INTRODUÇÃOMencionou-se na introdução ao primeiro número desta série (Caldas, 2005) que os mapeamentos abrangentes do campo de estudos organizacionais revelam consistentemente que, dentre os quatro paradigmas sociológicos do modelo de Burrell e , o funcionalismo -marcado pelo objetivismo e por uma sociologia focada na regulação -tem constituído por muitas décadas a "ortodoxia" na pesquisa científica da área.Também já se apontou nesta série que o funcionalismo continua a expandir sua hegemonia até hoje no campo de estudos organizacionais, em boa parte devido à representatividade institucional do mainstream norte-americano, inclusive no Brasil, como mostram diversas revisões, mapeamentos e análises bibliomé-tricas a esse respeito (e.g. Bertero et al., 2005; Vergara e Carvalho, 1995;Machado-da-Silva et al., 1990). O que tais retratos da produção acadêmica brasileira deixam evidente é, por um lado, um histórico apego ao funcionalismo como fonte praticamente hegemônica de alicerce epistemológico e, por outro, focos de resistência a essa tendência que se dividem fundamentalmente em duas vertentes contrárias à predominância funcionalista: o interpretacionismo, que cresce desde o final da década de 1970, e os referencias críticos e pós-modernos, que se expandem principalmente após o final da década de 1980.Com a predominância do funcionalismo como fundação epistemológica da nossa pesquisa e da educação de docentes, produziu-se no Brasil uma geração de pesquisadores e educadores em estudos organizacionais que Miguel P. CaldasProfessor Associado da Loyola University New Orleans E-mail: mpcaldas@loyno.edu tiveram acesso restrito a outros paradigmas de análise organizacional, assim como menos incentivo e receptividade para aprofundar-se em descobri-los, caso a eles tivessem algum acesso. O resultado último desse alijamento pode ser visto na nossa produção científica corrente e no ensino de teoria organizacional empreendido atualmente no Brasil, com uma nítida limitação ao funcionalismo básico, tipicamente contigencialista sistêmico. Mais uma vez, honrosas exceções eram encontradas em alguns dos principais programas de pós-graduação filiados à Anpad, possivelmente pela maior facilidade de acesso a publicações estrangeiras ou a grupos de pesquisa alternativos que contataram no exterior. Graças a tais exceções, ainda se pôde ver, no Brasil dos anos 1980 e 1990, um fluxo razoável de "pesquisa alternativa" ao funcionalismo, que, mais uma vez, tendia a dividir-se entre interpretacionistas, por um lado, e críticos ou pós-modernos, por outro.O que marca a diferença entre o funcionalismo e essas duas vertentes principais que a ele se opuseram nas últimas décadas é nítido, e, mais uma vez, pode-se entendê-la pelo marco de Burrell e Morgan (1979), como discutido no primeiro número desta série e que é o seguinte: fundamentalmente, o interpretacionismo questiona o objetivismo arraigado na doutrina funcionalista, enquanto a vertente crítica combate sua inclinação à regulação e à manutenção da ordem social, ou seja, a sua falta de engaja...
ResumoEste artigo privilegia a educação a distância (EAD) IntroduçãoAs tradicionais formas presenciais de educação, sozinhas, não dão conta da empreitada que hoje se coloca para países, estados, municípios, empresas e organizações em geral. Vivemos uma época caracterizada por um turbilhão de inovações tecnológicas, muita pressa, muita incerteza, muita impaciência, muita informação e muita necessidade de pessoas educadas. É nesse contexto que se coloca a educação a distância (EAD).A história da pedagogia que, tradicionalmente, tem focalizado o ensino presencial, ressalta a importância do relacionamento professor/aluno, o que faz da sala de aula um espaço de ensino/aprendizagem, visto como uma relação (FREIRE, 1996;HUBERT, 1967;LARROYO, 1970;LIMA, 1970). A pedagogia destaca a importância daquele relacionamento na construção do indivíduo e da sociedade da qual ele faz parte. Maturana e Varela (2005), teóricos com foco na biologia, reforçam essa importância ao afirmarem que só criamos o mundo com os outros. E mais: só a aceitação do outro junto a nós permite essa construção comum.Ao se discutir a EAD, uma das questões que logo emerge é essa, referente ao relacionamento, que envolve racionalidade e, também, o campo dos afetos humanos. Não raro, vê-se tal questão como uma das limitações da EAD e, portanto, com potencial para mitigar seu valor.A partir da percepção dessa questão, tenho por objetivo, neste artigo, argumentar que o relacionamento professor/aluno também existe na EAD, embora de forma diferenciada e, tal como a educação presencial, expande-se para outras pessoas que, no caso da EAD, compõem as equipes acadêmicas, de produção, de
O presente trabalho tem por objetivo continuar a pesquisa realizada por Vergara e Carvalho Jr. (1995) sobre a nacionalidade dos autores referenciados na literatura brasileira sobre organizações. Privilegia o período compreendido entre 1994 e 1998, apresenta os dados referentes a esse período, compara com aqueles obtidos na pesquisa anterior, que destacou o período compreendido entre 1989 e 1993 e, como conseqüência, apresenta dados referentes a uma década. Foram analisados 292 artigos e 6.812 referências bibliográficas constantes dos artigos. Tomou-se como fonte os anais do ENANPAD, a RAE, a RAP e a RAUSP. O estudo conclui que referências americanas têm sido as mais utilizadas. Os autores consideram que todo o esforço para esclarecer alguns pontos ainda sombrios que cercam as motivações, condições e limitações daqueles que são responsáveis pelo fortalecimento de uma teoria das organizações mais próxima das questões nacionais é urgente e necessário. Ele permitirá que se avalie o desenvolvimento desse campo no espaço brasileiro. O levantamento das nacionalidades dos autores referenciados é um passo nesse sentido.
RESUMOários pesquisadores têm se voltado para estudos organizacionais, privilegiando temas como nacionalidade dos autores referenciados, o jeito brasileiro de publicar, assunto, enfoque predominante, métodos de pesquisa. O presente estudo insere-se no escopo destes últimos, instigado pelas seguintes questões: Que metodologia tem sido privilegiada em estudos organizacionais de autores brasileiros e estrangeiros? Haverá entre eles alguma diferenciação? Para obter-lhes a resposta foram analisados 194 artigos publicados nos anos 2000 e 2001 em três revistas estrangeiras e três brasileiras, todas desfrutando de grande reputação: Organization Studies, Administrative Science Quarterly, Academy of Management Journal, Revista de Administração de Empresas, Revista de Administração da USP e Revista de Administração Pública. Os resultados da pesquisa mostram que, embora o percentual não seja alto, os métodos tradicionais de orientação positivista ainda prevalecem em estudos organizacionais. Os resultados instigaram reflexões sobre suas possíveis causas, bem como a apresentação de metodologias diferentes encontradas nos artigos analisados.
The article discusses some questions about the humanization of companies and justifies its urgency and feasibility. It's understood that the humanized company is one that, focused on its employees and/or on the external environment, links other values besides maximizing the return for the stockholders. Continuing on this line are mentioned companies that, in the internal environment, promote an enhancement in quality of life and of work, concentrating on the construction of more democratic and just relationship, reducing inequality and racial, gender and belief prejudice, besides contributing to the development and growth of people. Focusing on the environment, the actions taken by these companies are directed towards the elimination of ecological unbalance, overcoming social injustice, community support and towards everything that is called corporate citizenship.RAE -Revista de Administração de Empresas Abr./Jun. 2001 RESUMO O presente artigo discute algumas das questões referentes à humanização das empresas e justifica a premência e a possibilidade de sua viabilização. Entende por empresa humanizada aquela que, voltada para seus funcionários e/ou para o ambiente, agrega outros valores que não somente a maximização do retorno para os acionistas. Nesse sentido, são mencionadas empresas que, no âmbito interno, promovem a melhoria na qualidade de vida e de trabalho, visando à construção de relações mais democráticas e justas, mitigam as desigualdades e diferenças de raça, sexo ou credo, além de contribuí-rem para o desenvolvimento e crescimento das pessoas. Ao focalizar o ambiente, as ações dessas empresas buscam a eliminação de desequilíbrios ecológicos, a superação de injustiças sociais, o apoio a atividades comunitárias, enfim, o que se convencionou chamar de exercício da cidadania corporativa. PALAVRAS-CHAVEOrganizações humanizadas, cidadania corporativa, responsabilidade social, empresa e sociedade, sustentabilidade corporativa.
Neste estudo nosso objetivo é apreender o processo de absorção dos deficientes físicos pelas empresas, considerando múltiplos olhares (público interno e externo), e se estes se modificaram ao longo dos anos. Assim, conduzimos uma pesquisa numa empresa aérea que alocou essas pessoas em posições de contato direto com o público. Num primeiro momento, constatamos que a empresa atendeu aos anseios dos seus clientes e empregados. Os empregados não deficientes viam na contratação dos deficientes a possibilidade de benefícios para a organização (melhoria de sua imagem pública) e para si mesmos (repasse de trabalho para os deficientes). Já para os empregados portadores de deficiência, tal situação era aceitável, pois viabilizava sua integração ao grupo. Em 2011, voltamos a campo e entrevistamos representantes das mesmas categorias (passageiros, empregados - deficientes e não - e os gerentes de RH e marketing) para avaliar o impacto da dimensão "tempo". As entrevistas foram transcritas e submetidas à análise do discurso, a qual nos remeteu aos seguintes marcos teóricos: ética, tempo como variável subjetiva e gestão da diversidade da força de trabalho nas organizações. O campo revelou que a naturalização da presença dos deficientes ocorreu de tal forma que, para os passageiros deixou de ser um diferencial da empresa e, para os empregados, algo relevante. A empresa, por sua vez, insiste em buscar visibilidade social e midiática por meio da espetacularização da deficiência. Já os deficientes reclamam que não conseguem fazer carreira, pois encontram o mesmo "teto de vidro" denunciado por outras minorias.
RESUMOo definir a posição que assume quanto ao papel da educação, o artigo busca repensar a relação ensino-aprendizagem. Para tanto, procura sustentação na pedagogia da ação e no construtivismo e apresenta, examina e sugere práticas e recursos optativos às tradicionais aulas expositivas. ABSTRACThe article defines the role of education assumed by the author and searches rethink the relation teaching-learning. For that, it searches back up in the pragmatism and construtivism and exposes, analyses and suggests optional practice and resources instead expositive traditional classes.
RESUMODiversos textos sobre gestão da mudança organizacional abordam o tema quase exclusivamente sob a ótica do planejamento, procurando fornecer respostas sobre como fazer com que a organização tenha sucesso na estratégia de mudança intencional ao promover a coesão de esforços e vencer as supostas resistências humanas. Pouca atenção tem sido dedicada aos sentimentos dos indivíduos, aos significados que eles atribuem às mudanças e às chances de que eles se constituam como sujeitos nesse contexto. A pesquisa aqui apresentada, realizada em cinco organizações no Rio de Janeiro, objetiva preencher essa lacuna. Foram entrevistados 75 empregados que participaram de grandes mudanças nessas organizações. Os resultados apontam para a fragilidade de alguns mitos acerca do conceito de resistência e sugerem a possibilidade de tornar a mudança menos traumática para os indivíduos por meio das oportunidades criadas para que eles se constituam como sujeitos e construam um significado para sua atuação no novo contexto. José Roberto Gomes da Silva IAG/PUC-RJ Sylvia Constant Vergara FGV-EBAPE
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