RESUMO: Os atuais retratos encontrados no âmbito da saúde mental infanto-juvenil e da Educação convocam a Psicanálise a se (re)inventar a fim de estar em diferentes sítios. Nesse sentido, este artigo busca sustentar a noção do oficineiro/pesquisador-catador-de-restos, problematizando se é possível forjarmos um modo, nas bordas da Psicanálise, Educação e Cinema, que nos auxilie na reinvenção de dispositivos de escuta e intervenção com sujeitos que vivem as nuances da passagem adolescente.
Psicanalista. Membro da APPOA. Doutora em Educação (UFRGS). Professora do PPG em Psicanálise: clínica e cultura, e do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia (UFRGS). Vice-coordenadora do PPG Psicanálise: clínica e cultura. Membro e vice-coordenadora do GT ResumoEste artigo apresenta o início de uma interlocução entre a Psicanálise e a socioeducação através da construção de uma Oficina de rap (Ritmos, Adolescência e Poesia) como dispositivo de pesquisaintervenção com adolescentes em conflito com a lei que se encontram em uma instituição de execução de medidas socioeducativas de privação de liberdade. Através do rap, buscamos extrair um pouco de "poesia" do cotidiano árido que compõe as vidas desses meninos. Ao escutar a dimensão do traumático da exclusão em suas narrativas, e contando com a potência da palavra e da música, buscamos um modo de evocar deslocamentos em algumas significações cristalizadas. O trabalho teve como sustentação teórico-metodológica a conjugação da psicanálise de Freud e Lacan articulada ao tema da experiência em Walter Benjamin. A partir da experiência nas Oficinas construímos algumas reflexões que ensejam o que temos proposto como diálogo da Psicanálise com a socioeducação. Nesse sentido, também ensaiamos uma reflexão acerca da posição desses sujeitos com o que Agamben conceitua sobre o "homo sacer" e a "vida nua". As letras de rap enunciam o sofrimento que esses jovens sentem pela dimensão de suas vidas como "mera vida". Como efeito do trabalho, entendemos o rap como um modo de poetar, que faz circular os significantes das vidas "ressacadas", com o que relativiza o peso do lugar da exclusão. Deste modo, o artigo mostra a potência de se considerar o rap como um dispositivo passível de oferecer a esses meninos condições para que possam deslizar da "vida nua", que lhes colocou na via do conflito com a lei, para tantas outras significações quanto a aventura com a polissemia da palavra e da música tenha condição de lhes propiciar.Palavras-chave: adolescência; psicanálise; socioeducação; experiência; rap. Abstract This article presents the beginning of a dialogue between Psychoanalysis and socioeducation, through the construction of an RAP (Rhythm
This article, written as an essay, is the result of a theoretical research that questioned the categories of experience and time in the psyches of adolescent. Through the articulation of the psychoanalysis of the adolescent with the theme of time and the concept of experience in Walter Benjamin's theory, we seek to problematize the adolescent passage in the time settings in the current social bonding. The article suggests that we should not rush into diagnosis, because the current symptomatology of adolescence might be an expression of youth suffering and a resistance mechanism when facing the culture's conditions. Such conditions can produce an expansion of the time for understanding, as a delay of the encounter with the moment of conclusion. So, in order to produce conditions for the subject towards a self-interpretation, besides the instant, the time and the moment, it could be possible an extra time called interval. That interval could be an effect of the expansion of the time for understanding.
RESUMO: Este artigo analisa o lugar simbólico da infância no Brasil. Partimos da reflexão sobre o conceito de experiência em Walter Benjamin e de algumas noções da Psicanálise. Inicialmente, revisamos a construção sócio-histórica do conceito de infância no mundo ocidental e no país. Para tal, fizemos um breve percorrido sobre as principais ações e políticas públicas do Estado desde o século XIX. Uma das interrogações do escrito remete à reflexão sobre a simultaneidade da posição de majestade/dejeto das crianças brasileiras, especialmente no que se refere à histórica diferença no tratamento dado às crianças de diferentes estratos sociais. O artigo sugere a ausência de um estatuto simbó-lico da criança, no que se refere às duas facetas da infância; questionamos, sobretudo, a existência de uma espécie de roubo da infância, na medida em que não são ofertadas às crianças condições passíveis de realizar a experiência da infância. Palavras-chave: Infância. Experiência. Psicanálise. THE SYMBOLIC PLACE OF THE CHILD IN BRAZIL: A STOLEN CHILDHOOD?ABSTRACT: This article analyzes the symbolic place of childhood in Brazil, having as a starting point a reflection upon Walter Benjamin's concept of experience, as well as some notions from Psychoanalysis. Firstly, there is a review of the social-historical construction of the concept of childhood in this country and in the occidental world, which is achieved by carrying out a brief overview of the state's main actions and public policies from the 19th century onwards. One of the questions raised here leads to a reflection on the simultaneously existing positions of majesty/dejection that Brazilian children occupy, particularly regarding the historical difference in the treatment given to children from different social strata. The article suggests that what is missing is a symbolic statute for childhood concerning its two facets, questioning whether childhood is "stolen", once children are not offered appropriate conditions to live the experience of childhood.
A noção de que vivemos em tempos de adolescência generalizada coloca em questão tanto o que diz respeito a formas contemporâneas do laço social quanto o conceito de adolescência em psicanálise para interpretá-las. As novas configurações produzem o empobrecimento do espaço público como sítio de construção de experiências. Destacamos como um dos efeitos de tal empobrecimento a disseminação do "discurso capitalista", que não promove o laço social, ao contrário, promove uma ilusão de completude ao nivelar sujeito e objeto. Essa espécie de curto-circuito produzido pelas práticas da cultura leva também à idealização do lugar da adolescência como tempo sublime da existência, a ser eternizado, e que resulta em um paradoxo de difícil solução por parte do jovem para atravessá-lo. Se todos querem eternizar o lugar da juventude, quem vai ocupar o lugar do adulto na relação com os adolescentes?
RESUMO Este artigo propõe a discussão sobre o uso da violência como um modo de representação de si no social, utilizado pelos jovens da atualidade. Partindo de algumas produções culturais, busca problematizar as condições sociais com as quais os jovens se encontram no laço social atual. Parte-se da noção de que a urgência em encontrar modos de se fazer representar no social, típica da adolescência, somada ao empobrecimento das condições de construção da experiência e do esvaziamento do espaço público como espaço legítimo de representação do sujeito, acabou por incrementar a dimensão das escritas violentas na adolescência e juventude de nosso tempo.
ResumoEste artigo apresenta o recorte de uma pesquisa de mestrado que teve como ponto de partida a experiência com docentes que recebem crianças consideradas da Educação Especial em duas escolas públicas estaduais de um município localizado no interior do Rio Grande do Sul. O estudo investigou o modo como as Rodas de Conversa podem contribuir para a formação continuada de educadores que recebem alunos ditos de inclusão. O objetivo principal foi interrogar se, ao sublinhar a experiência do sujeito-educador, o dispositivo de escuta/intervenção de docentes, no contexto da inclusão, seria capaz de produzir o deslocamento da queixa ao enigma. A metodologia utilizada para a condução e análise do material foi inspirada na escuta psicanalítica conjugada aos efeitos ético-metodológicos advindos do tema da experiência em Walter Benjamin. O trabalho contribui especialmente para pensar os efeitos que a construção do saber da experiência pode produzir na construção de uma micropolítica de inclusão. Descritores: psicanálise; formação docente; inclusão; saber da experiência.
Este artigo discute as possibilidades colocadas na articulação do tripé psicanálise, educação e cinema. Em meio ao propalado empobrecimento da dimensão da experiência na cultura, o artigo problematiza em que medida a potência polissêmica do cinema poderia ser aproveitada como ferramenta de transmissão do legado da cultura aos sujeitos ainda apartados do acesso aos bens culturais. A partir da articulação da psicanálise com o tema da experiência em Benjamin, o cinema na escola é proposto como um dispositivo de articulação de uma Outra cena, passível de produzir outros e novos sentidos para a educação especial.
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