Resumo: O objetivo deste artigo é propor uma aproximação entre a perspectiva epistemológica decolonial e o campo teórico da internacionalização da educação superior, com base nos pressupostos de que 1. As desigualdades subjacentes às relações Norte-Sul também se manifestam no domínio da educação superior internacional e 2. A produção científica desse campo pode ser mais significativa e funcional aos países do Sul se consideradas suas raízes epistêmicas e condicionalidades históricas. Inicialmente, contextualiza-se a decolonialidade como postura epistemológica e tradição de pesquisa. Na sequência, abordam-se as contradições evidenciadas na educação superior internacional contemporânea. O estudo segue com o debate sobre a inserção da perspectiva decolonial nos estudos sobre internacionalização, tendo como referência o projeto intelectual de crítica/resistência dessa epistemologia em relação às tendências eurocentradas da modernidade, cuja manifestação mais influente na educação superior é a globalização em curso. Buscas sistemáticas nas bases Portal de Periódicos Capes e Scopus reforçam essa possibilidade de aproximação, pois revelam um debate científico internacional acerca das formas coloniais/neocoloniais presentes na educação superior e indicam
A internacionalização do currículo tem se destacado como componente essencial das agendas de internacionalização da educação superior, levando organizações governamentais e intergovernamentais a realçarem a necessidade de reformas curriculares condizentes com as demandas globais, que incorporem os conceitos de cidadania global e de competência intercultural como objetivos centrais desse processo.Diante do pressuposto de que a inserção dos países periféricos e semiperiféricos no contexto da educação superior internacional tende a assumir caráter predominantemente passivo, levando a um imaginário de reformas curriculares despreparadas para envolver os estudantes criticamente na complexidade do mundo globalizado, o objetivo deste trabalho é promover uma reflexão sobre a internacionalização do currículo no contexto do Sul-Global. Trata-se de um ensaio teórico, que, por meio dos conceitos de redução sociológica, de Alberto Guerreiro Ramos, e de epistemologias do Sul, de Boaventura de Sousa Santos, busca enfatizar as especificidades e as raízes epistêmicas dos contextos em que esses processos ocorrem. A interação entre a literatura sobre globalização, internacionalização da educação superior e internacionalização do currículo com os referidos conceitos permitiu apontar para a necessidade de que as políticas de internacionalização dos processos de ensino e aprendizagem do Sul-Global tenham como referência um procedimento crítico-assimilativo da experiência estrangeira, pautado em conhecimento prudente, válido, que enfatize a descolonização do saber e seja funcional e significativo à sua realidade, visto que o sentido de um objeto jamais se desliga de determinado contexto.
A condição histórica do Brasil o situa em um campo de desafios epistêmicos e de identidade acadêmica, que suscitam dificuldades de deliberação, de decisão e de autonomia na internacionalização da Educação Superior. Diante da necessidade de mudanças operacionais, estruturais e pragmáticas das IFES para lidar com esse processo, e da quantidade significativa de secretários-executivos que atuam nos setores de Relações Internacionais dessas instituições, o propósito deste estudo é investigar se a formação destes profissionais se evidencia como contributiva à gestão da internacionalização nas IFES. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e documental, cuja primeira etapa consistiu no levantamento das competências necessárias à gestão da internacionalização, enquanto a segunda se pautou pela identificação das competências do secretário-executivo, sobretudo no contexto em análise. Elaborou-se um quadro conceitual comparativo dessas duas dimensões, que permitiu identificar a existência de relação teórica entre ambas. Inferiu-se, portanto, que a formação do secretário-executivo e sua teórica migração de um campo operacional e mecanicista para um campo estratégico evidencia um quadro que possibilita sua contribuição para a gestão da integração das dimensões internacional, intercultural e global aos propósitos, às funções e à entrega da Educação Superior.
Um dos aspectos que reflete a importância da internacionalização da educação superior no contexto contemporâneo é criação de rankings acadêmicos globais e a inclusão de indicadores de internacionalização nessas ferramentas, que têm influenciado significativamente as políticas universitárias e governamentais. A despeito do prestigiado status adquirido pelos rankings, seus indicadores ainda refletem certa obscuridade e, nesse sentido, suscitam debates sobre sua capacidade de mensurar qualidade educacional. Diante desse cenário, o objetivo deste artigo é analisar os principais rankings acadêmicos internacionais e nacionais, com foco nos indicadores relacionados à internacionalização da educação superior. A pesquisa internacional, na forma de publicação, constitui-se como o indicador de internacionalização mais significativo para os rankings investigados, em parte devido a seu caráter quantitativo, que viabiliza a análise transnacional. Na ausência de análises qualitativas e contextualizadas, com indicadores e pesos adotados segundo justificações teóricas, os rankings acabam não contemplando a totalidade dos objetivos e missões que permeiam as universidades ao redor do mundo, e tampouco a complexidade inerente ao conceito de internacionalização da educação superior.
ResumoEste artigo se propõe a discorrer sobre algumas das principais definições de qualidade aplicadas à educação superior a partir dos anos 1990, tanto por autores brasileiros quanto estrangeiros, de modo a elucidar o dissenso presente no tema e dispor de uma definição da "qualidade" em relação à educação. Para alcançar tais objetivos, esta pesquisa se utilizou de metodologia qualitativa de cunho descritivo, possibilitada por um estudo bibliográfico de diversas fontes, principalmente artigos científicos sobre o tema da qualidade na educação superior. Como resultado, constatou-se uma composição multidimensional de qualidade que aborda tanto características instrumentais, presentes em fatores objetivos e regulatórios, quanto substantivas, pautadas em elementos subjetivos e simbólicos, quando aplicada na educação superior. Também foram observadas diferenças paradigmáticas entre as abordagens brasileiras e estrangeiras, apresentando a qualidade uma ênfase teórica no contexto brasileiro e uma abordagem prática no contexto estrangeiro. Palavras-chave: Qualidade. Educação. Qualidade na Educação Superior. Revisão da Literatura. IntroduçãoOs processos avaliativos e regulatórios que supervisionam a educação superior tomam maiores proporções a partir da década de 1990 (HARVEY, 2006), incentivados por transformações de globalização e massificação que, unidas ao aumento de demandas sociais por transparência, excelência e democracia, agilizam o desenvolvimento dos * Este trabalho foi parcialmente possível graças ao apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), relativamente a uma bolsa de mestrado concedida ao segundo autor.
RESUMO: A Educação Superior é um dos principais setores da Cooperação Internacional para o desenvolvimento no campo da Política Externa Brasileira (PEB). Uma importante iniciativa do setor é o incentivo para estudantes de países em desenvolvimento realizarem seus estudos em universidades brasileiras, feito pelo Programa Estudante-Convênio de Graduação (PEC-G), regulamentado em 1965. Este artigo caracteriza o PEC-G na ótica da Cooperação Sul-Sul (CSS) brasileira. Assim, estabelece um diálogo entre as peculiaridades da sua regulamentação, suas características atuais, a PEB e a CSS. O decreto que instituiu o PEC-G se evidenciou como política de controle, pautada na segurança nacional. Apesar de sua ascensão em um sentido cooperativo, suas condicionalidades o afastam do discurso oficial empregado para a CSS.
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