Significados e práticas associados ao risco de contrair HIV nos roteiros sexuais de mulheres de um bairro popular de Salvador, Bahia, Brasil

Abstract

Um crescente número de estudos tem conectado sexualidade, gênero e poder para discutir a crescente disseminação do HIV entre mulheres. Apesar dos esforços realizados, ainda são significativos os desafios teóricos e programáticos que a epidemia impõe. O objetivo deste trabalho é investigar como códigos culturais que sancionam a experiência sexual se manifestam na subjetividade de mulheres e orientam suas interpretações e práticas relativas ao risco de infecção pelo HIV. A partir de uma amostra de 15 mulheres com idades entre 18 e 30 anos, com quem foram realizadas entrevistas em profundidade, foram reconstituídas três histórias de vida, que focalizavam seus roteiros sexuais. Os dados foram organizados pelo programa Nud-Ist e submetidos à análise de base hermenêutica. É possível notar que os significados e práticas associados ao risco de contrair o HIV variam a depender do momento de vida, da rede de sociabilidade e do tipo de vínculo que é estabelecido com o parceiro. Os achados apontam para a necessidade de compreender os significados sexuais partilhados em contextos específicos, a fim de que se possa elaborar programas de prevenção culturalmente mais sensíveis.

Sexual Diversity and Vulnerability to AIDS: the Role of Sexual Identity and Gender in the Perception of Risk by Young People (Rio de Janeiro, Brazil)

“…In terms of women's higher level of STD/AIDS vulnerability, other analyses in different Brazilian contexts show that the adoption of safer sex behavior among heterosexual groups is influenced by social representation of gender roles, socioeconomic condition, and the association of AIDS with homosexuality and promiscuity(Hebling & Guimarães 2004;Amorim & Andrade 2006;Santos & Iriart 2007).18 The rhetoric about lack of sexual control as a primarily male quality is found in many western ideologies, set in stark contrast to the higher levels of control that women supposedly have(Lutz & Abu-Lughod 1990). Taking into account the implications of these representations, with often violent domination involving men and women, it is necessary to encourage more debate about the subject in society, with the aim of modifying concepts, posture, and values centered on masculine hyper-virility.16 Regarding HIV transmission among WSW, the literature indicates as risk factors unprotected heterosexual relationships, blood transfusions, intravenous drug use, artificial insemination, and work-related accidents(Fishman & Anderson, 2003;Pinto et al 2005; Centers for Disease Control of Atlanta [CDC] 2006).…”

“Mas não tive coragem de contar”: a revelação da condição sorológica na experiência amorosa de pessoas que vivem com HIV

“…On the other hand, the investigations into sexual practices (such as barebacking 2 ), the use of applications to search for partners, and other forms of sexual scripts proved the subjects' actions when faced with the risk notion created by the epidemiology and their sexual controlling apparatus2 3 (Santos, Iriart, 2007;Iriart, 2010;Hull et al, 2016). As it can be seen, this literature relates to other fields of knowledge (epidemiology, public health, psychology, medicine) in order to understand how the social, economic, cultural and subjective determinants of this epidemic operated.…”

Iniquidades de gênero: mulheres com HIV/Aids em situação de violência

“…A socialização de gênero mascara a hierarquia entre os sexos e a dominação masculina, para os quais as mulheres devem serviços e obediência de acordo com o contrato sexual do casamento. Este contrato pressupõe que no contexto conjugal o sexo é um direito dos maridos e uma obrigação feminina (SANTOS; IRIART, 2007;COYLE et al, 2011;PATEMAN, 1996;SAGOT, 1995).…”