http://dx.doi.org/10.5902/1984686X6530 O presente trabalho propõe tomar o diagnóstico como um gesto de leitura que deve incluir suas condições de produção. Para tanto, retoma a concepção de linguagem operada pela psicanálise – cujo modelo se inaugura com a obrade Freud A Interpretação dos Sonhos (1900). A colocação em cena da leitura objetiva abrir espaço para que na atribuição de sentido que todo diagnóstico encerra esteja inscrita a possibilidade de que um não-previsto possa surgirna trajetória escolar dos ditos sujeitos da educação especial. Palavras-chave: Educação Especial; Psicanálise; Diagnóstico; Leitura.
ResumoÀ margem da agenda política do Estado, a educação especial tradicionalmente se organizou como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, em classes e escolas especiais. Nas últimas décadas, o Brasil, em consonância com movimentos internacionais, estabeleceu uma série de leis, políticas e programas para combater as desigualdades e a exclusão escolar. Nesse movimento, sujeitos com transtornos globais do desenvolvimento (TGD), tradicionalmente apartados dos processos de escolarização, são recebidos nas salas de aula e no velho pátio da escola. Quais racionalidades sustentam as formas de nomear e identificar esses alunos? Como compreender as relações entre os diagnósticos, as políticas e a inscrição das (im)possibilidades escolares? Em que medida as políticas inclusivas de educação especial desconstroem sentidos que relacionam os TGD à ineducabilidade, ou, ainda, a diferença à anormalidade e à inferioridade? O presente ensaio discute a implementação das diretrizes inclusivas considerando o texto político e seus efeitos no contexto da prática. A hermenêutica filosófica oferece os tempos e os focos da leitura. O argumento é tecido com e a partir das falas de um aluno e de professores, em diferentes campos de pesquisa. Do texto à vida, o incremento das matrículas; a proliferação dos sentidos sobre esses alunos e as possibilidades escolares; a atualização de antigos impasses perante o novo, o diferente. Se, no âmbito dos princípios, são reconhecidas a igualdade e as diferenças, na concretude das escolas ainda persiste a noção do diferente como desigual. Da inclusão ao pertencimento, aposta-se no diálogo como valoração da alteridade e condição de pertença. Palavras-chaveEducação especial -Transtornos globais do desenvolvimentoPolíticas inclusivas -Desigualdade -Diferença.
Este artigo discute as possibilidades colocadas na articulação do tripé psicanálise, educação e cinema. Em meio ao propalado empobrecimento da dimensão da experiência na cultura, o artigo problematiza em que medida a potência polissêmica do cinema poderia ser aproveitada como ferramenta de transmissão do legado da cultura aos sujeitos ainda apartados do acesso aos bens culturais. A partir da articulação da psicanálise com o tema da experiência em Benjamin, o cinema na escola é proposto como um dispositivo de articulação de uma Outra cena, passível de produzir outros e novos sentidos para a educação especial.
Abstract:The concept of (de)negation was set by Freud and was based on the sense of repression and the treatment of neuroses. It is a specific mechanism that connects negation and affirmation. This article aims to establish its originality by first proposing that the different tessituras of negation and affirmation are equally recurrent in psychoses. It is worth emphasizing that theoretical-clinical studies which phenomenologically and structurally articulate denegation and psychoses are still scarce. Such singular tessituras, which are different from the Freudian negation, are herein denominated (de)negation. Secondly, the originality of the current study lies on the aspect that it does not view (de)negation as merely a clinical phenomenon, but also as an operator itself in the treatment of psychoses. Thus, this hypothesis is supported by the clinical case of an adolescent herein named Luizel. Finally, the article aims to evince the intrinsic relationship between (de)negation and fantasy in appeasing the psychotic symptoms in transference.
Pretendemos trabalhar a noção de semblante em sua inserção no ensino e campo lacanianos. Sob essa consigna, procuramos compor um balanceamento crítico do conceito - procurando estruturá-lo nem como puro imaginário nem enquanto termo acessório na composição das fórmulas da sexuação. Para tanto, adentramos em debates contemporâneos sobre as identidades, evidenciados desde a teoria de gênero, propondo uma aproximação entre o semblante e o conceito de performatividade de Judith Butler.
O artigo parte da experiência em uma oficina de contação de histórias dirigida a crianças que apresentam impasses em sua constituição subjetiva e com entraves orgânicos. A partir disso, teve-se como objetivo refletir sobre os movimentos em oficina, mais especificamente o jogo de posições que se ensaia entre crianças e contadoras, e aproximá-los ao brincar na infância e aos jogos constitutivos do sujeito. Sugere-se que essa intervenção aciona trânsitos no processo constitutivo, a partir do contato com a trama das histórias e da sustentação em cena das contadoras que acolhem os elementos trazidos pelas crianças. Por fim, reconhece-se a importância, neste trabalho, de legitimar e acolher as diversas formas de comunicação, conferindo às crianças o lugar de sujeitos desejantes, ativas nas histórias e em seu processo de subjetivação.
Resumo Este texto decanta da experiência de escuta-leitura da obra de Antonin Artaud e recolhe, nas construções do poeta, efeitos de testemunho acerca de um tempo de soltura entre voz e palavra, quando o que emerge é o grito. Este estudo acerca da voz e das tentativas de escritura do inominável conduz a uma pergunta auxiliar sobre o corpo. Nessa composição, destaca-se, a partir dos fios da psicanálise, lalangue - articulador teórico que enlaça corpo e palavra, voz e escrita. É a partir de lalangue que o artigo se inclina em direção à obra de Artaud para percorrer a travessia do grito desde o vazio da voz desancorada da palavra em um momento de queda do sujeito para um espaço/tempo de endereçamento e existência - existência que se sustentará corporificada na obra de Artaud.
RESUMOEste texto introduz as reflexões sobre formação de professores, educação e psicanálise contidas no presente dossiê. Parte da conjuntura atual, tão desfavorável às iniciativas educacionais; mostra quem foram os pioneiros, cujos trabalhos seminais nos influenciam hoje e reitera o fundamento das profissões impossíveis estabelecidas por Freud. Em seguida, revela quatro princípios que organizam o dossiê: 1) uma formação que não reduza a educação a métodos e discursos; 2) a inclusão do sujeito do inconsciente no real da experiência educativa; 3) uma educação para além da escolarização, mas efeito de transmissão; 4) uma educação capaz de acolher os estados precários da existência. Depois de apresentar os artigos, interroga, com Lacan, o quanto "as pessoas são tomadas pela angústia quando pensam no que consiste educar", para, então, finalizar apostando numa psicanálise voltado ao trabalho social e à cidade. PALAVRAS-CHAVE:Formação de professores. Educação. Psicanálise. ABSTRACTThis text introduces reflections on teacher training, education and psychoanalysis contained in this dossier. It starts from the current scenario, extremely unfavorable to educational initiatives; it also shows who the pioneers were, whose seminal works influence us today and reiterates the foundation of the impossible professions as defined by Freud. It then reveals four principles that guide the dossier: 1) a training that does not reduce education to methods and discourses; 2) the inclusion of the subject of the unconscious into the reality of educational experience; 3) an education beyond schooling, but a result of transmission; and 4. an education capable of accommodating the precarious states of existence. After presenting the articles, it poses the question, alongside Lacan, of how "people are taken by anguish when they think about what it is to educate", and then end up encouraging psychoanalysis focused on social work and the city.
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