os textos opinativos o jornal mantém uma razão constante entre textos contrários e favoráveis, com expressiva vantagem para os primeiros. A partir do cruzamento dos diferentes formatos e autorias dos textos publicados com sua valência descobrimos que, enquanto editoriais e cartas de leitores são dominantemente contrários, acadêmicos e colunistas do jornal se dividem entre prós e contras, e militantes, políticos e burocratas são apresentados como dominantemente favoráveis. Em suma, nossa análise permite mostrar que O Globo consegue ao mesmo tempo apresentar uma aparência de imparcialidade e controlar o espaço de debate de modo a passar uma posição dominantemente negativa das ações afirmativas para negros na universidade brasileira.
INTRODUÇÃO N o clássico A Estrutura das Revoluções Científicas, o filósofo ThomasKuhn argumenta que o uso de artigos como principal meio de comunicação científica é uma das características da "ciência normal" que a distingue das formas pré-paradigmáticas de produção de conhecimento (Kuhn, 1962:13). Hoje em dia, mais de meio século após a publicação do livro de Kuhn, as Ciências Sociais parecem ainda não ter atingido o pleno estágio paradigmático -há, na verdade, muitas razões para argumentar que elas não devam jamais atingi-lo (Veyne, 1998:174). É inegável, contudo, que a produção de artigos científicos tem se tornado mais e mais central nas Ciências Sociais. Várias são as causas que concorrem para esse fato, entre elas o crescimento contínuo da pesquisa e da pós-graduação, as induções institucionais e financeiras das agências de fomento, a estruturação da profissão em torno de critérios de produtividade e a mudança da cultura acadêmica, de formas mais aristocráticas para práticas mais democráticas de produção e circulação de conhecimento.
Os estudos da mídia brasileira em períodos eleitorais têm consistentemente encontrado um viés contrapolíticos e partidos de esquerda, particularmente contra o Partido dos Trabalhadores. O presente trabalhoé uma contribuição a essa literatura. Trata-se de uma comparação entre as coberturas eleitorais do JornalNacional e das capas do jornal impresso O Globo, ambos pertencentes ao Grupo Globo durante o períodoeleitoral de 2014. Queremos, primeiramente, testar a hipótese da continuidade do comportamento dasmídias desta empresa. Uma vez confirmada essa hipótese, partiremos para o exame da hipótese do papelde “cão de guarda”. Para tal, comparamos os resultados das análises das eleições de 2014 e de 1998:duas campanhas para reeleição, com os mesmos partidos em competição, PT e PSDB, mas ocupandolugares opostos dos polos situação e oposição. Nossos resultados confirmam a tese da continuidade doviés antipetista e rejeitam o papel de cão de guarda. A metodologia utilizada para a análise das coberturasdas três eleições é a análise de valências das notícias.
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