Na primeira parte do artigo apresento contribuições de autores de diversas áreas no que se refere às relações de gênero em sala de aula, entre crianças e adolescentes. Na segunda parte, apresento resultados parciais da pesquisa de campo de minha dissertação de Mestrado, realizada numa escola pública da cidade de Campinas, Estado de São Paulo, analisando temas como a relação das crianças com as diferenças de classe, raça, gênero e outros marcadores sociais, as hierarquias de poder na sala de aula e as concepções infantis sobre heteronormatividade.
RESUMO O trabalho teve como objetivo discutir os efeitos da pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus (2019-nCoV), às condições de trabalho e de saúde das mulheres, com foco nas dinâmicas de gênero. A reflexão proposta partiu da literatura sobre saúde das mulheres e epidemias, valendo-se dos dados sobre a condição das mulheres durante a pandemia da Covid-19, no ano de 2020, sobretudo no Brasil, mas também em demais países com diferentes características socioeconômicas. A análise expôs três aspectos centrais em que a pandemia da Covid-19 afeta a saúde das mulheres, a saber: a exposição das profissionais do cuidado, trabalhadoras da saúde e domésticas; os direitos reprodutivos; e a violência doméstica. O trabalho contribuiu para a compreensão dos modos como epidemias podem expor acentua- damente a saúde das mulheres, seja nas precárias condições de trabalho, na ameaça de suspensão de seus direitos na atenção à saúde ou no aumento da violência no contexto de isolamento social.
A violência identificada nas relações entre mulheres lésbicas na região de Campinas (SP), durante minha pesquisa de campo do doutorado, se constituiu como um desafio analítico, por tratar-se de um tema delicado dentro de uma prática ainda estigmatizada, que é a homossexualidade. A pesquisa revelou que a violência no campo do gênero não se dá apenas contra as mulheres, mas também entre mulheres lésbicas. A mãe que também é lésbica vive num interstício entre a parentalidade e a homossexualidade, numa fronteira marginal que não lhe oferece integralmente todos os direitos da maternidade nem os da homossexualidade. A ambiguidade entre a maternidade e a orientação homossexual está sempre em questão, e é essa ambiguidade o alvo da violência, a qual ganha concretude no corpo da mulher que vive nesse interstício. Portanto, trata-se de perceber as partes conflitivas que compõem as vidas dessas mulheres.
Resumo Neste artigo, propomo-nos a pensar a partir da noção de uma rede sociotécnica na qual hormônios e outras técnicas se articulam afetando e efetuando os corpos transmasculinos, coproduzindo movimentos e realidades vividas para além do que a Medicina define e entende sobre esses corpos. Vivendo (n)as controvérsias do sistema de saúde, as pessoas trans materializam corpos que não integralmente reconhecidos em sua plenitude humana, política e social.
Resumo: No presente estudo, visamos lançar um olhar antropológico sobre o “ser mãe” do outro lado dos muros das prisões, o lado das visitantes, ou seja, das mulheres cujos filhos estão presos. As percepções e reflexões apresentadas são provenientes de uma pesquisa etnográfica sobre mães de jovens envolvidos com a “criminalidade”, realizada na cidade de Porto Velho-RO, entre os anos de 2014 e 2016. O estudo parte da problematização do estigma de “criminoso” atribuído ao filho e que passa a ser associado à identidade materna, evidenciando uma dupla pressão exercida sobre as ideias de cuidado de mãe: culpa e responsabilização tanto pelos atos, como pelo acompanhamento do filho encarcerado. Essa situação, comum com outras mães, favorece a formação de uma rede de cuidados, concomitante à experiência de se submeter aos procedimentos de segurança, marcada por questões de gênero, estigma e violência.
Considerando que a dicotomia online/offline não é capaz de contemplar as articulações e experiências de gênero e sexualidade em rede, uma vez que as fronteiras entre material/virtual podem se mesclar e repercutir entre si, este artigo discute o fazer etnográfico a partir da revisão de pesquisas de gênero e sexualidade em diálogo com a Antropologia da Ciência e da Tecnologia. O objetivo central deste artigo é refletir sobre as possibilidades etnográficas que vem sendo empregadas a partir do debate das redes de produção de ciências, tecnologias e saberes que propiciam a produção de gêneros e sexualidades e, portanto, de novos corpos e sujeitos. No intuito de mapear o que vem sendo discutido mais recentemente no cenário nacional, essa pesquisa teve foco nos anais de dois grandes eventos brasileiros (ReACT e RBA). Mais de 50 trabalhos foram identificados e analisados. Temas como hormonização e transsexualidade, experiências de maternidade, ciberfeminismos e ativismo nas redes, experiências relacionadas ao HIV, entre outros, foram bastante frequentes, e algumas abordagens etnográficas também foram identificadas. Assim, buscamos refletir sobre os desafios e caminhos possíveis para o fazer etnográfico cada vez mais tecnologicamente situado.
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