RESUMO Para compreender como a Covid-19 se distribui pelo espaço brasileiro, os geógrafos utilizam-se do raciocínio geográfico apoiados em técnicas de mapeamento e representações espaciais. Nesse sentido, propomos aqui uma série de procedimentos para compreender a doença no espaço, primeiramente com a exploração e descrição dos dados, a análise espacial e a síntese por meio da modelização gráfica, partindo em seguida para a comunicação cartográfica. Como efeito, esperamos que esse caminho teórico e metodológico possa balizar a criação de uma imagem de mundo capaz de responder a demandas mais urgentes postas pela pandemia, ao mesmo tempo criar reflexões sobre como a produção do espaço atual cria vulnerabilidades nesta globalização perversa.
Contexto: A pandemia de COVID-19 tem demandado esforços dos sistemas de saúde em todo mundo. Uma análise local e geográfica, elaborada por meio de ferramentas de geotecnologias, é capaz de orientar a tomada de decisão e definir áreas prioritárias ao enfrentamento dessa nova doença. Objetivo: O presente estudo faz parte do esforço do Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde da UNESP de Presidente Prudente para dar suporte à tomada de decisão em situação de emergência em saúde pública. Para isso, tem como objetivo analisar a concentração de casos suspeitos de COVID-19 em Presidente Prudente – SP, Brasil, considerando também as medidas de isolamento social. Metodologia: Os dados são oriundos da Secretaria Municipal de Saúde de Presidente Prudente (de 28/02/2020 a 30/04/2020) e do Estado de São Paulo. Utilizamos uma API de geocodificação do Google Maps e elaboramos os mapeamentos em Sistema de Informação Geográfica. Calculamos a função K de Ripley dos casos de COVID-19, aplicamos o estimador de intensidade de Kernel e cruzamos as áreas de maiores concentrações dos casos com variáveis socioeconômicas do IBGE (menor renda, maior número de idosos e habitantes) para a identificação de áreas vulneráveis. Resultados: Os casos em Presidente Prudente estão aglomerados de 0,4 a 3,4 km. Identificamos cinco áreas de maior intensidade dos casos da doença, tanto em áreas mais centrais como mais distantes, das quais, por vulnerabilidade, as zonas quatro e dois são indicadas como prioritárias para o desenvolvimento de ações de monitoramento e vigilância. Também identificamos baixo índice médio de isolamento social em Presidente Prudente (46%), abaixo dos valores recomendados (>70%) que, por sua vez, estão correlacionados negativamente (-0,52, p-valor<0.05) com os casos de COVID-19 quatro dias após as taxas de isolamento.
When it comes to visceral leishmaniasis (VL) in Brazil, one of the main targets of public health policies of surveillance is the control of domestic canine reservoirs of Leishmania infantum. This paper aims to evaluate the effect of the dog population and household environment for the maintenance of natural foci in the transmission to human and animal hosts in an endemic city for VL, Bauru, in Brazil. We collected 6,578 blood samples of dogs living in 3,916 households from Nov.2019 to Mar.2020 and applied geospatial models to predict the disease risk based on the canine population. We used Kernel density estimation, cluster analysis, geostatistics, and Generalized Additive Models (GAM). To validate our models, we used cross-validation and created a receiver operating characteristic (ROC) curve. We found an overall canine VL (CVL) seroprevalence of 5.6% for the sampled dogs, while for the households, the positivity rate was 8.7%. Odds ratios (OR) for CVL increased progressively according to the number of canines for >2 dogs (OR 2.70); households that already had CVL in the past increased the chances for CVL currently (OR 2.73); and the cases of CVL increase the chances for human VL cases (OR 1.16). Our models were statistically significant and demonstrated a spatial association between canine and human disease cases, mainly in VL foci that remain endemic. Although the Kernel density ratio map had the best performance (AUC = 82), all the models showed high risk in the city’s northwest area. Canine population dynamics must be considered in public policies, and geospatial methods may help target priority areas and planning VL surveillance in low and middle-income countries.
Resumo A escala geográfica tem sido amplamente discutida na tentativa de formar um conceito que dê conta de explicar as diferentes realidades do espaço. Nos diversos seguimentos de planejamento em saúde, faz-se uma adoção das categorias e conceitos geográficos sem entender os problemas inerentes à escala geográfica, o que afeta diretamente nas políticas públicas implantadas e, consequentemente, na vida das pessoas. O objetivo deste artigo foi discutir o conceito de escala a partir dos seus diferentes níveis, e debater a dificuldade de articulá-los por meio da atuação dos órgãos de vigilância em saúde pública brasileira que lidam com a leishmaniose visceral. Realizamos uma revisão de literatura para demonstrar como o debate do conceito de escala geográfica com a saúde é ainda incipiente. Utilizamos conceitos geográficos, integrando as políticas municipais, estaduais e nacional sob a ótica da escala geográfica. Dessa forma, acreditamos que seja possível uma articulação dos órgãos dos sistemas de saúde com a sociedade na transposição de escalas, num acontecer solidário, produzindo um sistema de saúde mais eficaz. A discussão não será aqui esgotada, mas permitirá uma reflexão nas opções teórico-metodológicas em pesquisas e em saúde pública.
O objetivo deste trabalho é apresentar dados de discussão da relação dos flebotomíneos com efeito de borda na área do Parque Estadual do Morro do Diabo. A pesquisa se deu nos meses de março e abril de 2012, com coletas iniciando às 18:00h e terminando às 22:00h. Para capturar os flebotomíneos foram utilizadas armadilhas tipo Shannon e armadilha tipo CDC. Foram capturados e identificados 1638 flebotomíneos de dois gêneros: um do gênero Brumptomyia e 1637 do gênero Lutzomyia, distribuídos em: 1620 de Lutzomyia neivai, 12 de Lutzomyia whitmani, 4 Lutzomyia lenti, 1 Lutzomyia aragaoi e 1 Brumptomyia brumpti. Destes, 17 foram capturados nas armadilhas tipo CDC e 1621 na armadilha tipo Shannon, sendo 50 machos e 1588 fêmeas. Com estes resultados considera-se que este local oferece risco de transmissão de Leishmaniose Tegumentar Americana devido à quantidade de vetores capturados em apenas 8 horas e principalmente de Lutzomyia neivai e Lutzomyia whitmani, por serem incriminadas na transmissão de Leishmanias.
Toxoplasmosis is a zoonotic disease caused by the ubiquitous coccidia
Toxoplasma gondii. Rodents play an important role in maintaining
its life cycle, as they are one of the main diet sources for felids
(wild and domestic), the unique definitive hosts. However, reports of
toxoplasmosis in porcupines (Rodentia Order) are uncommon, with gaps
concerning its pathophysiology. South America is the continent with the
greatest genetic diversity of rodents and T. gondii. A
free-ranging hairy dwarf porcupine was admitted to a wildlife rescue
center with a history of trauma. During rehabilitation, the animal
presented neurological symptoms (sporadic episodes of hind limbs
paresis) and died five months later. The main findings during necropsy
were brain congestion and severe incisor overgrowth associated with
maxillary perforation. The histopathological exam showed moderate
encephalitis, with variable-sized round cysts, positive for PAS stain
and immunohistochemistry for T. gondii. Additionally, two cysts
were observed in the medulla of the adrenal gland. Molecular techniques
were performed to characterize the parasite load by qPCR (Cq=30) and the
genotype by PCR-RFLP with 11 markers, which revealed a new genotype.
This case adds to the body of knowledge in comparative pathology of
Neotropical Rodentia and reports a new genotype circulating in South
America.
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