RESUMO O impacto da racionalidade neoliberal sobre a formação do sujeito é devastador, provoca uma quebra ética e estraçalha o laço inter-humano. O ensaio aborda o tema a partir de filosofia, psicanálise e educação, relacionando três eixos – racionalidade neoliberal, sujeito e obscurantismo. Por meio de uma perspectiva filosófico-psicanalítica, a racionalidade neoliberal e o obscurantismo necessitam do apagamento do outro para tocar seu projeto de ocupação de corpos, mentes e vidas. Ao instalar um sistema de relações baseado na indiferença, produzirá subjetividades que a ele se adequem e se perpetuem. Como contraponto ao regramento perverso de apagamento do semelhante, recorremos à ética em Freud, regida pelo princípio da inclusão do semelhante como experiência formativa central da existência humana.
The essay relates the Freudian notion of transience with precious and fugitive elaborative moments which arise in the analysis sessions. It assumes the thesis that the analysis, by these valuable moments of encounter with the truth, is an exercise of the self on oneself, empowered by the kairós, proposed by Foucault in the Hermeneutics of the Subject. The author seeks in Greco-Roman antiquity the notion of disquiet of self, a constitutive ethical process of oneself that occurs in the relationship "between two", master and disciple. In this sense, the analytical encounter is conceived as one of the contemporary expressions of Foucaultian disquiet of self. The available and attentive listening, the beauty of the creations that, in a unique and ephemeral moment, are produced there, are reference to think about the function of the educator and the human formation.
A problemática da produção da subjetividade em aula: reflexões acerca da docência universitária na área das Ciências Humanas ResumoO estudo aborda a problemática da docência universitária na área das Ciências Humanas, partindo de uma experiência educativa desenvolvida na disciplina intitulada Trabalho e Subjetividade, com alunos de um curso de especialização lato sensu na área de Gestão de Recursos Humanos, em uma instituição de ensino superior situada no interior do estado do Rio Grande do Sul. A reflexão é desenvolvida na interface da psicanálise e da educação, reconhecendo que a construção do conhecimento depende, em larga medida, da produção de efeitos de subjetivação nos envolvidos no processo educativo, no interior de uma relação de alteridade entre professor e aluno, que pode ser possível construir durante o encontro áulico.Palavras-chave: Ação específica. Alteridade. Docência universitária. Subjetividade. AbstractThe study is about the problem of university teaching in the area of Human Sciences, starting from an educational experience developed in the discipline named 'Work and Subjectivity' , with students from a Specialization course in the field of Human Resources Management, issued by a University located in the interior of the state of Rio Grande do Sul. The reflection is developed on the interface of psychoanalysis and education, recognizing that the construction of knowledge depends -in large extent -of the production of effects of subjectivation on the involved with the education process, inside a relation of otherness between teacher and student, which can be possible to build during the class.
O ensaio investiga a ideia hermenêutica de saúde e a noção formativa de tratamento dela resultante. Diagnostica, no primeiro passo, com base em alguns textos do filósofo alemão Hans-Georg Gadamer, a tecnologização crescente das profissões contemporâneas e, especificamente no caso da medicina, o risco de desaparecimento do autotratamento que tal tecnologização provoca. Além da Medicina, também toma brevemente a psicanálise e a pedagogia para exemplificar o risco da profissionalização excessivamente especializada. No segundo passo, busca ancorar duplamente a ideia hermenêutica de saúde: por um lado, na herança da medicina hipocrática que sustenta o ponto de vista de Gadamer e, por outro, na práxis dialógica, considerando-a como núcleo da própria hermenêutica filosófica. Interpreta, ainda no segundo passo, três aspectos constituintes do diálogo gadamereano, vertendo-os para a prática profissional médica. Por fim, debruça-se em mostrar, no terceiro e último passo, que o tratamento médico compreendido hermeneuticamente conduz ao autotratamento, o qual é condição indispensável, embora não suficiente, da cura do paciente. Em síntese, quando o paciente é mobilizado pela práxis dialógica do discernimento médico, possui mais condições de compreender a importância dele mesmo assumir o tratamento como autotratamento.
Ao fechar a última página desta "simples coletânea", como o autor costuma chamá-la, é possível sentir o frescor do campo. É como se, terminada a leitura e fechado livro, de pronto se abrisse uma fresca manhã de setembro, dessas que a nós se oferecem pouco antes da primavera, aqui, no interior do Rio Grande do Sul. Um ar fino dá início ao dia ensolarado e luminoso, a lagoa ainda recoberta por um véu de bruma branca a guardar-lhe o pudor da nudez que se aproxima. Ali, por entre ipês e pinheiros, o filósofo caminha. Ousamos dizer que a diferença no modo de exercer a prática intelectual de Cláudio se dá justamente pelo fato de que ele é um filósofo que caminha, que se desloca e que se move pelos caminhos que lhe tocam andar. Enquanto caminha, transmuta cada passo de sua meditação -quase podemos vê-lo andar ao longe -em uma compreensão profunda do mundo e do lugar que nele tem a educação, entendimento que, generosamente, compartilha com seus alunos e colegas. A prova está nesta "simples coletânea", cujos textos transportam em seu interior um mundo de complexidades que fazem desse livro uma caminhada em meio à natureza, recheada de reflexões rigorosamente fundamentadas. Aqui, a filosofia da educação contemporânea mostra sua musculatura e sua delicadeza, materializando o que nos disse certa vez, numa conversa pessoal, Silvia Bleichmar, de que o primeiro mundo está, mesmo, no interior do terceiro.* Psicólogo, psicanalista, doutor em Psicologia Clínica com concentração em método psicanalítico e formações da cultura pela PUC-SP. Professor titular da Universidade de Passo Fundo, atuando na clínica psicanalítica e no ensino da psicanálise, principalmente nos campos psicanálise, cultura, formação acadêmica em psicologia, psicanálise, clínica, método psicanalítico e intervenções psicanalíticas.
Resumo O ensaio relaciona a noção freudiana da transitoriedade com momentos de elaboração preciosos e fugidios que surgem nas sessões de análise. Assume a tese de que a análise, por esses valiosos instantes de encontro com a verdade, é um exercício de si sobre si mesmo, potencializado pelo kairós, proposto por Foucault n’ A hermenêutica do sujeito. O autor busca na antiguidade greco-romana a noção de inquietude de si, processo ético constitutivo do si mesmo que se dá na relação “entre dois”, mestre e discípulo. Nesse sentido, o encontro analítico é concebido como uma das expressões contemporâneas da inquietude de si foucaultiana. A escuta disponível e atenta, a beleza das criações que, num momento único e efêmero, ali se produzem, é referência para pensar a função do educador e a formação humana.
Este trabalho pretende apoiar-se em conceitos fundamentais da psicanálise para articular memória e ressentimento, tema do qual se ocupou o Grupo de Estudos Institucional Multidisciplinar da Universidade de Passo Fundo – apelidado de “Os ratos” – no ano de 2004. Inicialmente dedicado a estudar o romance “Os ratos”, de Dyonélio Machado, e a construir cruzamentos com o “O homem dos ratos”, de Freud, esse grupo, que reúne psicanálise, literatura e história, debruçou-se sobre o problema da memória e de sua ressignificação. Os pontos de referência adotados foram “O cheiro de coisa viva”, livro de memórias de Dyonélio Machado, e sua novela “O louco do Cati”. No presente texto, propomos que a exigência de escrever e falar, narrar memórias e acontecimentos reais ou fantasiados liga-se ao fato de poder recriar o vivido e transformá-lo, mexer com os rastros deixados na alma, produzindo efeitos de sentido. A memória não se encontra pronta, com lembranças claras e contextualizadas historicamente. Os fragmentos das marcas deixadas pela experiência vivida – cicatrizes, traços e vestígios – são carne viva: retornam e se impõem como urgência que obriga o sujeito a realizar o trabalho psíquico, de falar sobre eles, cercá-los com a palavra e outorgar- lhes significado, tornando-os memória e sentimento.
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