RESUMO: O artigo reconstrói brevemente, em sua primeira parte, a situação de dependência histórica da pedagogia, primeiro em relação à filosofia e, depois, às ciências, para mostrar que um dos resultados de tal dependência é a incorporação, no universo do discurso pedagógico, daquela mesma tendência, presente de modo geral tanto no discurso filosófico como científico, de objetificação do ser humano por meio de sua epistemologização ou eticização. Na segunda parte, recorre ao pensamento heideggeriana de Ser e Tempo e sua crítica à metafísica clássica e à ciência moderna, com o intuito de abalizar um arsenal conceitual produtivo à pedagogia, para que ela possa repensar-se a si mesma. Em que pese todas as dificuldades teóricas intrín-secas ao projeto de extrair desdobramentos pedagógicos desta obra, o conceito de cuidado (Sorge) como tríplice dimensão articulada estruturalmente constitui o fio condutor deste arsenal.Palavras-chave: Pedagogia. Filosofia. Ciência. Ação pedagógica. Ser-aí e cuidado. CARE AS A REGULATING CONCEPT OF A NEW RELATIONSHIP BETWEEN PHILOSOPHY AND PEDAGOGYABSTRACT: The first part of this paper briefly rebuilds the situation of historical dependency of pedagogy: first on philosophy and later on science. It thus shows that one of the results of such a dependency has been to incorporate in the pedagogical speech universe the same trend, generally present in both the philosophical and * Uma versão resumida deste ensaio, com o título "Racionalidade e formação", foi apresentada no II Seminário Internacional sobre Filosofia e Educação: Racionalidade e Tolerância, realizado em outubro de 2005 na Universidade de Passo Fundo (RS).
Parte significativa do debate filosófico e pedagógico contemporâneo considera a teoria do reconhecimento como postura intelectual promissora para tratar de problemas filosóficos e educacionais. Nesse sentido, não se pode pensar uma ordem social justa sem o processo educacional formativo do ser humano amparado por estruturas sociais e institucionais de reconhecimento. O filósofo social frankfurtiano Axel Honneth tem se destacado, na atualidade, por apresentar uma teoria do reconhecimento com forte inspiração hegeliana. Contudo, em trabalho recente, intitulado Untiefen der Anerkennung (Profundezas do reconhecimento), publicado na Alemanha em 2012, inspirando-se em Frederick Neuhouser, considera Rousseau, e não mais Hegel, o pioneiro fundador da teoria do reconhecimento. O presente ensaio, contrapondo-se criticamente à interpretação de Honneth, possui duplo propósito: por um lado, mostrar que, se Honneth considera acertadamente Rousseau como teórico do reconhecimento, também deveria tomá-lo como pioneiro da noção de liberdade social; por outro, justificar que a profunda imbricação existente no pensamento do filósofo genebrino entre teoria do reconhecimento e educação do amor próprio só se deixa esclarecer com base em uma teoria da formação virtuosa da vontade. De outra parte, ao argumentar a favor da formação virtuosa da vontade como forma de evitar a extensão do amor próprio pervertido, Rousseau, além de tocar em um problema de fundo da condição social humana, também lança as bases para uma avaliação crítica do cenário pedagógico contemporâneo, o qual reduz perigosamente questões educacionais amplas e complexas simplesmente a problemas de aprendizagem. Palavras-chaveAmor próprio -Reconhecimento -Formação -VontadeVirtude.
P a l a b r a s c l a v e : perfección, creatividad, versatilidad de interés, clases de educación, plasticidad. Condição humana e educabilidade: um problema nuclear das teorias educacionais clássicas p. 2 de 20 Rev. Bras. Hist. Educ., 18(48), e013 2018 1 Abreviatura da obra Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (Rousseau, 1978).
ResumoO artigo procura mostrar a existência de uma filosofia social no Segundo discurso de Rousseau, tomando a aspiração humana por reconhecimento como seu núcleo constitutivo. A investigação sobre a origem da desigualdade conduz o genebrino à interrogação acerca do próprio homem, descobrindo a liberdade e a perfectibilidade como forças (faculdades) originárias de sua sociabilidade. Pela liberdade o homem chega à consciência de sua espiritualidade, ou seja, torna-se apto a ir além do mecanicismo causal imposto pela natureza, construindo o universo linguístico, simbólico e cultural. Pela perfectibilidade, o homem adquire a capacidade de tornar-se cada vez melhor e apto não só para lutar pela sua sobrevivência imediata, como também para aspirar ser reconhecido pelos demais. Em síntese, liberdade e perfectibilidade abrem-lhe as portas para a sociabilidade e permitem-lhe ingressar no universo cultural. Contudo, simultâneo ao processo de tornar-se um ser livre e capaz de se aperfeiçoar, o homem desenvolve a capacidade de sair fora de si mesmo, sentindo a necessidade da comparação permanente com os demais. Isso marca, do ponto de vista da constituição humana, a passagem do amor de si para o amor-próprio: enquanto o primeiro é representativo do estado natural e está baseado na piedade, o segundo caracteriza o homem civil e está marcado pela propensão do homem de querer ocupar uma posição superior em relação aos demais. Se tal propensão se tornar incontrolável, ela pode conduzir à destruição da sociabilidade. Daí a necessidade de sua regulação jurídica e política, acompanhada, previamente, por um processo de formação pedagógica e moral. Isso justifica então a necessidade de educação permanente do amor-próprio. Palavras-chaveReconhecimento -Educação -Amor-próprio -Educação natural.
RESUMO:O ensaio busca justificar a intersubjetividade do grupo como formação humana solidária e cooperativa. Aborda o reconhecimento como força motriz de formação do grupo, deixando claro que é por meio do reconhecimento alcançado no grupo social que o ser humano confirma valores centrais à formação de sua individualidade, como autoconfiança, autorrespeito e autoestima. Na sequência, volta-se para os traços da idealização metódica de grupo delineada por Axel Honneth com base na noção de objeto transicional de Donald Winnicott. Por fim, faz um ingresso pontual em um pequeno texto de Piaget, escrito ainda na metade dos anos trinta do século passado. Por ver no grupo a força motriz do desenvolvimento da condição natural de cooperação e ajuda recíproca da criança, Piaget antecipa uma ideia importante da teoria honnethiana do reconhecimento.Palavras-chave: Formação humana; Formas de reconhecimento; Objeto transicional; Intersubjetividade de grupo. Ways of recognition and group intersubjective powerABSTRACT: This essay seeks to justify the group inter-subjectivity as humane solidary and cooperative shaping. It approaches recognition as a driving force of group formation, making clear that it is by means of recognition reached in the social group that the human being confirms central values for the shaping of his/her individuality, such as self-confidence, self-respect and self-esteem. Next, it turns to the traits of group methodical idealization outlined by Axel Honneth based on the notion of Donald Winnicott's transitional object. In the end, it ingresses punctually into a small text of Piaget, which was written in the thirties of last century. For seeing in the group the driving force of the development of the natural condition of cooperation and reciprocal help of the child, Piaget anticipates an important idea of Honnet's theory of recognition.
Resumo O ensaio trata da obra Pedagogia geral, publicada pelo pedagogo alemão Johann Friedrich Herbart, em 1806. Embora tenha influenciado autores como John Dewey e Jean Piaget, Herbart é tomado até hoje como defensor da pedagogia tradicional, focada nos conteúdos e no papel diretivo autoritário do educador. Visando a desmistificar essa ideia, o ensaio expõe brevemente a arquitetônica da Pedagogia geral, extraindo dela a noção de pedagogia como campo independente de estudos, que investiga a ação pedagógica triplamente constituída, como ação de governo, ensino e disciplina. Ao justificar a pedagogia como campo independente de estudos, Herbart busca distanciá-la tanto da metafísica como da ciência experimental da época. O trabalho reconstrói, na sequência, a crítica de Herbart às duas formas de autoritarismo pedagógico próprias ao governo das crianças, amplamente exercidas em sua época: o castigo físico e a educação livresca. Como defensor do autogoverno pedagógico, ele não pôde, obviamente, aceitar em sua ideia de pedagogia geral qualquer forma de prática educativa que cerceie a liberdade humana. Por fim, a conclusão do ensaio apresenta a atualidade do pensamento de Herbart em relação a três aspectos: autogoverno pedagógico, estatuto da pedagogia e papel do educador (professor) como diretor intelectual. Não se trata aqui de querer transpor simplesmente os ideais pedagógicos desse autor do século XIX para o momento presente, mas sim de buscar nele inspiração conceitual para entender a atualidade em que vivemos e a nós mesmos, enquanto sujeitos que compreendemos tal atualidade.
RESUMO O ensaio debruça-se sobre as teorias da democracia de John Dewey, buscando retomar seu inerente aspecto formativo. Recorre, na primeira parte, à interpretação de Richard Bernstein, focando no vínculo que estabelece entre democracia e comunidade. Na segunda parte, inspirando-se no trabalho de Axel Honneth, problematiza a noção de comunidade proposta por Bernstein, reformulando com isso a teoria deweyana da democracia. Embora haja diferenças notáveis entre elas, destaca-se a noção de comunidade como seu núcleo estruturante. Por fim, na terceira parte, procura justificar em que termos o vínculo estreito entre democracia e comunidade depende da ideia de educação alicerçada na plasticidade da condição humana. Ou seja, mostra que o argumento epistemológico que sustenta a noção de comunidade científica de pesquisadores participantes precisa ser complementado pelo argumento antropológico-cultural que oferece a base para a noção de democracia como forma de vida.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.