Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.Atitudes linguísticas de universitários em relação às formas pronominais a gente e tu Linguistic attitudes of university students regarding the pronominal forms a gente and tu Resumo: O uso da língua é uma forma de comportamento social (LABOV, 2008(LABOV, [1972), com consequências intencionais e não intencionais (CARGILE, et al., 1994). Em um contexto social específico, a língua não só é usada para comunicar as necessidades, as ideias e as emoções dos seres humanos, mas também para fazer inferências a respeito das capacidades e atributos sociais do falante, ou seja, para emitir atitudes linguísticas conscientemente ou não. Neste trabalho, objetivamos identificar as atitudes linguísticas de estudantes universitários frente ao uso da forma pronominal de 1ª pessoa do plural a gente e da forma de 2ª pessoa do singular tu, bem como se elas (atitudes linguísticas) se assemelham ou não. Para subsidiar a análise, os dados foram coletados a partir da aplicação de um teste de atitude linguística a 60 estudantes (30 mulheres e 30 homens) da Universidade Federal de Sergipe, Campus Prof. Alberto Carvalho -Itabaiana/SE. Em termos gerais, os resultados evidenciaram que a percepção dos estudantes considera as dimensões de padronização e vitalidade das formas linguísticas, bem como a noção de normas sociais atreladas a esses comportamentos linguísticos, como adequação das formas na comunidade de fala. Além disso, os resultados apontaram que as formas pronominais em análise não são estigmatizadas pelos universitários, evidenciando, assim, que esse pronome possui aceitabilidade na comunidade em estudo. Palavras-chave:Variação; Segunda pessoa do singular; Primeira pessoa do plural; Atitudes linguísticas.Abstract: The use of language is a form of social behavior (LABOV, 2008(LABOV, [1972), with intentional and unintended consequences (CARGILE, et al., 1994). In a specific social context, language is not only used to communicate the needs, ideas and emotions of human beings, but also to make inferences about the speaker's social capacities and attributes, ie to consciously or non-consciously speak linguistic attitudes. In this work, we aim to identify the linguistic attitudes of university students regarding the use of the pronominal form of the first person plural and the 2nd person singular form as well as whether they (linguistic attitudes) resemble each other or not. To support the analysis, the data were collected from the application of a linguistic attitude test to 60 students (30 women and 30 men) of the Federal University of Sergipe, Campus Prof. Alberto Carvalho -Itabaiana / SE. In general terms, the results showed that students' perceptions consider the dimensions of standardization and vitality of linguistic forms, as well as the notion of social norms linked to these linguistic behaviors, a...
Resumo: A indeterminação do sujeito se configura como uma estratégia de polidez ao impedir, atenuar ou reparar eventuais ameaças à face do locutor ou interlocutor durante a interação; o falante, por meio da indeterminação do referente de primeira pessoa do plural, demonstra sua proximidade/distância do conteúdo proposicional (BROWN; LEVINSON, 1987). Analisamos a variação na primeira pessoa do plural como estratégia de indeterminação do sujeito a fim de verificar se os contextos pragmáticos (distância social, poder relativo e custo da imposição) condicionam a escolha das variantes nós e a gente, no português. Utilizamos a amostra Dados de fala de estudantes do Atheneu Sergipense, vinculada ao banco de dados Falares Sergipanos (FREITAG, 2013). Após a coleta, os dados foram correlacionados às variáveis independentes pragmáticas e submetidos ao tratamento estatístico do programa GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). A forma a gente foi mais frequente no corpus analisado, utilizada em 71% dos contextos de indeterminação do sujeito. Os resultados específicos em relação às variáveis pragmáticas apontam para o maior uso da variante a gente em interações com grau distante de familiaridade entre os interlocutores, em situações em que o falante se encontra sem o domínio do tópico interacional e em contextos com maior grau de imposição do ato comunicativo, sugerindo que a forma a gente é mais utilizada em contextos mais polidos, denotando, assim, gradiente de polidez no paradigma pronominal. Palavras-chave: Variação linguística; polidez; primeira pessoa do plural; indeterminação do sujeito. IntroduçãoA indeterminação do sujeito, atrelada à especificidade, é uma estratégia do âmbito semântico-pragmático, visto que o falante indetermina o referente por não o conhecer ou não querer determiná-lo, visando impedir ou atenuar eventuais conflitos durante a interação verbal. Por isso, a indeterminação também funciona como uma estratégia de polidez linguística. Neste artigo, apresentamos os resultados de um estudo sobre a variação na primeira pessoa do plural como estratégia de indeterminação do sujeito, a fim de verificar como os contextos pragmáticos (distância social, poder relativo e custo da imposição) condicionam a escolha das variantes nós e a gente em uma amostra sociolinguística constituída especificamente para permitir este tipo de análise. Polidez e variação linguísticaA polidez é uma estratégia linguística utilizada com o objetivo de evitar conflitos na interação verbal. Na literatura linguística há três modelos seminais para efeitos da polidez: os de Robin Lakoff (1973), Geoffrey Leech (1983 LEVINSON, 1987); e do ponto de vista sociolinguístico, a relação entre sexo/gênero dos interlocutores mostra-se significativa (HOLMES, 1995;MILLS, 2003;. A expressão da polidez relaciona-se diretamente com as relações estabelecidas no momento da interação verbal, por exemplo, as dimensões de poder e solidariedade (BROWN;4 "In general, people cooperate (and assume each other's cooperation) in maintaining face in interaction...
A primeira pessoa do plural apresenta diferentes possibilidades de interpretação semântica, codificando referentes mais ou menos abrangentes. Os estudos sociolinguísticos evidenciam que o valor semântico atrelado aos contextos referenciais expressos pela primeira pessoa do plural é significativo para a variação entre as formas nós e a gente. A fim de apresentar generalizações a respeito do uso de a gente em função dos traços semânticos do referente, apresentamos um estudo de meta-análise de dezessete pesquisas variacionistas que analisaram a interpretação semântica das formas de primeira pessoa do plural. Inicialmente, realizamos teste de qui-quadrado para cada estudo de forma independente. De modo geral, os resultados da análise univariada mostram que há associação entre a escolha da variante (nós ou a gente) e o traço semântico do referente. Em seguida, com o objetivo de apresentar uma generalização a respeito das chances de uso de a gente com valor semântico específico/determinado, realizamos análise de regressão logística generalizada para cada estudo. Os resultados dão indícios de que os contextos referenciais específicos/determinados apresentam tendência a serem codificados por a gente, o que indica a perda da distinção semântica específico/genérico entre as variantes nós e a gente.
We present results of a comparative study of beliefs about (i) the pronominal forms a gente (“we”) and tu (“you”) and (ii) the social evaluation of nonstandard verbal agreement with these two pronouns by a group of students from the Federal University of Sergipe (Itabaiana-SE). We discuss the methodological advances in the use of the Iramuteq software, through a multidimensional analysis of beliefs and linguistic attitudes. A survey was designed to measure the attitudes towards the following grammatical patterns: i) a gente (“we”); ii) tu (“you”); iii) a gente vivemos (“we 1PL live 1PL”); and iv) tu vai (“you 2SG go 3SG”). The results reveal that the students’ perception of grammatical patterns is based on dimensions of standardization and vitality; they attribute two types of social values to the linguistic forms: cultural (common, habitual, strange, normal) and normative (correct, wrong). The form a gente vivemos (“we live-1PP”) seems to be the only one to which stigma is attached in the community. The results also reveal that the students link these forms to notions of social adequacy both to the interactional context and to the speech community. The analysis with Iramuteq represents a methodological advance for perception studies, by enabling comparability between the vocabulary used by the students and the linguistic forms under evaluation, and providing an objective, reliable statistical analysis.Keywords: grammatical patterns; variation; linguistic attitudes.Resumo: Apresentamos os resultados de um estudo comparativo entre crenças relativas às formas pronominais a gente e tu e a avaliação social da concordância não padrão com tais formas por um grupo de universitários da Universidade Federal de Sergipe. A partir de uma análise multidimensional das crenças por meio do Iramuteq, objetivamos discutir as vantagens metodológicas do uso desse software para estudos de atitudes linguísticas. Um questionário foi desenvolvido para mensurar as atitudes acerca dos seguintes padrões gramaticais: i) a gente; ii) tu; iii) a gente vivemos; e iv) tu vai. Os resultados evidenciam que a percepção dos universitários em relação aos padrões gramaticais considerados baseia-se nas dimensões de padronização e vitalidade, atribuindo às formas linguísticas dois tipos de valores sociais: cultural (comum, costume, estranho, normal) e normativo (correto, errado). Dentre as formas linguísticas avaliadas, apenas a gente vivemos parece carregar estigma na comunidade, com avaliação negativa. Os resultados mostram também que os universitários atrelam o uso dos padrões gramaticais avaliados à noção de normas sociais de adequação ao contexto interacional e à comunidade de fala. A análise com o Iramuteq representa um ganho metodológico para os estudos de percepção, pois, além de permitir a comparabilidade entre o vocabulário utilizado pelos participantes e as formas linguísticas sob avaliação, oferece uma análise estatisticamente sólida, confiável e objetiva.Palavras-chave: padrões gramaticais; variação; atitudes linguísticas.
O comportamento linguístico pode ser descrito e compreendido a partir dos julgamentos que os falantes fazem sobre determinado fenômeno linguístico.O falante exerce, de forma mais ou menos consciente, avaliações positivas ou negativas em relação a fenômenos variáveis da língua, influenciando o direcionamento dos processos de variação e mudança linguísticas (LABOV, 2008). Partindo dessa premissa, objetivamos analisar a percepção e a avaliação de universitários da Universidade Federal de Sergipe, Campus Prof. Alberto Carvalho, em relação à palatalização do /S/ em coda silábica. Para realizarmos este estudo, adotando uma abordagem direta, utilizamos um teste de atitudes linguísticas com perguntas relacionadas à palatalização do /S/ em coda, considerando o contexto seguinte t, com os estímulos pasta, costa, pista, e o contexto de coda externa, com os estímulos lápis, ônibus, depois. A partir dospressupostos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008), aplicamos um questionário a 60 informantes. Os resultados evidenciam que os universitários apresentam avaliação neutra em relação à palatalização do /S/ em coda no contexto seguinte t. Por outro lado, a palatalização no contexto de coda externa é alvo de avaliação negativa. Esses resultados evidenciam que a percepção dos universitários em relação à palatalização é sensível ao contexto linguístico.
O português brasileiro permite o não preenchimento da posição sujeito; no entanto, estudos linguísticos têm constatado uma tendência ao uso do sujeito expresso. Nesse sentido, visamos analisar o uso do sujeito nulo em produções escritas de estudantes do ensino fundamental. Após análise, constatamos que existe variação entre sujeito nulo e expresso, sendo as variáveis linguísticas significativas para a compreensão do fenômeno.
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