O presente artigo tem como objetivo principal discutir as relações de trabalho no Funk de São Paulo, tomando como base as trajetórias de um MC e um DJ que atuam na Cidade Tiradentes. O ponto de partida da análise são as janelas de inserção profissional que foram inauguradas pelo Funk nos anos 2000, sobretudo, depois do advento da vertente Ostentação, quando se consolida como um alternativa de inclusão econômica e social promissora para uma parcela de jovens, homens em sua maioria, moradores de bairros periféricos. Discuto aqui alguns dos critérios centrais na construção do mercado do Funk de São Paulo, com ênfase nas estratégias mobilizadas pelos MCs e DJs para se tornarem “criadores de tendências” junto ao público por meio das plataformas digitais de comunicação. Esse recorte empírico nos permite problematizar os sentidos que são atribuídos ao trabalho como categoria de referência moral, considerando os espaços simbólicos tradicionalmente ocupados pelo Funk no imaginário social. Ao longo da pesquisa mantive contato com ambos os interlocutores-chave, acompanhei bailes de rua e apresentações em casas de espetáculo, por meio de observação direta realizada entre os anos de 2019 e 2020.