O artigo apresenta reflexões construídas nas trajetórias de duas professoras de Pedagogia de uma universidade pública localizada no interior da Região Centro Oeste e tem como foco pesquisa de Mestrado em Educação. A investigação realizou-se com professoras da Educação Infantil e objetivou conhecer e compreender como vivenciaram/construíram concepções de gênero e sexualidade nas diversas relações interpessoais, nos espaços privado e público, uma vez que foram educadas e cuidadas para corresponderem aos comportamentos “ditos” de meninas, conforme padrões sociais e históricos dominantes. A metodologia efetuou-se com estudos em autores que discutem a infância, a Educação Infantil e interfaces com os temas gênero e sexualidade e usou-se a História Oral Temática, quando se registraram as memórias de infância. Nas análises evidenciaram-se aprendizados permeados por silêncios; cuidados e educação buscando uma feminilidade exigida como legítima, assim como uma forma considerada “normal” de sexualidade. Constatou-se que assertivas das diferenças de gêneros, de lugares previstos para meninas/meninos fizeram parte da infância das colaboradoras da pesquisa.
Resumo Apresentamos reflexões sobre os limites da instituição escolar em lidar com crianças e adolescentes que apresentam performances ou comportamentos que fogem às normas binárias de gênero. Os estudos sobre gênero e sexualidade foram lidos a partir da teoria queers e estudos foucaultianos. Como resultados, discutimos os comportamentos, os padrões e as normas que legitimam as infâncias e seus corpos infantis, problematizando os contextos sociais transmisóginos e transfóbicos presentes no espaço escolar, muitas vezes responsável pelo silenciamento desses indivíduos.
-Memories of Childhood and Education: eliasian approaches on women. Social relations between individuals are guided by educational and formation experiences that each one carries through life, by how they constitute themselves individually and collectively. From Elias and the methodology of oral history, the objective was to search, in the childhood memories of seven women, children's teachers, born between 1950 and 1970, the formation and education constituted in their childhood, in private and domestic spaces. It was learned that the professional choice is linked to female education, normalized by rules of control and civility. Keywords: Norbert Elias. Childhood. Education. Memories of Women. RESUMO -Memórias da Infância e da Educação: abordagens eliasianas sobre as mulheres.Relações sociais entre indivíduos estão pautadas pela experiência de educação e formação que cada um traz consigo ao longo da vida, pelo modo como se constituem individual e coletivamente. A partir de Elias e da metodologia da história oral, o objetivo foi buscar nas memórias de infância de sete mulheres, professoras de crianças, nascidas entre 1950 e 1970, a formação e a educação que se constituiu na infância em espaços privados e domésticos. Apreendeu-se que a escolha profissional tem vínculos com a educação feminina, normatizada por regras de controle e civilidade.
Federal da Grande Dourados O artigo aborda a educação feminina de imigrantes japonesas, em Dourados, Mato Grosso do Sul, considerando a sua participação e pioneirismo na abertura da "Escola Modelo de Língua Japonesa de Dourados/MS". Objetiva-se compreender como as mulheres se organizaram para manter valores tradicionais da cultura japonesa, buscando a difusão de padrões de comportamento, para crianças e jovens, em uma "Escola". As fontes, constituídas por histórias de vida, trajetórias docentes e memórias autobiográficas, foram recolhidas via procedimentos da história oral, o que permitiu abordar as relações de gênero. Utilizaram-se, também, documentos oficiais e fotos. Os resultados apontam que as professoras foram idealizadoras da "Escola" e figuras imprescindíveis à comunidade de imigrantes e de nipo-brasileiros, atuando até o presente na manutenção da tradição e da cultura japonesas no município. Conclui-se que as relações de gênero estão fortemente marcadas no grupo de imigrantes, se expressando no alijamento das mulheres do espaço público, apesar de que, no movimento específico, as mulheres estivessem à frente, paradoxalmente a sua educação, fundada em "silêncios" e "submissões" da "vida doméstica", características presentes na concepção de educação para meninas, demonstrando os aspectos da cultura e os padrões da formação feminina japonesa. Palavras-chave: Imigrantes japoneses. Memórias. Educação feminina. Educação étnica. resumo "Escola modelo de língua japonesa" em Dourados/ms: imigração, história e educação feminina
RESUMO A formação de professoras para a educação das futuras gerações se traduz em grande desafio, principalmente quando se acredita que junto do compartilhar de conteúdos científicos, curriculares, entende-se como partícipes dessa relação de aprendizado o compartir de conteúdos morais, sociais, éticos, estéticos etc. Daí, pensar em uma educação que se estabeleça em diferentes bases pode se tornar promissor, haja vista a possibilidade de se somar formação profissional e formação pessoal. Nessa perspectiva, utilizando os construtos teóricos eliasianos e a abordagem (auto)biográfica em suas interfaces com o campo educativo, o artigo traz à baila o inventário de um arquivo pessoal docente com foco em memoriais de infância (auto)biográficos elaborados por acadêmicas do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação (FAED) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), localizada em Dourados, estado de Mato Grosso do Sul (MS). O objetivo foi examinar a formação inicial de professoras que, em perspectiva, trabalharão com a educação das crianças. Analisaram-se diferentes figurações que compuseram esses processos, bem como teias de interpendência presentes nas trajetórias da professora e das acadêmicas, apreendendo que a (re)significação do vivido, ato reflexivo entendido como sendo de autoconhecimento do indivíduo, pode viabilizar o (re)constituir-se, propiciando novos fazeres para o cenário educativo.
Pensar diferenças e desnaturalizar desigualdades se faz necessário, pois o caminho para conquista de relações de gênero equânimes é longo, com avanços e recuos no processo. Neste contexto, a proposta é trazer para o debate a educação feminina e as relações de gênero vivenciadas na família, figuração entendida a partir da teoria do processo civilizador como constituída por teias de interdependência. Assim, o objetivo foi identificar e problematizar relações de gênero que permearam a educação feminina presentes em histórias escritas por mulheres/acadêmicas de Pedagogia, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Mato Grosso do Sul. O corpus da pesquisa foi formado por 20 memoriais de infância (auto)biográficos, documentos do arquivo pessoal de professora da referida universidade. Utilizaram-se para análises o referencial teórico eliasiano, abordagem (auto)biográfica e estudos de gênero. Os resultados apontaram que meninas e meninos carregam marcas dos contextos os quais se originam, pois são dependentes do seu grupo familiar para se situarem no mundo. Evidenciou-se que a infância de meninas está condicionada a uma educação coercitiva e formas de submissão e controle estabelecidos a elas, que comparada à história dos meninos, sugere desequilíbrio entre os gêneros. Porém, as problematizações dão conta de processos de transformação em curso. Sendo assim, conclui-se, a família foi lembrada como figuração que marcou a vida das mulheres/acadêmicas, mas ao rememorarem suas infâncias podem ter compreendido que nas relações interdependentes elas são constituídas, mas também constituem tais relações. Portanto, a depender de suas posturas e ações será possível vivenciar tempos de maior equilíbrio da balança de poder.
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