A ideia de transferência de conhecimento sempre esteve presente na relação entre universidade e so-ciedade. A noção de que a universidade deveria oferecer às classes populares o conhecimento que produz está na origem do termo extensão e segue presente em toda a sua trajetória histórica. Este artigo tem como objetivo explorar a relação entre extensão e transferência de conhecimento a partir da análise das influências internacionais na extensão universitária brasileira. A literatura sobre extensão no Brasil reconhece duas influências internacionais na prática extensionista no país: as Universidades Populares europeias e os Land Grant Colleges dos EUA. A essas duas influências soma-se o movimento reformista de Córdoba como marco da origem da extensão no Brasil. Inicialmente são abordadas as três influências internacionais na extensão universitária no Brasil e a maneira como a ideia de transferência de conhecimento aparece em cada uma delas. Em seguida, apresenta-se a crítica à ideia de transferência de conhecimento a partir de dois autores referência para a extensão universitária brasileira: Paulo Freire e Michel Thiollent. Por fim, na última seção, analisa-se as três influências diante da crítica à ideia de transferência de conhecimento. Os resultados apresentados sugerem que as influências europeia e dos EUA têm como fundamento a perspectiva da transferência de conhecimento. As universidades populares latino-americanas, por sua vez, parecem apontar para a autocrítica da universidade e para a superação de uma extensão que fomenta uma relação de tutela entre universidade e as classes populares.
O objetivo deste artigo é refletir sobre a abordagem de gênero integrada ao ensino de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) nos cursos de engenharia. Para isso, é explorada a proposta da educação CTS para os cursos de cunho tecnológico, com foco na potência que essa perspectiva traz para a discussão de temas frequentemente marginalizados ou omitidos nestes cursos. Em seguida, é realizada uma revisão sobre as relações entre gênero, ciência e tecnologia com foco em estudos que refletem sobre diferentes abordagens para o caso das engenharias. Por fim, ao articular as seções anteriores, são apresentadas reflexões sobre a possibilidade de que os estudos de gênero, assim como outros recortes relevantes para a construção de um currículo socialmente comprometido, sejam incorporados não somente às ementas das disciplinas de CTS, mas em toda a formação em engenharia. PALAVRAS-CHAVE:Gênero e engenharia. Formação do(a) engenheiro(a). Ciência, tecnologia e sociedade. Ensino de engenharia.
EDITORIAL Seção Temática: Engenharia e Desenvolvimento SocialNeste número, a revista Tecnologia e Sociedade novamente aborda a temática Engenharia e Desenvolvimento Social, agora com uma seção temática. A revista já publicou um número especial sobre o tema (v. 11, n. 22, 2015). Alimentada pelos artigos apresentados no Encontro Nacional de Engenharia e Desenvolvimento Social (ENEDS), a seção temática contou também com uma chamada aberta para artigos.As conexões entre engenharia e desenvolvimento social ganham destaque na última década dentro das universidades brasileiras. Embora não seja um tema novo, dá origem a uma área que direciona seus esforços para atividades de ensino e de extensão e, muitas vezes, deixa de lado as atividades de pesquisa e, especialmente, a publicação de suas análises e resultados em teses, dissertações e artigos científicos. Por isso, podese considerar bastante recentes as reflexões sobre o tema.Dentro dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia, são raros os estudos com abordagens que sejam capazes de unir não apenas as diversas áreas das ciências humanas e sociais aplicadas, mas também as contribuições das ciências exatas e, especialmente, da engenharia. É bem verdade que a engenharia não explicita suas relações com os aspectos sociais, políticos, ambientais, etc. As conexões, no entanto, são muitas e muito importantes.Tendo como ponto de partida a construção social da tecnologia e as negociações, controvérsias e disputas inerentes ao seu processo de desenvolvimento, a engenharia também precisou se criticar e se reinventar. Essa reinvenção se deu, em parte, através da sua busca insistente e pragmática por alternativas de desenvolvimento fora das grandes empresas privadas. Embora receba a pecha de alienada e alienante, a engenharia tem uma face engajada, comprometida e reflexiva.É a partir dessas reflexões que estruturamos esta seção temática com o intuito de apresentar o estado da arte dos estudos sobre Engenharia e Desenvolvimento Social. Para isso, foram selecionados artigos que possibilitam aos leitores e leitoras a aproximação com as reflexões feitas sobre e pela engenharia na atuação para o desenvolvimento social. Para profissionais, docentes e estudantes da engenharia, os artigos possibilitam a aproximação com algumas experiências de atuação e, principalmente, com as reflexões feitas a partir delas.No total, foram selecionados quatro artigos. O primeiro deles, de autoria de John B. Kleba, apresenta de forma minuciosa o que o autor chama de Engenharia Engajada que, mais ampla que a Engenharia e Desenvolvimento Social, engloba diferentes formas de atuação. O artigo constrói um mapa do movimento internacional que almeja aproximar a engenharia do seu papel social e seus desafios para o ensino e a extensão. Por isso é o ponto de partida da seção temática. O segundo artigo de autoria de Celso A. Souza de Alvear, Cristiano Cordeiro Cruz e Pedro Barreto Miranda, busca descrever o campo da Engenharia e Desenvolvimento Social, a partir da análise dos anais do Encontro Nacional de Engenha...
This article presents a reflection about the human rights promoted and violated in the digital environment, with a special focus on the existence of community space, a network of free circulation that gave us a new perfection of social relationship, which is very important. approaching the traditional agora. At the end, the general situation of the Democratic State of Law in Brazil, conceived by modernity, is analyzed, in face of the challenges of hypercommunication, Based on reflections by Bazzo, Castells, Lévy, Morin, Brazilian and international legislation.
ResumoNeste artigo fazemos uma releitura, com lentes feministas, de duas infl uências históricas do pensamento latino-americano sobre a tecnologia social. Em um primeiro momento, olhamos para o movimento independentista da Índia, na primeira metade do século xx, que incorpora à sua causa uma política de disseminação da charkha, uma espécie de roca de fi ar. Difundida no período em que Gandhi liderou o movimento, a fi ação passou a ser símbolo da luta nacionalista, e é tida como exemplo emblemático de alternativa sociotécnica. Em um segundo momento, analisamos o "movimento de tecnologia apropriada", como um conjunto de refl exões e iniciativas que se popularizam nos anos 1970 para a disseminação de tecnologias supostamente adequadas à realidade das regiões empobrecidas do sul. Ocupando-nos de preencher as lacunas analíticas de gênero, destacamos as contribuições de autoras que desvelaram o caráter androcêntrico de tais políticas, explicando como se produzem tecnologias inadequadas a partir da oclusão do trabalho das mulheres e das demandas comunitárias de cuidados no meio rural africano e asiático. Por fi m, tecemos conexões entre o gênero e a construção de alternativas sociotécnicas e argumentamos que é na invisibilidade do caráter feminizado do cuidar e na incorporação acrítica da lógica produtivista que a tecnologia social encarna o androcentrismo.Palavras-Chave • Tecnologia social. Feminismo. Tecnologia apropriada. Gandhi. Cuidar. IntroduçãoNeste artigo tecemos uma releitura das infl uências históricas que conformam o marco analítico-conceitual da tecnologia social (TS) na América Latina. Revisitamos os fi os que compõem uma história particular de construção de alternativas sociotécnicas com lentes feministas. Procuramos, nesse passado, as marcas deixadas pelas mulheres do sul na defi nição das alternativas constituídas e analisamos como estruturas hierarquizadas relacionadas ao gênero compõem os fatores sociais que moldam e são moldados pela construção tecnológica contra-hegêmonica. Através dos fi os soltos da história fazemos uma refl exão sobre os contornos androcêntricos do pensamento contemporâneo da TS.
Partindo da crítica à visão de que o conhecimento técnico-científico no Brasil é oriundo principalmente da Europa, neste trabalho será analisada a influência da metalurgia desenvolvida pelos povos bantus no Brasil do século XV até o XIX. Esses povos habitavam grandes extensões do continente africano e foram trazidos para o Brasil na condição de escravizados e , com eles, diversos conhecimentos, como a metalurgia.
Este artigo pretende refletir acerca dos desafios da autogestão nos Empreendimentos de Economia Solidária (EES), considerando as intersecções das desigualdades de raça, gênero e classe. Para tanto, foram analisados especificamente empreendimentos incubados pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, da Universidade Estadual de Campinas (ITCP/Unicamp), entre 2018 e 2020. A fim de qualificar a reflexão e análise, este artigo contextualiza o surgimento das ITCPs como prática extensionista durante o avanço das políticas neoliberais entre 1980 e 1990, especialmente durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Além disso, considerando a organicidade dos empreendimentos supracitados, propõe-se uma abordagem interseccional das desigualdades, no âmbito da Economia Solidária (ES). Por fim, pretende-se argumentar que, mesmo sendo um eixo de resistência ao avanço do capitalismo neoliberal, a ES não está isenta de contradições e estigmas que embasam as relações de trabalho convencionalmente, questões essas que desafiam a estruturação sólida de suas diretrizes, dentre elas a autogestão.
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