Abordam-se dois enfoques sobre o uso de esteroides anabólicos androgênicos (EAA): o primeiro encontra-se na literatura biomédica, centrada em seus efeitos na saúde de homens jovens; o segundo refere-se aos próprios usuários, focalizando os aspectos socioculturais do consumo. Foi utilizada metodologia qualitativa a partir da análise de dois tipos de material: (i) artigos da área biomédica; (ii) material de pesquisas realizadas entre 2001 e 2004, incluindo etnografia e entrevistas semiestruturadas com 19 homens praticantes de jiu-jítsu no Rio de Janeiro. Os resultados indicam um descompasso entre o enfoque biomédico, que condena o uso considerado não terapêutico de EAA e as representações e práticas dos usuários que recorrem a essas substâncias com o objetivo de aprimoramento da força e da musculosidade. Conclui-se que a relação entre o consumo de substâncias anabolizantes e a construção social da masculinidade precisa ser mais estudada no âmbito da saúde pública.
This article explores the social representations of youngsters from favelas in Rio de Janeiro on police practices in the context of the implementation of 'Pacifying Police Units'. Drawing from fieldwork, participant observation and interviews, the authors analyse the narratives and practices which influence relations between young people and the police in the Complexo do Alemão area of the city. The interviewees expressed a demand for further public security and social services. Young people noted some progress in police practices, although these changes appear to be unstable. The permanence of violent practices and prejudice by the police was verified in youngsters' narratives. 2 Any change in this scenario should be based on the replacement of the war logic of 'pacification' for another logic, that of participation.
This paper analyzes the perceptions of risk for HIV transmission and the formation of sexual identities and gender of young men and women of different sexual orientations and color/race. The study is based on ethnographic observation in a variety of nocturnal social environments in Rio de Janeiro and interviews with young people within this context. The findings show that our informants have assimilated preventive information regarding HIV, but have difficulties in adopting consistent condom use. There are variations in HIV risk perception associated with sexual identities and gender: gay men see themselves and are perceived by others as the most vulnerable group. Among youth who claim heterosexual practices, susceptibility to HIV is associated with "others". Lesbians see themselves as not being at risk for AIDS. It can be concluded that sexual identities and gender influence the perception of AIDS risk. However, being social, sexual identities are contextual and can vary over the course of a person's life. Our results underscore the importance of the current debate regarding the implications of fixing identity labels to social and political movements.
ResumoEste trabalho discute as dinâmicas de discriminação entre moças e rapazes das camadas populares do Rio de Janeiro, considerando o papel que as hierarquias de cor/raça, gênero e classe social desempenham na configuração das práticas sociais. A análise tem por base entrevistas em profundidade com 42 jovens, de 18 a 24 anos. As situações de discriminação são referidas com maior frequência pelos rapazes. Entre os homens tais experiências estão associadas principalmente aos espaços públicos e ao mercado de trabalho, enquanto entre as mulheres a discriminação está mais vinculada aos espaços privados e ao local de moradia. Os dados estimulam uma discussão sobre a heterogeneidade das experiências de discriminação, na qual a cor/raça está associada às condições sociais e às relações de gênero.
Palavras
Partindo do trabalho etnográfico e entrevistas grupais com jovens de duas favelas cariocas, o artigo problematiza a categoria envolvido-com (retirada da linguagem cotidiana) o crime e suas serventias, como um dispositivo de controle social itinerante que fabrica fronteiras móveis que desigualam os desiguais. Isso evidencia como essa noção tem sido mobilizada na distribuição seletiva de vigilância e de punição das juventudes da periferia. Discutem-se suas funcionalidades na regulação das trajetórias e percursos identitários, evidenciando a trama de rotulações que põe em operação deslizamentos de sentido entre as noções de “bandido” e “vulnerável”. Analisa-se o acionamento de moralidades que justificam a gerência de si dos favelados. Revela uma ambição de tutela policial maximizada pelo apetite de criminalização não só dos indivíduos, mas também de seus vínculos sociais.
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