Em 1925, Oswald de Andrade publicava o livro que, juntamente com Paulicéia desvairada, de Mário de Andrade, constituiria um marco da nova poesia brasileira. Intitulado Pau Brasil, foi ilustrado por Tarsila do Amaral e prefaciado por Paulo Prado, ambos nomes emblemáticos do Modernismo de 22.No prefácio, Prado apresentava o livro como um momento de virada na poesia brasileira, no qual estaria sendo varrido "o peso livresco das idéias de importação" que a paralisara há mais de um século.Afirmando que o lirismo ingênuo e direto de Oswald constituía a continuidade da obra de Casimiro de Abreu e Catulo da Paixão Cearense, registrava que ele era também "o primeiro esforço organizado para a libertação do verso brasileiro" e para a fixação da "nova língua brasileira", que seria constituída basicamente pela "reabilitação do nosso falar quotidiano". É nesse contexto de exposição de um programa radical de atualização nacionalista da literatura brasileira que vem o trecho que interessa comentar: Esperemos também que a poesia "pau-brasil" extermine de vez um dos grandes males da raça -o mal da eloqüência balofa e roçagante. Nesta época apressada de rápidas realizações a tendência é toda para a expressão rude e nua da sensação e do sentimento, numa sinceridade total e sintética."Le poète japonais Essuie son couteau: Cette fois l'éloquence est morte". diz a haïkaï japonês, na sua concisão lapidar. Grande dia esse para as letras brasileiras. Obter, em comprimidos, minutos de poesia. * O haicai japonês aparece, então, como ideal de coloquialidade, de registro direto da sensação e do sentimento e como forma adequada ao tempo rápido do presente. E também como modelo literário não-europeu para o projeto nacionalista brasileiro, que visava, nas suas palavras, "romper os laços que nos amarram desde o nascimento à velha Europa, decadente e esgotada".
Neste texto discutem-se algumas questões relevantes para a crítica literária contemporânea, especialmente a atitude frente ao texto literário e sua história de leitura
Professor de Teoria Literária na Unicamp. Publicou, entre outros livros, os ensaios Alguns aspectos da teoria da poesia concreta (1989); Nostalgia, exílio e melancolia-leituras de Camilo Pessanha (2001) e Estudos de literatura brasileira e portuguesa (2007); a coletânea Haikais (1994) e a novela O sangue dos dias transparentes (2003).
Descrevem-se neste trabalho algumas inflexões da obra de Antonio Candido: num primeiro momento, apresenta-se a sua perspectiva histórica da literatura e da cultura brasileira nos anos do desenvolvimentismo (década de 1950), que apontava para a integração do Brasil no concerto das nações civilizadas; num segundo, descreve-se o impacto do golpe militar de 1964 no pensamento do autor e as alterações na sua percepção quanto à modernização do país e o lugar a ele reservado na ordem capitalista mundial; por fim, em decorrência desse impacto, discute-se a valorização do popular na avaliação de algumas obras do século XIX, bem como a correlata expectativa de realização de uma transformação cultural e política do país por meio de uma grande aliança, um grande pacto nacional.
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