Pra segurar cadeia tem que ser doutor em cadeia.A frase que figura como epígrafe deste artigo foi uma das mais expressivas que ouvi quando iniciei meu trabalho de campo 1 entre agentes penitenciá-rios. Pronunciada com sarcasmo autodefensivo por um agente, surgiu em uma discussão sobre o quê, quem e como se segura a cadeia, ou seja, como ela mantém seu peculiar equilíbrio, não "embalando" nem "virando". Em linguagem comum, como se impede ou se diminuem as chances de um motim eclodir numa prisão. O agente penitenciário sugeria que os "doutores"-diretores das unidades prisionais, advogados e outros operadores do sistema penal -não conseguiriam, sozinhos, evitar rebeliões e que, na verdade (isso concluí a partir do contexto que a frase foi emitida e ao relacioná-la a outros elementos que observei), eles, os agentes penitenciários, eram efetivamente os "doutores em cadeia". Portanto, a estabilidade da prisão só seria mantida à medida que lhes fosse dado este reconhecimento. Certamente tal percepção é, em muitos aspectos, verdadeira. O que os agentes penitenciários fazem ou deixam de fazer tem grande importância na dinâmica da prisão. No entanto, o equilíbrio prisional resulta de complexa interação (cf. Weber, 1984) entre diversos atores do sistema penal. Alcança também o âmbito das relações familiares dos detentos (cf. Elias, 1980) e uma série de compromissos e obrigações entre presos e egressos, especialmente quando são organizações que atuam
No abstract
O artigo propõe-se analisar o processo de construção de Curitiba enquanto "capital européia" o que, por sua vez, implicou tornar invisível a população negra. Demonstra-se como esta imagem, que pode ser vislumbrada através do projeto arquitetônico da cidade, tem suas origens em um falsa idéia de que o Paraná constituiu-se como um "Brasil diferente", que não teria tido a mesma configuração racial que o restante do país. Principalmente porque, segundo o argumento de intelectuais e pesquisadores locais, não houve escravidão nem população negra significativa. Argumentamos que estas conclusões são incorretas e que tanto no passado quanto hoje há um contigente populacional de negros que são tornados invisíveis, com consequências negativas para este grupo, na assim chamada "capital das etnias"
Este artigo propõe uma reflexão sobre a história do pensamento sobre a escravidão no ocidente procurando identificar sua relação com a constituição da segurança pública contemporânea. Inicialmente através de uma análise monográfica das discussões sobre a escravidão no campo da filosofia e do direito, apresentando as ambiguidades e paradoxos oriundos da instituição da escravidão enquanto experiência; em um segundo momento refletir sobre a relação da escravidão com a segurança, crime e violência e o exercício de um tipo específico de controle social; por fim, procuramos verificar as transformações, aproximações e distanciamentos do controle social exercido sobre as populações escravizadas com o processo de formação do Estado brasileiro contemporâneo e também modelador da segurança pública atual.
O presente artigo tem por objetivo discutir e problematizar em que medida a política criminal de drogas opera como um motor de hipermilitarização que transcende a segurança pública e alcança a dimensão da vida cotidiana, intensificando a utilização do aparato policial/militar nas práticas de controle social destinadas aos territórios periféricos e às populações marginalizadas das cidades brasileiras.
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo discutir a ideia de hipermilitarização e seus aspectos sociais e políticos na questão da segurança pública, buscando interpretar se esse tema é um projeto em curso para a manutenção do status quo desse modelo de democracia inacabada. O exercício comparativo nessa perspectiva pretende evitar "lugares comuns" já largamente percorridos por teorias maximizantes, tidas como de longo alcance, a exemplo do referencial marxista que acaba por restringir as análises ao campo das relações macroeconômicas. Segundo a abordagem aqui adotada, as frequências indicam mais transições do que padrões fixos e estanques, a ver a estrutura social, mas também a inter-relação possibilitaria evidenciar detalhes particulares e variáveis com maior potencial analítico. Palavras-chaves:Hipermilitarização, Nação, Marginalização, Segurança Pública. THE IDEA OF NATION AND HYPERMILITARIZATION: SOCIOLOGICAL AND POLITICAL ASPECTSAbstract: This paper aims to discuss the idea of hypermilitarization and its social and political aspects in the issue of public security, seeking to interpret whether this subject is an ongoing project to maintain the status quo of this model of unfinished democracy. The comparative exercise in this perspective intends to avoid "common places" already widely covered by dominant theories considered as far-reaching, like the Marxist referential that ends up confining the analyzes to the field of macroeconomic relations. According to the approach adopted here, frequency indicate more transitions than fixed and staunch patterns, to see the social structure, but also the interrelationship could make it possible to highlight particular details and variables with greater analytical potential.
O artigo faz uma análise da campanha Paz sem voz é medo, do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), talcomo ela elabora a questão da segurança enquanto um problema público, ao mesmo tempo e medida em que efetuaa construção simbólica do acontecimento “violência urbana” como uma visão social do mundo. A adesão midiática àagenda oficial opera no espaço público uma pedagogia política da segurança pública, ação orientada pelo medo e pelapolicialização dos conflitos sociais.
Este artigo propõem uma reflexão sobre a genealogia da proibição da maconha no Brasil. Procurando identificar a contribuição da antropologia – através das teorias evolucionistas – na construção do discurso proibicionista que se articula tanto com o saber médico quanto com o saber jurídico. E os reflexos dessa genealogia na atual política de drogas conduzida pelo Sistema de Justiça Criminal (SJC).
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