Este artigo baseia-se em um estudo que teve como objetivo analisar as imagens que despertam maior interesse e maior número de compartilhamentos por parte dos internautas a partir do dispositivo em rede Instagram sobre a epidemia de Zika. O recorte temporal abrange novembro e dezembro de 2015, ou seja, os dois meses posteriores à revelação por pesquisadores e autoridades médicas de que a infecção pelo vírus Zika poderia estar associada a casos de microcefalia diagnosticados em recém-nascidos. No estudo, recorremos ao ImageCloud, um aplicativo desenvolvido pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura, da Universidade Federal do Espírito Santo e que permite visualizar uma grande quantidade de imagens em bases de dados, como, por exemplo, nas redes sociais. A análise foi encaminhada a partir dos pressupostos teóricos da análise do discurso.
A circulação de boatos virtuais marcou a epidemia de zika e microcefalia de 2015/2016. A partir da análise dos comentários de posts das páginas do Diário de Pernambuco e da Folha de S. Paulo no Facebook, visamos compreender melhor o fenômeno, identificando discursos mobilizados nesses espaços intertextuais e polifônicos. Os resultados evidenciam um ambiente de incerteza associado ao desconhecimento científico, à crise política e à reflexividade em relação aos riscos da ciência. Também apontam questões não respondidas que estimularam a circulação dos boatos: Por que a epidemia se concentrou em Pernambuco? Por que nunca ocorreu na África? Por que não aconteceu antes? Concluímos que o enfraquecimento do estatuto de verdade da ciência e da própria verdade, mais fluida, participa do protaganismo do boato na atualidade midiatizada.
O artigo examina aspectos discursivos e políticos do medo em sua singularidade histórica, a partir da exposição do sofrimento de estranhos no espaço público. A relação entre cultura e sofrimento privilegia quatro tópicos: i) a transformação do sofrimento em questão política na cultura ocidental; ii) a seleção dos estados e condições considerados para uma dada época histórica como sofrimentos relevantes e evitáveis através da ação política; iii) atribuição de responsabilidade pelo sofrimento de estranhos e, iv) o modo de endereçar a audiência. A base empírica reúne matérias de jornais e telejornais sobre crimes, catástrofes e epidemias, produzidas a partir de 1980, e permite refletir sobre as repercussões éticas da política do medo contemporânea, conceituada como política da vítima virtual.
Uma trajetória individual que reverbera em suas práticas e pesquisas, interfaces da comunicação e da saúde ao longo do processo de construção do Sistema Único de Saúde no Brasil. Em entrevista à Reciis, a cientista social Janine Cardoso aborda as campanhas sobre aids, a cobertura jornalística das epidemias de dengue e o contexto da pandemia de Covid-19. Os direitos à saúde e à comunicação, a articulação com os princípios do SUS e práticas dialógicas são pensados em diferentes conjunturas, das lutas pela redemocratização do país ao momento atual, em que os discursos de negação da ciência e da democracia encontram força. Janine Cardoso é professora do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), do Instituto de Comunicação e Informação Científia e Tecnológica em Saúde (Icict), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O texto discute resultados de uma pesquisa que analisou os modos pelos quais jovens de dois bairros da periferia da cidade do Rio de Janeiro/RJ lidam com as situações de risco e as informações sobre a prevenção da aids. Ou seja, como atribuem sentidos, fazem circular e convertem em prática as medidas de prevenção que lhes são propostas. Articulando a perspectiva teórica da Semiologia dos Discursos Sociais e a da Mobilização Social, destacou-se as mediações simbólicas presentes nesses processos, evidenciando que sob uma aparente homogeneidade de falas emergem tensões e conflitos, próprios das relações sociais, e que também se manifestam no contexto da prevenção da aids, tais como oposições de classe, de geração e de gênero.
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