“…Ainda nos baseando em suas palavras, propomos que, também por isso, parece tão difícil desmentir e conter um boato: pois ele está para além da informação objetiva, transitando no silêncio que torna possível o dizer e, muitas vezes, articulado ao silêncio da fala oficial(ORLANDI, 2005). A circulação dos boatos também diz muito sobre as sociedades, pois ao compartilhá-lo o interlocutor permite que falem através dele uma série de vozes críticas ao governo, aos cientistas, às instituições e ao próprio povo.Embora tenhamos utilizado como objeto os comentários do Facebook, é possível extrapolar esse raciocínio para os compartilhamentos, postagens e as próprias curtidas e reações, todas parte da gramática comunicacional imposta pela rede social e imbricadas no complexo processo de continuidade enunciativa, construído coletivamente nesses espaços(ANTUNES et al, 2016). A circulação dos boatos também diz muito sobre as sociedadesafinal, embora o boato mantenha relação visceral com o silêncio, ao compartilhá-lo o interlocutor também deixa falar uma série de vozes críticas ao governo, aos cientistas, às instituições.Os resultados da análise propriamente dita evidenciam a existência, no período estudado, do enraizamento político (governamental e partidário) dos comentários, pondo em evidência questionamentos que ora afirmam e ora revelam descrença nas explicações científicas e sanitárias.…”