Este artigo apresenta o Índice de Condições de Vida (ICV), uma metodologia que possibilita a representação das mudanças percebidas pelo público-alvo das ações que vêm sendo implementadas nos territórios rurais. O foco deste instrumento está na percepção que osindivíduos têm sobre suas condições de vida. É baseado na Abordagem das Capacitações de Amartya Sen e pretende captar não apenas os meios, mas também os fins do desenvolvimento. O instrumento foi aplicado em 37 territórios rurais do Brasil. Os resultados aqui apresentados se referem ao TerritórioRural Zona Sul do Rio Grande do Sul, no qual foram realizadas entrevistas em 10 setores censitários rurais, de 09 municípios,totalizando280 famíliaspesquisadas entre outubro e dezembro de 2010.O referido território apresenta um ICV de 0,585, correspondente a um nível médio de condições de vida. A percepção dos entrevistados acerca dos efeitos do desenvolvimento são melhores (0,644) em relação às características e aos fatores que o desencadeiam (0,576 e 0,544, respectivamente). Isso indica que, segundo a percepção das famílias,embora os meios não sejam os mais apropriados, estas mobilizam um arcabouço de ações que tornam os fins do desenvolvimento mais próximos do que almejam. Enfim, os resultados da primeira aplicação do instrumento do ICV demonstram que esta metodologia instrumentaliza a Abordagem das Capacitações de Amartya Sen e possibilita captar uma diversidade de percepções em determinado momento, as quais podem ser comparadas com um momento posterior, a partir do qual torna-se possível buscar explicações para a complexidade e diversidade das realidades territoriais.
ResumoO objetivo deste trabalho consiste em analisar as feiras coloniais e agroecológicas do município de Chapecó-SC verificando em que medida estas permitem a produção para o autoconsumo das famílias de agricultores e, consequentemente, sua contribuição nos aspectos relacionados à segurança alimentar e nutricional (SAN). O estudo justifica-se pelas contribuições que pode dar às ações e políticas de segurança alimentar e nutricional e de desenvolvimento rural. Trata-se de pesquisa transversal, descritiva, com abordagem qualitativa, valendo-se, ainda, de métodos quantitativos para expressar os resultados. O estudo foi conduzido com sete agricultores que comercializam em três feiras no município de Chapecó-SC. A coleta de dados ocorreu entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, por meio de entrevistas semiestruturadas e análise de dados, com estatística descritiva e análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que a prática de autoconsumo é recorrente entre os agricultores feirantes. Assim, conclui-se que as famílias dos agricultores, ao participarem das feiras, constituindo circuitos curtos agroalimentares, estão dentro dos parâmetros da SAN pela prática de autoconsumo, uma vez que têm acesso facilitado a alimentos de qualidade, diversificados e em quantidade suficiente para a família. Ao mesmo tempo, as feiras mostraram-se uma importante estratégia de geração de renda. Palavras-chave:Autoconsumo. Segurança alimentar e nutricional. Cadeias curtas agroalimentares.Feira de produtos coloniais e agroecológicos.
O processo de modernização da agricultura, sobretudo no Brasil, imprimiu sobre o território, novos usos, e pressionou muitos agricultores familiares a encontrarem novas alternativas de produção e geração de renda. O debate acerca do reconhecimento do papel dos circuitos curtos de comercialização, promovidos por agricultores familiares, sua capacidade de promover novos usos do território, e seus reflexos sobre o desenvolvimento rural, está inserido neste contexto de exclusão e surgem como uma alternativa ao modelo padrão de tecnificação do espaço rural. Assim, serão apresentados a seguir, dois exemplos de circuitos curtos de comercialização existentes em Santa Catarina, indicando como estes circuitos promovem novos usos do território. Os casos referidos dizem respeito aos mercados promovidos pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), bem como às feiras livres de Chapecó. Com tais exemplos, pretendemos chamar atenção para a importância de diferentes formatos de circuitos curtos de comercialização, os quais demonstram inicialmente, estarem promovendo usos agrícolas e não agrícolas no espaço rural, agregando às dinâmicas locais de desenvolvimento, capacidades potencializadoras da base de recursos através da diversificação produtiva e da geração de renda. Isso implica no reconhecimento e fortalecimento de um espaço rural mais diversificado e sustentável econômica, social e ambientalmente.
This article presents a discussion concerning the territorial development thematic related to the question of power and management geographic scales. The concept of local/regional territorial development is employed, in order to point out power and management relations of a territory, in a local/regional scale, as well as its interaction with actors of others scales. Thus, at a first moment, it will be established a discussion about territorial development beyond the contribution of institutional thickness and the collective territorial innovation in these processes. In a second moment, this discussion will be related to the geographical scales thematic, and as this can contribute for the studies referring to the territorial dynamics of the development. At last, it will be presented in a synthetic form, an empirical study to demonstrate as the scales methodology can help to understanding of the territorial dynamics of the development.
Short marketing circuits and territorial rural development policies emphasize the importance of the reconnection between food production and consumption, with repercussions on the food security and sovereignty of local populations. For this, we analyzed official documents of the Program for the Sustainable Development of Rural Territories, the Citizenship Territories Program, the Territorial Development Plans, as well as field research on projects carried out in three rural territories and citizenship in the South of Brazil. From this analysis, it is possible to think of the strengthening of short circuits as the mechanism to promote rural territorial development.
Cada vez mais, o mercado mundial de alimentos é marcado por um processo de oligopolização, no qual grandes corporações transnacionais produzem e ofertam alimentos padronizados. No Brasil, a criação de Núcleos de Agroecologia e Produção Orgânica (NEAs), via políticas federais e interação com Instituições de Ensino Superior, representa experiências que habilitam a construção de sistemas agroalimentares alternativos, que reconhecem saberes dos agricultores familiares, fortalecem relações mais sustentáveis com o ambiente e contribuem com a segurança e soberania alimentar. São atualmente mais de 150 iniciativas. Considerando esse contexto, realizam-se análises com base em uma revisão teórica sobre a trajetória e as repercussões territoriais dos NEAs no Brasil, passando ao caso específico do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Essa região, com histórica existência de produção agroecológica e orgânica, destaca-se pela dificuldade de comercialização in loco. Neste caso, investiga-se as repercussões territoriais da implementação do NEA Litoral Norte junto ao Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em especial, a organização de um grupo de consumidores, para a estruturação de compra direta dos produtores. Além disso, as ações no Núcleo abrangem reuniões e diálogos com atores sociais e políticos que atuam nos temas políticas públicas, agricultura familiar e agroecologia. Os resultados apontam que as experiências que perpassam os NEAs têm a potencialidade de constituir circuitos curtos de comercialização, mais sustentáveis do ponto de vista ambiental, econômico e cultural, contribuindo assim para a promoção do desenvolvimento regional.
O presente artigo resulta de um projeto de pesquisa realizado por um grupo multidisciplinar, composto por pesquisadores das áreas de Geografia, Agronomia, Economia, e Sociologia para atender a uma demanda da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) (Brasil) nos anos de 2006 e 2007. Dentre outros objetivos mais abrangentes, a pesquisa visou representar as diferentes escalas de atuação dos atores nos territórios rurais. Apresenta-se aqui as escalas de atuação dos atores em quatro projetos de desenvolvimento geridos por organizações sociais em quatro territórios rurais no Brasil - a Cooperativa Regional de Agricultura Camponesa (CORAC), Seberi, no território “Médio Alto Uruguai” - estado do Rio Grande do Sul; o Sistema de Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar (SISCLAF), Francisco Beltrão, no território “Sudoeste do Estado do Paraná”; o Centro de Formação da Agricultura Familiar São José Operário (CENTAF), Silvânia, no território “Estrada de Ferro”, estado de Goiás e a Associação Frutivale, Datas, no território “Vale do Jequitinhonha”, estado de Minas Gerais. Entende-se que a metodologia das escalas geográficas de poder e gestão, aplicada aos estudos de desenvolvimento territorial, pode contribuir tanto para uma compreensão mais clara de como os territórios são geridos e quem são os atores que interagem no processo de desenvolvimento, quanto no planejamento das ações e dinâmicas territoriais. Isto permite observar-se as potencialidades e fraquezas do território. Estas podem ser desenvolvidas ou reduzidas respectivamene, de maneiras a fomentar o processo de desenvolvimento territorial. Ela pode, portanto, servir como um instrumento para ações de planejamento e dinâmicas territoriais. A identificação dos atores e das escalas de poder e gestão nos territórios rurais foi realizada mediante a aplicação de entrevistas com roteiro semi-estruturado a lideranças de projetos de desenvolvimento.
Cet article est le résultat d'un projet de recherche réalisé en 2006 et 2007 par un groupe pluridisciplinaire composé de chercheurs en géographie, agronomie, économie et sociologie, à la demande du Secrétariat du Développement Territorial du Ministère du Développement Agraire (MDA) du Brésil. La recherche se fixait, entre autres objectifs, de représenter les différentes échelles d'action des acteurs de quatre projets de développement menés par des organisations sociales dans quatre territoires ruraux du pays : la Coopérative Régionale d'Agriculture Paysanne (CORAC) de Seberi (territoire du “Médio Alto Uruguai”, État du Rio Grande do Sul), le Système de Coopératives Laitières d'Agriculture Paysanne (SISCLAF) de Francisco Beltrão (territoire du “Sudoeste do Estado do Paraná”, État du Paraná), le Centre de Formation d'Agriculture Paysanne São José Operário (CENTAF) de Silvânia (territoire de l’“Estrada de Ferro”, État de Goiás) et l’Association Fruitière de Datas (territoire du “Vale do Jequitinhonha”, État du Minas Gerais). Il s’agissait de partir du principe que la méth...
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