OBJETIVO: Analisar a presença do distúrbio de voz em professores na concordância entre autorreferência, avaliação perceptiva da voz e das pregas vocais. MÉTODOS: Deste estudo transversal, participaram 60 professores de duas escolas públicas de ensino fundamental e médio. Após responderem questionário de autopercepção (Condição de Produção Vocal do Professor - CPV-P) para caracterização da amostra e levantamento de dados sobre autorreferência ao distúrbio de voz, foram submetidos à coleta de amostra de fala e exame nasofibrolaringoscópico. Para classificar as vozes, três juízes fonoaudiólogos utilizaram à escala GRBASI e, para pregas vocais (PPVV), um otorrinolaringologista descreveu as alterações encontradas. Os dados foram analisados descritivamente, e a seguir submetidos a testes de associação. RESULTADOS: No questionário, 63,3% dos participantes referiram ter ou ter tido distúrbio de voz. Do total, 43,3% foram diagnosticados com alteração em voz e 46,7%, em prega vocal. Não houve associação entre autorreferência e avaliação da voz, nem entre autorreferência e avaliação de PPVV, com registro de concordância baixa entre as três avaliações. Porém, houve associação entre a avaliação da voz e de PPVV, com concordância intermediária entre elas. CONCLUSÃO: Há maior autorreferência a distúrbio de voz do que o constatado pela avaliação perceptiva da voz e das pregas vocais. A concordância intermediária entre as duas avaliações prediz a necessidade da realização de pelo menos uma delas por ocasião da triagem em professores.
O objetivo deste artigo foi realizar uma revisão das publicações brasileiras referentes à voz do professor, produzidas por fonoaudiólogos, no período de 1994 a 2008. O estudo transversal, de natureza bibliográfica, foi realizado em três etapas. A primeira constou de levantamento em diferentes fontes; a segunda compreendeu a busca dos resumos de todos os trabalhos relacionados; na terceira, foi realizada leitura do material para classificação em quatro categorias: avaliação dos indivíduos; avaliação dos efeitos de intervenções; descrição de intervenções; e estudos bibliográficos/teóricos/documentais. Foram contabilizadas 500 publicações, sendo 415 (83%) referentes às categorias de avaliações e, dentre essas, 357 (86%) com objetivo de avaliação dos participantes e/ou das condições de trabalho e apenas 58 (14%) com preocupação de avaliar os efeitos de programas/intervenções. Quanto às dimensões de análise das avaliações, que em 202 estudos (48,7%) foram mais de uma, a perspectiva dos próprios professores foi a mais utilizada (52,5% das análises), seguida por análises perceptivo-auditivas realizadas por fonoaudiólogos (15,2%), e avaliação do ambiente e da organização do trabalho (14,9%). Na categoria denominada descritivos de intervenção foram encontrados 31 (6,2%) trabalhos e na categoria bibliográfico/teórico/documental, 54 (10,8%). A revisão realizada confirma que a perspectiva da avaliação vocal tem sido privilegiada nos estudos brasileiros. Avaliações de efeito de intervenções, mais recentes e ainda pouco representativas, indicam uma tendência de mudança de foco que pode auxiliar a compreensão da complexa realidade do uso da voz na docência, nortear futuras ações fonoaudiológicas e inspirar estudos sobre intervenção fonoaudiológica com esses indivíduos.
Determinar a associação entre distúrbio de voz e estresse no trabalho em professoras da rede municipal de São Paulo, Brasil é o objetivo deste estudo caso-controle, realizado com professoras com (n = 165) e sem (n = 105) distúrbio vocal. Foram utilizados os questionários Condição de Produção Vocal e Job Stress Scale. Os grupos são comparáveis nas variáveis de controle, diferenciando-se apenas quanto aos sintomas vocais. Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação ao estresse no trabalho na condição de alta exigência (OR = 2,1; IC95%: 1,1-3,9), que representa alta demanda associada a baixo controle do trabalho. Concluindo que a condição de alto desgaste associada ao grupo com distúrbio de voz, neste estudo, é a que apresenta maior risco de adoecimento físico e psíquico ao trabalhador. Ao perder a voz, o professor perde a possibilidade de manter-se em sua função, perde sua identidade profissional, o que coloca, em risco, a sua carreira como educador.
OBJETIVOS: Analisar as condições de produção vocal em teleoperadores e correlacioná-las ao fato deles estarem ou não satisfeitos com a sua voz. MÉTODOS: Participaram 100 teleoperadores, atuantes em empresas de diferentes segmentos, os quais responderam a um questionário que levantou dados pessoais, saúde geral, hábitos e sintomas vocais. Os dados foram analisados estatisticamente, correlacionando os grupos que disseram estar ou não satisfeitos com a voz (Mann-Whitney - p < 5%). RESULTADOS: Dentre os entrevistados, 80% estão satisfeitos com a sua voz. Quanto aos hábitos, os mais relatados são: falar muito (69%), comer chocolate (65%), tomar café (60%); entre as queixas mais mencionadas estão: garganta seca (53%), pigarro (33%), cansaço ao falar (31%). Quando perguntados sobre possíveis causas desses sintomas mencionam: uso intenso da voz (51%), presença do ar condicionado (57%), ambiente frio/quente demais (40%). Na comparação entre os grupos de teleoperadores satisfeitos e insatisfeitos com a voz, mostraram-se significantes a favor dos insatisfeitos: ter maior carga horária semanal (p=0,032); presença de distúrbios de vias aéreas como rinite (p=0,009) e sinusite (p=0,014); o hábito de falar muito (p=0,024); sintomas como cansaço ao falar (p=0,010), ardor na garganta (p=0,044), falhas na voz (p=0,002); relacionamento ruim (p=0,041) e estresse no trabalho (p=0,001). CONCLUSÃO: Fatores decorrentes de alterações relacionadas à saúde física dos teleoperadores e fatores organizacionais da empresa mostraram-se responsáveis por justificar a presença de sintomas vocais e, conseqüentemente, insatisfação com a própria voz em contexto de trabalho.
OBJETIVO: identificar os hábitos vocais autorreferidos por professores, e associar os mesmos a presença de rouquidão, cansaço ao falar, garganta seca e alteração de voz, também autorreferidos. MÉTODOS: 88 professores de duas escolas de ensino fundamental e médio da rede pública do Município de Sorocaba responderam o questionário CPV-P composto de 84 questões, e parte dessas foi analisada (dados pessoais; situação funcional; aspectos vocais e hábitos). Na análise estatística, as variáveis dependentes foram a autorreferencia a alteração de voz, rouquidão, cansaço ao falar, e garganta seca, e as independentes sexo, idade, situação funcional e hábitos. A análise estatística, realizada no programa STATA 8.0 por meio do teste de associação (qui-quadrado) considerou nível de p < 0,05. RESULTADOS: 64,77% dos sujeitos fizeram autorreferencia a alteração vocal, 54,55% a cansaço ao falar, 53,41% a garganta seca, 44,32% a rouquidão. Dentre os hábitos inadequados, 86,52 autorreferiram falar muito; 59,55%, falar em lugar aberto; e 50,56%, gritar. Em contrapartida, 67,42% poupam a voz, e 75,28% bebem água durante o uso da voz. Foi possível observar a associação entre a autorreferência a presença de alteração vocal e ser mulher (valor de p=0,018) e falar muito (valor de p=0,033); entre cansaço ao falar e ser mulher (valor de p=0,017) e mais idoso (valor de p=0,012); entre garganta seca e ser mais idoso(valor de p=0,033). CONCLUSÃO: os hábitos referidos em maior número foram os de falar muito, em lugar aberto e gritar. As variáveis ser mulher, mais idoso e falar muito estiveram associadas a parte dos sintomas analisados.
OBJETIVO: Caracterizar as leis sobre saúde vocal publicadas em todo território nacional até o ano de 2006. MÉTODOS: Foram feitas buscas da documentação em sites oficiais, assim como um questionário elaborado pelas autoras foi divulgado no meio fonoaudiológico, por correio eletrônico, para captar o maior número de leis possível. Obtiveram-se 22 documentos que foram analisados quanto ao raio de abrangência, ações propostas, natureza dessas ações, público-alvo, secretarias envolvidas, iniciativa e promulgação das leis. Tais dados foram analisados de maneira absoluta (numérica) e relativa (percentualmente). RESULTADOS: Os documentos são, em sua maioria, leis de abrangência estadual, mais numerosas na região sudeste, propostas pelo poder legislativo, cuja viabilização compete a uma parceria entre secretarias de saúde e educação estaduais. As ações propostas, de modo geral, preconizam a implementação de assistência preventiva por meio de cursos teórico-práticos (90,91%), com periodicidade anual, ministrados por fonoaudiólogos, com a ressalva de que será oferecido, ao professor com distúrbio vocal, acesso ao tratamento fonoaudiológico e/ou médico (77,27%). Em apenas três documentos (13,64%) avança-se para além de cursos, com propostas de ações de promoção à reabilitação, inclusive com menção ao ambiente de trabalho. Dois deles (9,09%) consideram os direitos do professor trabalhador. CONCLUSÃO: Levando-se em conta o grande número de casas legislativas no Brasil, poucas são as leis propostas a favor da saúde do professor, especialmente em relação à voz. Além disso, para que sejam aplicadas e transformadas em programas de saúde vocal, tais iniciativas devem partir de competência constitucional própria, a fim de garantir os recursos financeiros necessários para a sua viabilização.
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