Abstract:ResumoO artigo examina três interpretações diferentes da construção de gênero na tradição Yoruba e as analisa enquanto discursos posicionados e interessados dos autores no contexto de seus respectivos horizontes políticos de referência. Há, neste sentido, uma verdadeira economia políti-ca do discurso etnográfico. Contudo, constata que os três autores, apesar das suas diferenças, apontam de forma inconfundível para o caráter radicalmente anti-essecialista das concepções de gênero Yoruba. Sugere, então, que essa… Show more
“…Corroborando com a distinção preeminente entre as comunidades de terreiro e da sociedade moderna, situo aqui a construção dos primeiros candomblés em Salvador, Bahia, que tiveram os seus cultos organizados de forma a corresponderem ao que chamamos de candomblé no século XIX e que possuíam na sua formulação a organização social e comunitária em torno da mãe de santo e de seus filhos e filhas (SILVEIRA, 2006). Transmutado como um espaço doméstico o espaço do terreiro expressa suas variadas formas e compreensões rituais, artísticas, políticas e sociais (SEGATO, 2005(SEGATO, , 2007.…”
Section: Yalorixás Babalorixás E O Patriarcadounclassified
“…As mulheres nos terreiros podem, portanto, diferentemente de outras religiões, alçarem o mais alto escalão de liderança dentro dos terreiros, a de Mãe de Santo de sua comunidade. O papel da mulher na estruturação dessas comunidades é histórico, pois remete ao fato de que foram elas, a partir do comércio de alimentos, produtos e bens, quem foram capazes de comprar as suas alforrias, assim como a de suas próximas, sejam essas de vínculos parentais sanguíneos ou não, e também compraram e estruturam os espaços onde foram organizadas suas comunidades (LANDES, 1947(LANDES, /1967SEGATO, 1986SEGATO, /2005. Foi a partir da família de santo que as comunidades de terreiro foram estruturadas, e dentro dessa família, foi a partir das Mães de Santo que, através dos rituais de iniciação, foram criados os vínculos parentais entre a comunidade estabelecida.…”
Section: Yalorixás Babalorixás E O Patriarcadounclassified
As comunidades de terreiro são espaços que agregam valores e formas próprias de produção e transmissão de conhecimento, relações pessoais e políticas, maneiras de ver, sentir e compreender o mundo, organização social e relações de gênero, como maneiras de religar os contextos comunitários e identitários que foram esfacelados pela colonização e pela escravização. A sociedade brasileira, por sua vez, foi forjada através da colonização portuguesa e da imposição dos valores morais, científicos, normativos europeus ocidentais que possuem em seu cerne e como sua base o patriarcado. Considerando que as comunidades de terreiro estão imersas dentro da sociedade brasileira e dela fazem parte, o objetivo deste texto é trazer um questionamento sobre como o patriarcado brasileiro tem influenciado as comunidades de terreiro, a partir de uma revisão das obras que retratam esse tema, e também um chamado para uma reflexão sobre a importância da compreensão das comunidades afro-religiosas para que haja atenção aos artefatos, teorias e formas de leitura que lançamos mão para significarmos a influência do patriarcado dentro dessas comunidades.
“…Corroborando com a distinção preeminente entre as comunidades de terreiro e da sociedade moderna, situo aqui a construção dos primeiros candomblés em Salvador, Bahia, que tiveram os seus cultos organizados de forma a corresponderem ao que chamamos de candomblé no século XIX e que possuíam na sua formulação a organização social e comunitária em torno da mãe de santo e de seus filhos e filhas (SILVEIRA, 2006). Transmutado como um espaço doméstico o espaço do terreiro expressa suas variadas formas e compreensões rituais, artísticas, políticas e sociais (SEGATO, 2005(SEGATO, , 2007.…”
Section: Yalorixás Babalorixás E O Patriarcadounclassified
“…As mulheres nos terreiros podem, portanto, diferentemente de outras religiões, alçarem o mais alto escalão de liderança dentro dos terreiros, a de Mãe de Santo de sua comunidade. O papel da mulher na estruturação dessas comunidades é histórico, pois remete ao fato de que foram elas, a partir do comércio de alimentos, produtos e bens, quem foram capazes de comprar as suas alforrias, assim como a de suas próximas, sejam essas de vínculos parentais sanguíneos ou não, e também compraram e estruturam os espaços onde foram organizadas suas comunidades (LANDES, 1947(LANDES, /1967SEGATO, 1986SEGATO, /2005. Foi a partir da família de santo que as comunidades de terreiro foram estruturadas, e dentro dessa família, foi a partir das Mães de Santo que, através dos rituais de iniciação, foram criados os vínculos parentais entre a comunidade estabelecida.…”
Section: Yalorixás Babalorixás E O Patriarcadounclassified
As comunidades de terreiro são espaços que agregam valores e formas próprias de produção e transmissão de conhecimento, relações pessoais e políticas, maneiras de ver, sentir e compreender o mundo, organização social e relações de gênero, como maneiras de religar os contextos comunitários e identitários que foram esfacelados pela colonização e pela escravização. A sociedade brasileira, por sua vez, foi forjada através da colonização portuguesa e da imposição dos valores morais, científicos, normativos europeus ocidentais que possuem em seu cerne e como sua base o patriarcado. Considerando que as comunidades de terreiro estão imersas dentro da sociedade brasileira e dela fazem parte, o objetivo deste texto é trazer um questionamento sobre como o patriarcado brasileiro tem influenciado as comunidades de terreiro, a partir de uma revisão das obras que retratam esse tema, e também um chamado para uma reflexão sobre a importância da compreensão das comunidades afro-religiosas para que haja atenção aos artefatos, teorias e formas de leitura que lançamos mão para significarmos a influência do patriarcado dentro dessas comunidades.
“…In this context, a great number of feminists and a large volume of feminist work in a decolonial vein have emerged in Latin America. Among them one finds Julieta Paredes, behind the collective Mujeres creando (Paredes, 2014); Rita Segato, working on varied themes that range from the gender system in Yoruba culture to the question of race in Latin American prison systems (Segato, 2003(Segato, , 2007; Sylvia Marcos, interested in the indigenous spirituality of ancestral traditions among Mexican indigenous women (Marcos, 2009); Ochy Curiel, a radical lesbian feminist who argues for the importance of race and intersectionality for feminist critique (Curiel, 2002); Marı´a Eugenia Choque Quispe, interested in the subordination of indigenous women in Bolivia (Choque-Quispe, 1998); and many others.…”
Section: The Latin American Context and Decolonial Feminismmentioning
In this article I address the imbalance in the production and circulation of knowledge in the dominant Anglo-American academic circuit, aiming to make visible feminist work in a decolonial vein carried out in Latin America, to recentre the decolonial option with regard to established postcolonial studies and to propose a way of understanding global postfeminist female subjectivity as mediated in mass media. The decolonial option offers a rich theoretical toolbox for exploring contemporary junctions of gender, race and the question of representation. I propose a reworking of the concept of the 'coloniality of gender', and briefly discuss how Femen and the figure of the exoticised female pop icon exemplify coloniality at work.
“…estrutura religiosa africana presente no Brasil seria capaz de mostrar uma espécie de divisão sexual (ou anatômica) dos papeis, como é possível ver, por exemplo, no caso da família de santo presente nos cultos brasileiros de matrizes africanas, onde verificaríamos um ambiente de gênero sem relação necessária com o dado biológico. Nesse contexto dos cultos afrorreligiosos no Brasil, seria possível ainda perceber uma divisão sexual do ritual.RitaSegato (2003) ainda afirma que há inumeráveis contradições na análise de Oyěwùmí. Uma delas é expressa no fato de que Oyěwùmí recusa uma conotação de gênero para as palavras aya e ọkọ, ao mesmo tempo em que "traça a equivalência desses termos com posições no ambiente familiar" (2003, p. 342), de maneira que essas posições sejam hierarquizadas.…”
Resumo: Este artigo parte de uma leitura da obra "The Invention of Women: Making an African Sense of Western Gender Discourses" da socióloga e epistemóloga nigeriana Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí, buscando em um primeiro momento reconstruir brevemente o argumento da autora no livro para, em seguida, elencar algumas ideias de interesse filosófico presentes na obra. Discutir-se-á também algumas críticas direcionadas a este primeiro livro de Oyěwùmí, buscando dialogar, desde esses elementos de interesse filosófico, com elementos que possibilitem possíveis respostas, a partir da autora, a tais críticas.
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