O artigo trata do fenômeno da pluriatividade na agricultura brasileira, referente à diversificação das atividades econômicas e laborais exercidas no meio rural, e dos plurirrendimentos, referentes à diversificação das fontes de renda acessadas pelos agricultores e suas famílias. Com base nos dados do Censo Agropecuário 2006, realiza-se uma análise para o Brasil e as regiões Sul e Nordeste do País, buscando comparar os assim denominados "estabelecimentos pluriativos" pertencentes às categorias agricultura familiar e agricultura não familiar. O trabalho identifica e quantifica esses estabelecimentos; caracteriza-os segundo o tipo de pluriatividade e a relação de trabalho do pessoal ocupado; e identifica as suas distintas fontes de receitas, mensurando a importância de cada uma na formação da receita total. A constatação empírica de um percentual maior de estabelecimentos de agricultura não familiar classificados como pluriativos (51,9%) do que na própria agricultura familiar (34,1%) levou a uma intrigante questão teórica, já que a quase totalidade dos estudos sobre pluriatividade no Brasil sempre considerou o fenômeno como uma especificidade da agricultura familiar. Embora essa questão seja apenas brevemente discutida no artigo, o resultado mais significativo é que deve haver uma importante parcela dos agricultores familiares que, justamente por serem pluriativos, encontram-se inadequadamente classificados como agricultores não familiares e, portanto, excluídos das estatísticas oficiais e, possivelmente, das próprias políticas públicas voltadas à agricultura familiar.
Este artigo apresenta o Índice de Condições de Vida (ICV), uma metodologia que possibilita a representação das mudanças percebidas pelo público-alvo das ações que vêm sendo implementadas nos territórios rurais. O foco deste instrumento está na percepção que osindivíduos têm sobre suas condições de vida. É baseado na Abordagem das Capacitações de Amartya Sen e pretende captar não apenas os meios, mas também os fins do desenvolvimento. O instrumento foi aplicado em 37 territórios rurais do Brasil. Os resultados aqui apresentados se referem ao TerritórioRural Zona Sul do Rio Grande do Sul, no qual foram realizadas entrevistas em 10 setores censitários rurais, de 09 municípios,totalizando280 famíliaspesquisadas entre outubro e dezembro de 2010.O referido território apresenta um ICV de 0,585, correspondente a um nível médio de condições de vida. A percepção dos entrevistados acerca dos efeitos do desenvolvimento são melhores (0,644) em relação às características e aos fatores que o desencadeiam (0,576 e 0,544, respectivamente). Isso indica que, segundo a percepção das famílias,embora os meios não sejam os mais apropriados, estas mobilizam um arcabouço de ações que tornam os fins do desenvolvimento mais próximos do que almejam. Enfim, os resultados da primeira aplicação do instrumento do ICV demonstram que esta metodologia instrumentaliza a Abordagem das Capacitações de Amartya Sen e possibilita captar uma diversidade de percepções em determinado momento, as quais podem ser comparadas com um momento posterior, a partir do qual torna-se possível buscar explicações para a complexidade e diversidade das realidades territoriais.
Resumo: O artigo apresenta a construção do Índice de Condição de Vida (ICV), baseado na Abordagem das Capacitações e na Abordagem dos Meios de Vida, e sua aplicação no Território Rural Zona Sul do Rio Grande do Sul. A pesquisa buscou refletir sobre a existência (ou não) de situações concretas ou potenciais de vulnerabilidade e pobreza. Para isto, foram analisados os resultados, por indicadores e por instância, auferidos pelo ICV no Território Rural Zona Sul do Rio Grande do Sul. Os resultados apontaram, então, que as famílias não estavam expostas, a priori, às situações de vulnerabilidade e pobreza. Porém, dada a existência comprovada de privações para o alcance de um maior nível de bem estar, questionouse sobre uma possível situação de acomodação resignada na qual essas famílias poderiam estar imersas. Palavras-chaves:Desenvolvimento humano, pobreza, vulnerabilidade, ruralidade. Abstract: The paper presents the Living Conditions Index's construction (LCI), based on the Capability Approach and on the Livelihoods Approach, and its application in Território Rural Zona Sul do Rio Grande do Sul. The research sought to reflect about the existence (or not) of concrete or potential situations of vulnerability and poverty. For this, the ICV's results were analysed by indicators and by instances.The results showed that families were not exposed, a priori, to situations of vulnerability and poverty. However, given the proven existence of privations to achieve a higher welfare level, a question was made about a possible situation of resignedly accommodation within which these families could be immersed.
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar e analisar alguns resultados em termos de dinâmicas regionais de desenvolvimento rural para o Rio Grande do Sul na primeira década do século 21, privilegiando a comparação entre regiões fumicultoras e não fumicultoras. Isso será feito através da construção de um Índice de Desenvolvimento Rural (IDR) para as 35 microrregiões do estado do Rio Grande do Sul definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para construção do IDR foram considerados 36 indicadores distribuídos em 5 dimensões (Social, Demográfica, Político-Institucional, Econômica e Ambiental). A hipótese inicial levantada foi confirmada, visto que a área cultivada com tabaco no Rio Grande do Sul, considerando-se os anos de 2000 e 2008, teria avançado principalmente nas regiões menos dinâmicas, de menor IDR. Foi possível atestar ainda que o avanço do cultivo do tabaco no período considerado também se deu nas regiões tradicionalmente fumicultoras, que se caracterizam por apresentar baixo IDR, embora tenha avançado também em algumas regiões não tradicionalmente fumicultoras, estas de IDR ainda mais baixo. A metodologia adotada não permitiu associar diretamente o avanço da fumicultura com pioras ou melhoras nos indicadores de desenvolvimento rural ou análises em termos de (in)sustentabilidade, já que cada variável é tomada em apenas um ponto no tempo. Ainda assim foi possível constatar a validade da proposta metodológica para análises comparativas no espaço (caso deste trabalho) e no tempo (permitindo comparações e variações ao longo do tempo). Palavras-chave: Desenvolvimento rural. Desigualdades regionais. Tabaco. ABSTRACT: The objective of this paper is to present and analyze some results in terms of regional dynamics of rural development for the Rio Grande do Sul in the first decade of the 21st century, emphasizing the comparison between non-tobacco growing and tobacco growing regions. This will be done through the construction of a Rural Development Index (RDI) for 35 micro-regions of the state of Rio Grande do Sul defined by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). For construction of the IDR were considered 36 indicators divided into five dimensions (social, demographic, political-institutional, economic and environmental). The initial hypothesis was confirmed raised, since the area under tobacco in Rio Grande do Sul, considering the years 2000 and 2008, would have advanced mainly in the less dynamic, less IDR. It can also attest that the development of tobacco cultivation in the period considered is also given in the tobacco growing regions traditionally characterized by low IDR presented, although well advanced in some areas not traditionally tobacco growing, these IDR even lower. The methodology adopted is not possible to 1 Este trabalho contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) na modalidade Auxílio Recém-Doutor (ARD), a quem o autor registra seus agradecimentos.
Resumo O presente artigo discute o processo de diferenciação social dos agricultores familiares utilizando o conceito de desagrarização. O objetivo é identificar a ocorrência de processos de desagrarização ou agrarização e analisar as implicações desses processos na diferenciação de agricultores familiares em Salvador das Missões (RS), Brasil. Para tal, propõe o Índice de Agrarização Familiar (IAF) como indicador síntese desses processos. A pesquisa teve caráter histórico e comparativo, com dados primários obtidos junto ao mesmo grupo de famílias, nos anos de 2003 e 2018. A amostra foi do tipo sistemática por comunidade e os dados foram obtidos com auxílio de questionário semiestruturado. Os resultados revelam que o processo de desagrarização envolve maior número de famílias e é mais intenso que o processo de agrarização, demarcando expressiva diferenciação das famílias ao longo do tempo. O IAF mostrou-se efetivo como indicador desses processos e introduz na literatura brasileira, de forma mais sistemática, a perspectiva da desagrarização/agrarização na análise das trajetórias das famílias agricultoras.
<p class="MsoNormal" style="margin: 12pt 0cm 1.65pt; text-align: justify; line-height: 12pt; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">O artigo aborda questões relativas à gestão institucional e social no território Zona Sul do Rio Grande do Sul, a partir da percepção dos atores que participam da institucionalidade territorial, nesse caso, o Colegiado Territorial. Será apresentado um retrato dessa ação com a perspectiva de identificar os desafios da governança territorial, o que suscita uma reflexão sobre o processo de gestão social nos espaços de construção coletiva do desenvolvimento territorial. Constata-se que são poucas as ações de desenvolvimento territorial decididas no âmbito do Colegiado Territorial dessa região. Nessa área, ainda existe outra institucionalidade setorial, o Fórum da Agricultura Familiar da Zona Sul do Rio Grande do Sul, ligada a esse colegiado, com significativa importância no protagonismo do desenvolvimento do território. É nele que ocorre a maior parte das decisões e, talvez por isso, seja percebido pelos atores como o próprio Colegiado Territorial. Essa é uma das informações relevantes, entre outras, que foram reveladas a partir da leitura e interpretação do ponto de vista dos atores territoriais.</p>
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