Esta pesquisa qualitativa objetivou compreender as relações entre acesso a serviços de saúde e experiências de sofrimento social entre pessoas trans. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas com cinco interlocutores e observações participantes. Os dados foram analisados por meio da codificação temática, originando duas categorias: “A negação do nome” e “Acesso à saúde e transfobia institucionalizada no Sistema Único de Saúde (SUS)”. As narrativas das/os interlocutores permitiram localizar tais relações na sociogênese de experiências de sofrimento social. A negação do nome implica negação da humanidade da pessoa trans, bem como patologização de sua identidade e prejuízos no acesso à saúde, colocando a automedicação como uma possibilidade de agência. Concluiu-se que a transfobia institucionalizada no setor de saúde reproduz a precarização da cidadania de pessoas trans, destacando quanto a ação estatal com vistas a mitigar o sofrimento social pode, por vezes, intensificá-lo.
RESUMOO objetivo deste artigo é refletir sobre a relação entre cuidado e cultura para construir uma perspectiva da enfermagem como ciência humana centrada no cuidado. Trata-se de análise teórica, de caráter reflexivo, sobre os conceitos de cuidado e cultura e suas implicações ontológicas e epistemológicas para a enfermagem. Parte-se da definição de cuidado e da discussão de suas dimensões nos marcos da Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural de Madeleine Leininger, da Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson e do conceito antropológico de cultura. Em seguida, a enfermagem é apresentada como uma ciência humana dada a natureza do seu objeto central: o cuidado. Concluiu-se que é necessário defender uma perspectiva da enfermagem como ciência humana dada a natureza do seu domínio central e unificador: o cuidado. Palavras-chave: Enfermagem; Filosofia em Enfermagem; Domínios Científicos; Cultura. ABSTR ACT
No contexto brasileiro de transição epidemiológica, a educação em saúde tem sido uma ferramenta na luta pela promoção de estilos de vida "saudáveis" e adesão ao tratamento. Dentre essas doenças destaca-se o diabetes mellitus, considerado um problema de saúde pública. O objetivo deste estudo é analisar o discurso oficial sobre educação em saúde para diabetes mellitus, na primeira década dos anos 2000, no Brasil, fundamentado nos conceitos de biopolítica e práticas discursivas de Michel Foucault. Foi feita a revisão bibliográfica de dois documentos publicados pelo Ministério da Saúde brasileiro relacionados ao tema em estudo: "Manual de hipertensão arterial e diabetes mellitus", de 2002; e o "Caderno de atenção básica, número 16, diabetes mellitus", de 2006. Essas publicações têm orientado as práticas dos profissionais de saúde nos últimos dez anos. A localização e obtenção das fontes foram realizadas no site da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, em dezembro de 2010. São discutidas as características gerais dos discursos oficiais; os objetivos das ações educativas para pacientes diabéticos; as temáticas abordadas nessas ações; o imperativo técnico e moral que rege o incentivo à realização das práticas educativas; e os parâmetros para avaliação e acompanhamento dos adoecidos. Em seguida, expõe-se a configuração do campo de lutas e resistências no interior da educação em saúde para essa população. A análise do discurso oficial possibilitou a compreensão crítica e a produção de questionamento sobre a complexa rede de relações dos objetos postos em discurso nas práticas educativas em saúde para pacientes diabéticos no Brasil.
<p>Objetivo: refletir sobre o emprego da educação a distância na graduação em enfermagem no Brasil no cenário da pandemia da COVID-19. Método: ensaio crítico por meio de reflexões ancoradas na literatura acerca da utilização da educação a distância na formação de enfermeiros(as) e dos circunscritores decorrentes da pandemia. Resultados: as discussões sobre o emprego da educação a distância na formação em enfermagem no Brasil respondem a diferentes interesses educacionais, profissionais, políticos e econômicos. No contexto da pandemia de COVID-19, a partir de 2020, tais debates têm sido potencializados em função do emprego de metodologias da educação a distância na continuidade de muitos cursos de formação, outrora exclusivamente presenciais. Conclusão: não obstante as metodologias próprias da educação a distância permitirem, em um primeiro momento, a continuidade dos processos formativos em enfermagem, reafirma-se que o ensino-aprendizagem para o cuidado em saúde demanda proximidade e contato.</p><p>Descritores: Educação a Distância. Educação em Enfermagem. Infecções por Coronavírus.</p>
As recentes pesquisas socioantropológicas têm apontado o papel das redes sociais na internet na experiência de pessoas que vivem com adoecimentos de longa duração. Por 11 meses realizamos uma etnografia virtual entre pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA) membros de um grupo virtual secreto no Facebook. Buscamos compreender as práticas de socialidade existentes entre os membros do grupo investigado nessa rede social. Por meio da observação e da análise das postagens e comentários, evidenciamos as práticas de acolhimento e ajuda mútua entre os membros do grupo. Discutimos, ainda, o caráter seletivo dessas práticas, uma vez que eram mediadas por julgamentos morais e pudores, próprios do pânico sexual e/ou moral que marcou o início da epidemia, o que desvelou continuidades entre mundo on-line e off-line.
A proposta deste artigo é relatar criticamente a experiência institucional e curricular de implantação do curso de Medicina da Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Este relato se coloca como forma de documentar, monitorar e refletir sobre o desenvolvimento das ações de expansão de vagas e criação de novos cursos de Medicina em universidades federais, no âmbito do Programa Mais Médicos. Para tanto, foram descritas de maneira crítica as ações de ensino, pesquisa e extensão já desenvolvidas, além de apresentar uma visão geral do curso e da integração ensino-serviço-comunidade, destacando os êxitos logrados e os desafios no desenvolvimento das ações de ensino, pesquisa e extensão. Por fim, são apresentadas as dificuldades inerentes à implantação de novos cursos fora dos centros urbanos no Brasil.
Innovative teaching-learning process proposals for medical courses have been developed for generalist, humanistic, critical professional education. Beginning with approval of the More Doctors Program, new schools were created, adopting active teaching methodologies and promoting further community-service-teaching integration. This paper is an experience report on the development of the Integrated Experience in the Community module in the medical course at the Medical Sciences Multi-campuses College of Rio Grande do Norte, which provides students with longitudinal insertion opportunities in the healthcare system of the hinterland towns of the Northeast region. This proposed module has been promoting further integration between the university managers, and healthcare workers. The goal of this module is to contribute to securing physicians for in the region and strengthening the healthcare system in the Brazilian hinterland. IntroductionIn accordance with the Federal Constitution of 1988 1 , and the creation of the Brazilian National Health System (SUS) in 1990, Brazil has been undergoing a series of changes in an attempt to rearrange health professional education. Since then, the Brazilian government has facing ongoing challenges in trying to redraft the health care model based on the principles of primary health care (PHC) and the implementation of generalist-oriented educational programs, using PHC as the structuring axis for professional practice 2 . This paper presents the longitudinal insertion experience of medical students in the SUS in the interior of Rio Grande do Norte (RN), which has been added to the set of medical education measures currently underway in the country. The objective was to report the experience with pedagogical planning; agreement with the healthcare network of the cities involved; and the ramifications of the Integrated Experience in the Community (VIC) module, offered from the 2 nd to 8 th semesters of the medical course at the Medical Sciences Multi-campuses College at Federal University of Rio Grande do Norte (EMCM/RN).Although PHC has guided the formulation of health policies in Brazil since the 1990s, only in 2006 did it became a State policy with the publication of the National Primary Health Care Policy (PNAB), which was redrafted in 2011 3 . Among the challenges to the consolidation of PHC in the country, shortages of physicians to work effectively and efficiently at that care level was underscored, especially in the North and Northeast regions. According to Schefferet et al. 4 , despite the significant rise in the number of physicians that has occurred from the 1970s up to the present, unequal distribution remains the same, particularly when related to capital-hinterland differences and the size of Brazilian cities. It can be said that the existence of areas of hyperconcentration and, at the same time, other areas with shortages of physicians, ultimately prevent the establishment of the principles and doctrines that guide the SUS, notably when the aim is universalization, in...
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