Este artigo analisa indicadores de risco e de proteção identificados em famílias com denúncia de abuso físico parental. Participaram deste estudo vinte famílias de nível socioeconômico baixo. O método de pesquisa constitui-se de entrevista semi-estruturada e inserção ecológica. Foram identificados indicadores de risco relacionados aos: 1) papéis familiares; 2) patologias; 3) práticas educativas e 4) comportamentos agressivos. Os indicadores de proteção apontam para: 1) rede de apoio social e afetiva; 2) valorização das conquistas e 3) desejo de melhoria futura. Conclui-se que os indicadores de risco são severos e diversificados, muitas vezes atuando de forma intensa no contexto familiar. Assim, podem permitir o uso de força física nas relações pais-filhos, ao mesmo tempo em que indicadores de proteção não estão suficientemente articulados para inibir tal ação. A compreensão dessa dinâmica possibilita a realização de ações educacionais e de saúde que visem a inibir e prevenir a violência intrafamiliar.
Resumo: O artigo é fruto de uma pesquisaintervenção junto a agentes comunitários de saúde (ACS) de uma unidade de saúde (US) da cidade de Porto Alegre-RS, cujo objetivo foi compreender as estratégias utilizadas por esses profissionais no cuidado em saúde mental. A metodologia utilizada foi a da cartografia, que visa acompanhar os deslocamentos no campo com base na coprodução entre pesquisador e objeto. A partir de espaços de Educação Permanente em Saúde, foram produzidos/ descobertos caminhos para a potencialização das práticas de cuidado, guiando-se pela reinvenção de percepções cotidianas e saberes populares como ferramentas de intervenção junto aos usuários. Essas foram chamadas práticas do comum -no diálogo com as análises de Negri e Hardt sobre as metamorfoses do trabalho contemporâneo e as possibilidades de resistência nesse contextoconstruindo relações de cuidado democráticas, de uma epistemologia compartilhada e com alto potencial terapêutico. Os ACS enredados na trama do território afetam-se pelo que é seu e podem agir a partir desses afetos. Entretanto, os modos de composição entre vida pessoal, saber comunitário e prática profissional podem ter vários resultados, gerando também ações culpabilizantes e higienistas, sendo necessária atenção constante às direções éticas pelas quais se constrói o trabalho. Palavras-chave: agente comunitário de saúde; Saúde Mental; Atenção Básica; comum.
O artigo compartilha passos de uma pesquisa que, ao tomar a dança como intercessora, trouxe a clínica em Saúde Mental na Atenção Básica à cena. Em uma Unidade de Saúde da Família, a clínica em Saúde Mental é desestabilizada e convidada a dançar. Uma psicóloga-bailarina-pesquisadora desperta a sensibilidade do corpo para problematizar a clínica a partir de suas experimentações dançantes. Sustentada no método cartográfico, constrói-se a proposta de uma “clínica do chão”, foco deste texto. A aposta, assim, é na transversalidade entre os campos da arte e da clínica para produzir ressonâncias, contágio. Um atendimento conjunto com uma agente comunitária de saúde é chamado a compor com os movimentos de criação da pesquisa que, tomando o chão como aliado, inventa modos de clinicar e de proliferar sentidos.
O estudo aqui apresentado objetivou acompanhar o processo de apoio matricial em saúde mental em uma equipe de saúde da família no município de Porto Alegre para produzir conhecimento acerca deste dispositivo de cuidado. O Ministério da Saúde brasileiro aponta o apoio matricial como estratégia de mudança nos modos de gerir e cuidar em saúde, constituindo estratégia potente para a articulação das ações de saúde mental na atenção primária. A pesquisa utilizou-se do método cartográfico com a realização de três rodas de conversa e acompanhamento das reuniões entre equipe apoiadora e equipe de saúde da família durante oito meses. Analisaram-se os materiais registrados nos diários de campo, atas das reuniões de equipe e relatos das discussões de caso. O apoio matricial mostrou-se importante estratégia de interferência nos processos de trabalho, construído na singularidade dos encontros e nas descontinuidades do processo. Em alguns períodos, houve maior envolvimento das equipes nos espaços de discussão e gestão do cuidado, com reverberação do fazer junto através da realização de interconsultas e visitas na rede intersetorial. Em outros momentos, permeado pelas fragilizaçõesinstitucionais, este dispositivo foi importante para apoiar as/os trabalhadoras/es. Nesta experiência, o apoio matricial possibilitou ampliar o olhar e as ações de promoção de cuidados em saúde mental na atenção primária através da produção de saberes e práticas em ato.
Neste artigo, objetivamos relatar a experiência de uma pesquisa participativa, interventiva e cartográfica em saúde mental na atenção básica, problematizando os modos de conhecer e explorando as potencialidades e afetos despertados em campo. Trazemos a trajetória da pesquisa “Qualificação da Saúde Mental na Atenção Básica: análise das práticas de equipes da Região 10-Macrometropolitana/RS a partir do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB)”, discutindo especificamente o processo em um dos municípios envolvidos. Adentramos o campo, descentralizando gestos acadêmicos em contato com os descentramentos da atenção básica. Experimentamos composições nesse nível porta de entrada do sistema de saúde, junto a usuários, trabalhadores e gestores, abrindo-nos aos imprevisíveis que exigem invenção e construção de um comum em meio às comunidades e territórios. Tal perspectiva articula pesquisa e saúde mental na busca por modos clínicos e pesquisantes mais autônomos, singulares e produzidos em conjunto no campo.Palavras-chave: Cartografia; Saúde Mental; Atenção Básica.
O objetivo deste trabalho é problematizar a clínica e o corpo no hospital, especificamente em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, a partir da experiência da autora como psicóloga nesse contexto. Utilizando uma metodologia cartográfica que resgata um plano de sensibilidades, frequentemente higienizadas no hospital, percorremos as singularidades dos encontros clínicos, atravessados pelos agenciamentos das instituições hospital e família. Com isso, evidenciamos as marcas homogeneizantes e apacientadoras dos encontros com o bebê prematuro que ali se encontra, mas também percebemos linhas de fuga a esses modos dominantes que abrem novas possibilidades de cuidar. Ao nos interrogarmos sobre a potência do corpo e da clínica, fomos percorrendo e afirmando uma clínica minúscula, que se compõe nos encontros singulares e coloca em cena outra ética intensiva da vida.
Neste artigo, apresentamos uma discussão sobre a utilização de conceitos na construção de uma tese. Argumentamos a respeito da necessidade de entrar em contato com aquilo que não se faz tão evidente no processo do pensamento e, para tanto, afirmamos a necessidade de problematizar os conceitos numa operação que chamamos de desmontagem. Elencamos então algumas operações envolvidas nesse processo, inspiradas por Deleuze e Guattari, tomando como ponto de partida os conceitos como contingentes e construídos, situando-os no plano de imanência, historicizando-os e articulando-os com o campo problemático em que se constroem. Afirmamos, assim, o caráter criativo da construção de uma tese, na qual desmontar torna-se também remontar conceitos, dando consistência ao processo de produção de conhecimento.
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