Este texto apresenta uma análise do uso das perguntas na sala de aula numa perspectiva textual-interativa. Partimos da revisão de estudos que tratam de estratégias interrogativas na fala a fim de elaborarmos uma proposta de classificação destas no discurso de sala de aula.
Desde a década de 1970, com o estudo pioneiro de Robin Lakoff, diversos estudos têm evidenciado a relação entre a linguagem e o sexo/ gênero do falante. Se outrora a diferença na fala de homens e mulheres estava relacionada ao papel desempenhado por cada um na sociedade, atualmente, em um momento em que indivíduos de ambos os sexos/gêneros desempenham os mesmos papéis sociais, as diferenças entre as formas de falar podem estar relacionadas a fatores pragmáticos. Temos como objetivo, neste capítulo, analisar os efeitos do fator sexo/
À luz dos pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006; LABOV, 2008) e da Psicologia Social (LAMBERT; LAMBERT, 1972), neste trabalho, objetivamos identificar as crenças e as atitudes linguísticas de 60 estudantes da Universidade Federal de Sergipe, CampusProf. Alberto Carvalho – Itabaiana/SE, perante o fenômeno da monotongação dos ditongos decrescentes (“ouro” ~ “oro”) e crescentes (“ciência” ~ “ciênça”). Para tanto, a coleta dos dados foi feita a partir da aplicação de um questionário de atitudes linguísticas composto por seis perguntas subjetivas/abertas sobre cada tipo de monotongação para verificar se os falantes possuem uma avaliação positiva ou negativa sobre o fenômeno em estudo. Os resultados evidenciaram que os estudantes, tendo consciência ou não da redução da semivogal no ditongo decrescente, apresentam posicionamento positivo quanto ao fenômeno e acreditam que ele acontece independentemente de a pessoa ser escolarizada ou não. Diferentemente acontece quando a redução ocorre em ditongo crescente: os estudantes têm uma visão negativa desse fenômeno e acreditam que as pessoas podem sofrer alguma coerção social, corroborando, assim, com os resultados dos estudos sociolinguísticos de que os fenômenos mais salientes são os mais estigmatizados.
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.Atitudes linguísticas de universitários em relação às formas pronominais a gente e tu Linguistic attitudes of university students regarding the pronominal forms a gente and tu Resumo: O uso da língua é uma forma de comportamento social (LABOV, 2008(LABOV, [1972), com consequências intencionais e não intencionais (CARGILE, et al., 1994). Em um contexto social específico, a língua não só é usada para comunicar as necessidades, as ideias e as emoções dos seres humanos, mas também para fazer inferências a respeito das capacidades e atributos sociais do falante, ou seja, para emitir atitudes linguísticas conscientemente ou não. Neste trabalho, objetivamos identificar as atitudes linguísticas de estudantes universitários frente ao uso da forma pronominal de 1ª pessoa do plural a gente e da forma de 2ª pessoa do singular tu, bem como se elas (atitudes linguísticas) se assemelham ou não. Para subsidiar a análise, os dados foram coletados a partir da aplicação de um teste de atitude linguística a 60 estudantes (30 mulheres e 30 homens) da Universidade Federal de Sergipe, Campus Prof. Alberto Carvalho -Itabaiana/SE. Em termos gerais, os resultados evidenciaram que a percepção dos estudantes considera as dimensões de padronização e vitalidade das formas linguísticas, bem como a noção de normas sociais atreladas a esses comportamentos linguísticos, como adequação das formas na comunidade de fala. Além disso, os resultados apontaram que as formas pronominais em análise não são estigmatizadas pelos universitários, evidenciando, assim, que esse pronome possui aceitabilidade na comunidade em estudo. Palavras-chave:Variação; Segunda pessoa do singular; Primeira pessoa do plural; Atitudes linguísticas.Abstract: The use of language is a form of social behavior (LABOV, 2008(LABOV, [1972), with intentional and unintended consequences (CARGILE, et al., 1994). In a specific social context, language is not only used to communicate the needs, ideas and emotions of human beings, but also to make inferences about the speaker's social capacities and attributes, ie to consciously or non-consciously speak linguistic attitudes. In this work, we aim to identify the linguistic attitudes of university students regarding the use of the pronominal form of the first person plural and the 2nd person singular form as well as whether they (linguistic attitudes) resemble each other or not. To support the analysis, the data were collected from the application of a linguistic attitude test to 60 students (30 women and 30 men) of the Federal University of Sergipe, Campus Prof. Alberto Carvalho -Itabaiana / SE. In general terms, the results showed that students' perceptions consider the dimensions of standardization and vitality of linguistic forms, as well as the notion of social norms linked to these linguistic behaviors, a...
Como Elisa Battisti mostrou no capítulo anterior, as redes sociais vêm sendo utilizadas nos estudos variacionistas a fim de contribuir para a análise dos processos de variação e mudança linguísticas, uma vez que, com essa metodologia, torna-se possível realizar uma análise com base na frequência e qualidade da interação dos membros constituintes das redes, abrindo espaço para um estudo voltado ao campo da pragmática. Entrevistas sociolinguísticas têm sido fonte produtiva para a realização de descrição linguística no português; no entanto, não possibilitam realizar uma análise voltada para os papéis sociopessoais dos interlocutores envolvidos (entrevistador-entrevistado) (FREITAG, 2010;2012), o que é essencial para captar os efeitos dos valores de polidez nos usos linguísticos.A polidez é uma estratégia linguística utilizada com o objetivo de evitar conflitos na interação verbal. Segundo Brown e Levinson (2011), trata-se de uma estratégia para preservarmos a nossa face e a do outro com o intuito de estabelecer uma comunicação econômica e eficaz, sem atritos. O valor de polidez emerge em contextos específicos, com fatores fortemente correlacionados: do ponto de
We present results of a comparative study of beliefs about (i) the pronominal forms a gente (“we”) and tu (“you”) and (ii) the social evaluation of nonstandard verbal agreement with these two pronouns by a group of students from the Federal University of Sergipe (Itabaiana-SE). We discuss the methodological advances in the use of the Iramuteq software, through a multidimensional analysis of beliefs and linguistic attitudes. A survey was designed to measure the attitudes towards the following grammatical patterns: i) a gente (“we”); ii) tu (“you”); iii) a gente vivemos (“we 1PL live 1PL”); and iv) tu vai (“you 2SG go 3SG”). The results reveal that the students’ perception of grammatical patterns is based on dimensions of standardization and vitality; they attribute two types of social values to the linguistic forms: cultural (common, habitual, strange, normal) and normative (correct, wrong). The form a gente vivemos (“we live-1PP”) seems to be the only one to which stigma is attached in the community. The results also reveal that the students link these forms to notions of social adequacy both to the interactional context and to the speech community. The analysis with Iramuteq represents a methodological advance for perception studies, by enabling comparability between the vocabulary used by the students and the linguistic forms under evaluation, and providing an objective, reliable statistical analysis.Keywords: grammatical patterns; variation; linguistic attitudes.Resumo: Apresentamos os resultados de um estudo comparativo entre crenças relativas às formas pronominais a gente e tu e a avaliação social da concordância não padrão com tais formas por um grupo de universitários da Universidade Federal de Sergipe. A partir de uma análise multidimensional das crenças por meio do Iramuteq, objetivamos discutir as vantagens metodológicas do uso desse software para estudos de atitudes linguísticas. Um questionário foi desenvolvido para mensurar as atitudes acerca dos seguintes padrões gramaticais: i) a gente; ii) tu; iii) a gente vivemos; e iv) tu vai. Os resultados evidenciam que a percepção dos universitários em relação aos padrões gramaticais considerados baseia-se nas dimensões de padronização e vitalidade, atribuindo às formas linguísticas dois tipos de valores sociais: cultural (comum, costume, estranho, normal) e normativo (correto, errado). Dentre as formas linguísticas avaliadas, apenas a gente vivemos parece carregar estigma na comunidade, com avaliação negativa. Os resultados mostram também que os universitários atrelam o uso dos padrões gramaticais avaliados à noção de normas sociais de adequação ao contexto interacional e à comunidade de fala. A análise com o Iramuteq representa um ganho metodológico para os estudos de percepção, pois, além de permitir a comparabilidade entre o vocabulário utilizado pelos participantes e as formas linguísticas sob avaliação, oferece uma análise estatisticamente sólida, confiável e objetiva.Palavras-chave: padrões gramaticais; variação; atitudes linguísticas.
O futuro do pretérito é uma forma verbal que, dentre outros valores, expressa polidez. Neste trabalho, a partir de uma investigação quantitativa, objetivamos definir o arranjo de traços linguísticos do valor de polidez do futuro do pretérito a partir do arranjo temporal. A coleta de dados foi direcionada para propiciar contextos de ameaça à face, a fim de possibilitar o uso da forma de futuro do pretérito. Os resultados apontam para o arranjo temporal presente, em sequências explicativas/opinativas, com atenuadores de modalização e condicionais.
Neste trabalho, objetivamos identificar e descrever procedimentos discursivos da fala e da escrita, relacionados às estratégias de interação, sequenciação de informações e de evidencialidade/modalização. A análise toma como corpus duas amostras: uma de fala e outra de escrita. Os resultados apontam para a sistematicidade entre usos linguísticos e contextos sociais, contribuindo para elaboração de materiais didáticos que contemplem a diversidade e a variedade linguística.
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