O objetivo deste trabalho consiste em analisar a construção do que chamamos de "modelo de Mercosul" presente na política externa brasileira, desde o início da década de 1990 até a segunda metade da década de 2000. Partindo do pressuposto de que as posições do Brasil têm um papel relevante na definição do arcabouço do processo de integração, a hipótese é que o padrão de comportamento brasileiro limita a amplitude do bloco, principalmente no que se refere à questão do seu aprofundamento, pois envolve questões como o comprometimento com as decisões tomadas, a legitimidade dos mecanismos institucionais criados, a coordenação das expectativas dos diversos atores domésticos e, principalmente, o alcance das medidas propostas para solucionar ou diminuir as assimetrias existentes entre os estados. As posições brasileiras são fundamentadas na lógica da intergovernamentalidade e são mais adaptadas à expansão do bloco do que propriamente ao seu aprofundamento. O artigo aborda os aspectos formadores do padrão de comportamento externo do Brasil e, em seguida, procura identificar as principais linhas de atuação do país em relação ao bloco no período analisado. Um dos argumentos principais do artigo diz respeito às sucessivas crises institucionais do Mercosul, procurando relacioná-las aos limites estruturais desse modelo, que é compatível com os elementos formadores da política externa brasileira, mas que não tem se mostrado suficiente para sustentar um processo de aprofundamento da integração.
This article analyses how the issue of democracy protection has been incorporated into South American regionalism. It shows the motivation for building Democracy Clauses in regionalism and identify the challenges for its implementation. From 1985 to 2008, there was a progressive insertion of instruments related to democracy protection. Between 2009 and 2015 efforts were aimed at expanding regional autonomy to deal with political crises. As of 2016–2020 democracy has been used as an element of division between states. We identify the factors that help explain the changes observed which have resulted in the weakening of regionalism's contribution to democracy.
De que forma a evolução da estrutura institucional do Mercosul, desde sua criação até sua atual conformação, facilita a transformação de conflitos econômico-comerciais, de menor e maior grau, em conflitos políticos. Acredita-se que uma parte significativa dos conflitos no Mercosul poderia ser solucionada tecnicamente, sem resvalar nas relações políticas globais dos Estados membros, como tem ocorrido regularmente.
Resumo O objetivo deste artigo é analisar o Mercosul na política externa brasileira no período de 1991 a 2021. Argumentaremos que há uma trajetória de gradual perda de centralidade do bloco para a política externa brasileira e de redução nos níveis de intercâmbio comercial. Assim, o declínio da prioridade do bloco para o Brasil, observado nos governos Temer e Bolsonaro, não pode ser considerado fato desenraizado de problemas que já se manifestavam nos governos anteriores, em verdade desde 1995, ainda que com diferentes características. Nestes trinta anos, as elites empresariais e políticas brasileiras não mantiveram o mesmo interesse pela integração. Do mesmo modo, as transformações do sistema internacional e a evolução que produziram na percepção das elites a respeito do papel que o Brasil deveria desempenhar no mundo não foram absorvidas como incentivos sistêmicos para o aprofundamento da integração regional. O bloco completa trinta anos demonstrando importante resiliência, apesar do contexto de menor engajamento dos países, dos efeitos acumulados das sucessivas crises políticas e comerciais e da diminuição da importância econômica em relação a outros parceiros extrabloco, fatores que colocam importantes interrogações em relação ao seu futuro.
Este artigo analisa as relações de poder em um mundo onde as novas tecnologias digitais modificam as capacidades dos atores internacionais, tendo consequências diretas sobre os Estados nacionais e as instituições internacionais. As relações internacionais são abordadas a partir da discussão sobre a expansão do ciberespaço, procurando compreender como as sociedades reagem às mudanças no padrão de interação social e como os recursos de poder cibernético são utilizados pelas transnacionais das tecnologias de informação e comunicação. Destaca-se o papel crescente dos algoritmos na vida social e também como instrumento de poder, a fim de refletir sobre as transformações nos processos de socialização internacional e a crescente dificuldade para estabelecer consensos e convergir expectativas dos diferentes atores em torno de objetivos coletivos. Por fim, a maior pluralidade de atores com capacidades de influência no sistema internacional e a disputa para ter acesso, concentrar e manter recursos de poder cibernéticos são apresentados como um dos principais motivos das mudanças que vêm ocorrendo no cenário atual.
CIP-Brasil. Catalogação na publicação MARCELO PASSINI MARIANO 2.6.1 Autonomia na dependência 50 2.6.2 Autonomia pelo distanciamento 52 2.6.3 Autonomia pela participação ou integração 54 As pressões sobre a diplomacia no pós-Guerra Fria 67 3.1 A democratização 68 3.2 A liberalização, a abertura da economia e a internacionalização brasileira 73 3.3 Consequências do aumento da pressão 79 Processos de integração regional e política externa 85 4.1 Modelo analítico mínimo 86 4.1.1 Pressupostos 88 4.1.2 Consequências da integração 95 4.1.3 Principais variáveis 100 As posições brasileiras no Mercosul: período de transição 109 5.1 Tratado de Integração e Cooperação de 1988 113 5.2 A política externa brasileira e o novo contexto 115 5.2.1 O período Collor 117 5.2.2 O governo Itamar 131
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