Itinerários terapêuticos de sujeitos com sintomas anoréxicos e bulímicos
Investiga-se o manejo das dimensões do coletivo e do singular no âmbito de serviços de saúde orientados, ou, senão, tensionados pela psicanálise. A discussão teórica é sustentada pela descrição de um serviço público voltado para a atenção a sujeitos com diagnóstico de bulimia e/ou anorexia, cuja orientação clínica é dada pela construção dos casos, em equipe interdisciplinar. Os dados foram obtidos através de consultas a documentos do serviço e por meio da observação e participação direta em suas atividades clínicas. Evidencia-se o privilégio dado nesse serviço à singularidade na clínica como forma de tratamento das particularidades do coletivo em questão.
resumo: O artigo fundamenta a noção de construção do caso em psicanálise como meio de pesquisa e de trabalho em equipe interdisciplinar, tomando como referência as contribuições de Freud, em 1937, e as do psiquiatra italiano Carlo Viganò. Propõe uma aproximação do inanalisável e da verdade histórica freudianos com o Real que se depura de um caso clínico por meio de sua construção. Formaliza os momentos essenciais no processo da construção do caso como metodologia de trabalho, evidenciando a possibilidade de transmissão ao final do processo. palavras-chave: Construção do caso, metodologia, transmissão.
Resumo As pessoas LGBT se deparam com dificuldades e barreiras que prejudicam o acesso aos serviços de saúde. A falta de preparo e de sensibilidade dos profissionais, nesse contexto, são alguns dos elementos que reiteram as iniquidades em saúde e a vulnerabilidade desses corpos. Para conhecer esse fenômeno, entrevistamos 15 trabalhadores da Atenção Primária à Saúde e analisamos suas falas seguindo a perspectiva da análise do discurso foucaultiana. Os resultados evidenciaram que, apesar de os profissionais conhecerem a temática, eles usam estratégias discursivas que velam seus preconceitos e resistências, dificultando o reconhecimento das possibilidades de agência na transformação dessa realidade. A mobilização de categorias relativas às identidades e aos direitos sexuais em seus discursos indica deslocamentos no regime de sexualidade contemporâneo que devem ser considerados em intervenções de educação em saúde. A implicação de cada um na materialização das diferenças que marcam o campo sexual se demonstrou, nesse sentido, fundamental para discussão de formas de cuidado que sejam verdadeiramente acolhedoras e que não reforcem as desigualdades dos corpos que desafiam o binarismo e a heteronormatividade social.
Artigo submetido em 09.07.03, aceito em 07.01.04. Resumo Objetivo: Apresentar as principais características clínicas e bioquímicas da lipodistrofia generalizada congênita, desordem rara e pouco conhecida dos pediatras. Descrição: Nos ambulatórios de Doenças Nutricionais e de Endocrinologia do Serviço de Pediatria do Hospital das Clínicas da UFMG, foram identificados oito pacientes com lipodistrofia generalizada congênita. As características clínicas comuns a todos os casos foram hipertrofia muscular, lipoatrofia generalizada e aparência acromegálica. Manifestações clínico-laboratoriais associadas incluíram acantose nigricans em cinco pacientes, hepatoesplenomegalia em seis, hipertrigliceridemia com baixas concentrações de HDL em sete, hipertrofia cardíaca em um e diabetes melito secundário em dois pacientes. Todos os pacientes estão em controle clínico e dietético, visando à correção ou prevenção dos distúrbios metabólicos. Comentários: As características fenotípicas da lipodistrofia generalizada congênita são bem identificadas, possibilitando o diagnóstico clínico na maioria dos casos. Trata-se de uma síndrome rara que ilustra a importância do funcionamento normal do tecido adiposo para a maioria dos processos metabólicos vitais do organismo. O seu melhor conhecimento poderá abrir novos horizontes em estudos de doenças mais prevalentes como o diabetes melito e a obesidade.
Artigo submetido em 09.07.03, aceito em 07.01.04. ResumoObjetivo: Apresentar as principais características clínicas e bioquí-micas da lipodistrofia generalizada congênita, desordem rara e pouco conhecida dos pediatras.Descrição: Nos ambulatórios de Doenças Nutricionais e de Endocrinologia do Serviço de Pediatria do Hospital das Clínicas da UFMG, foram identificados oito pacientes com lipodistrofia generalizada congênita. As características clínicas comuns a todos os casos foram hipertrofia muscular, lipoatrofia generalizada e aparência acromegáli-ca. Manifestações clínico-laboratoriais associadas incluíram acantose nigricans em cinco pacientes, hepatoesplenomegalia em seis, hipertrigliceridemia com baixas concentrações de HDL em sete, hipertrofia cardíaca em um e diabetes melito secundário em dois pacientes. Todos os pacientes estão em controle clínico e dietético, visando à correção ou prevenção dos distúrbios metabólicos.Comentários: As características fenotípicas da lipodistrofia generalizada congênita são bem identificadas, possibilitando o diagnóstico clínico na maioria dos casos. Trata-se de uma síndrome rara que ilustra a importância do funcionamento normal do tecido adiposo para a maioria dos processos metabólicos vitais do organismo. O seu melhor conhecimento poderá abrir novos horizontes em estudos de doenças mais prevalentes como o diabetes melito e a obesidade. RELATO DE CASO IntroduçãoA lipodistrofia generalizada é uma desordem do metabolismo dos lípides e carboidratos caracterizada clinicamente por graus variáveis de redução de gordura nos tecidos adiposos. As células adiposas são escassas e apresentam volume reduzido devido à sua incapacidade de armazenamento de lípides. Atualmente, classifica-se a lipodistrofia como parcial ou total (generalizada) e congê-nita ou adquirida 1-3 .A forma congênita generalizada (lipodistrofia generalizada congênita), descrita pela primeira vez em 1954, no Brasil, pelo professor Berardinelli, e revista por Seip em 1959, consagrou-se como síndrome de Berardinelli-Seip 4 . É entidade rara, estimando-se prevalência inferior a um caso para 12 milhões de pessoas 5 , transmitida por herança autossômica recessiva e que afeta todos os grupos étnicos. Segundo Garg 5 , em todo o mundo foram descritos 120 casos. Clinicamente, a doença caracteriza-se por redução do tecido adiposo, especialmente da gordura subcutânea, hipertrofia muscular, extremidades alongadas (pés, mãos, mandíbula), aparência acromegálica, crescimento acelerado, cardiomiopatia hipertrófica e hepatoesplenomegalia. Exames complementares evidenciam idade óssea avança-da, provas de função hepática alterada (aumento das aminotransferases), dislipidemia (elevação de triglicérides, redução do HDL, podendo haver elevação do colesterol total AbstractObjective: To present the major clinical and biochemical characteristics of congenital generalized lipodystrophy.
o próprio sexo e por um sentimento de inadequação no papel social deste sexo. Trata-se de uma condição que causa um sofrimento psicológico clinicamente significativo e prejuízos no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida de um indivíduo 1 . Desde a última metade do século XX, os avanços científicos têm favorecido o estudo deste transtorno, a maior aceitação social e a possibilidade de um tratamento integral orientado a redesignação sexual. Apesar disso, continua sendo pouco conhecido pela maior parte da sociedade, incluindo os profissionais da saúde mental.Para realizar o diagnóstico, é preciso diferenciar os termos identidade de gênero e orientação sexual. A identidade de gênero refere-se à consciência de um indivíduo de ser homem ou mulher. A orientação sexual relaciona-se com a atração erótica, podendo ser homossexual, heterossexual, bissexual ou assexual. Os transexuais podem apresentar qualquer uma destas orientações 1 . Recentemente, atendemos na Unidade de Gênero do Hospital Clinic de Barcelona (UIG) um paciente de 51 anos que há três anos recebeu o diagnóstico de TIG homem-mulher. Desde pequeno gostava de brincadeiras femininas e, inclusive, sua mãe o tratava como menina. Devido à forte repressão do pai, acabou restringindo suas tendências femininas. Aos 14 anos, começou a namorar uma menina. Logo no início confessou que se sentia como uma mulher e ela entendeu e o apoiou. Aos 23 anos se casaram. Em casa, o paciente se vestia como mulher e as relações sexuais com penetração eram esporádicas e desagradáveis para ele, acontecendo apenas para agradar sua esposa. Aos 32 anos tiveram uma filha. Desde a juventude ocupa um cargo administrativo no serviço público e manteve papel social masculino devido ao desconhecimento, rechaço social e falta de serviços assistenciais na época. Aos 48 anos, época em que a UIG foi fundada, procurou o serviço. Iniciou o teste da vida real 1 e, posteriormente, o tratamento hormonal, assumindo progressivamente o papel social feminino. Depois de dois anos, foi submetido à vaginoplastia. Atualmente, encontra-se muito satisfeita com a resignação. Tem boa aceitação social, laboral, familiar e mantém a relação matrimonial. A esposa afirma que sua orientação sexual é por homens, que não se considera lésbica, e que mantém seu casamento por uma questão afetiva. O paciente refere que sua orientação sexual é e sempre foi por mulheres.A orientação sexual para o sexo biológico contrário ou bissexual não é um critério de exclusão para o diagnóstico do TIG. Na população espanhola, apenas uma minoria dos transexuais homem-mulher apresentam uma orientação sexual por mulheres (4,4%) ou bissexual (4,4%), porcentagem similar às das brasileira e asiática (0 a 4%) e menores que as européias e americanas (33% a 91%) [2][3][4] . No grupo de mulher-homem, a porcentagem que apresenta uma orientação sexual por homem é praticamente nula (0%) e a de bissexuais, baixa (2,8%), coincidindo com as outras 2 . Conclui-se que, apesar da orientação sexual para o sexo biológico oposto...
Resumo Este ensaio pretende refletir sobre como a sexualidade tem sido circunscrita por alguns campos do conhecimento, sobretudo aqueles ligados à medicina, e como isso nos afeta no contexto social atual. Partindo do pressuposto de que estamos imersos em uma rede de dispositivos que se constituem como condição de nossa própria existência, examinamos especialmente as experiências relacionadas aos gêneros e às sexualidades que escapam do enquadramento normativo habitual, buscando localizar suas dimensões políticas a partir de alguns elementos extraídos das elaborações do psicanalista Jacques Lacan e dos filósofos Judith Butler e Giorgio Agamben. Pretende-se manter no horizonte a pergunta relacionada aos modos de resistência e invenções que podemos produzir estando dentro dessa rede. Adentramos na temática revisitando algumas noções incorporadas ao campo médico - sobretudo ao da psiquiatria - para, em seguida, nos debruçarmos, mais especificamente, sobre algumas experiências trans que têm ocupado espaço nos meios de comunicação de massa e redes sociais. Esses relatos, ao revelar algo que escapa a qualquer tentativa de normatização, subsidiarão propostas de formas do político, tendo como foco as singularidades com o objetivo de provocar reflexões que possam (re)orientar as nossas práticas no cotidiano.
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