Considerando uma dimensão discursiva do populismo enquanto fenômeno político, este artigo volta-se a debater como a lógica da comunicação online em rede potencializa características populistas das interações públicas e políticas representativas. Isto é evidenciado tanto nos fenômenos populistas, quanto nas manifestações de monitoramento e fiscalização das instituições democráticas. O objetivo do artigo é realizar uma aproximação da discussão sobre a comunicação populista com a teoria das democracias monitoradas, tendo como fio condutor a comunicação via redes sociais online (RSO). As características das relações entre representantes e representados nas duas perspectivas são articuladas por meio de uma revisão bibliográfica que considera uma literatura teórica clássica e alguns resultados de estudos empíricos recentes. Como notas conclusivas, o trabalho ressalta alguns pontos de convergência traçados ao longo do trabalho para evidenciar como a comunicação via RSO não só atende como potencializa a lógica populista da comunicação política e a crise de representatividade institucional nas democracias contemporâneas.
Introdução 1As plataformas digitais têm proporcionado novas formas tanto de produção quanto de recepção de conteúdo, principalmente por meio das redes sociais. Da mesma maneira que o público está presente na internet, as grandes empresas de comunicação também ocuparam esse espaço como forma de aproximarem-se de seus leitores, propiciando novos ambientes de interação. Além de produzirem conteúdo em seus portais, os jornais brasileiros estão ativos nas redes sociais digitais, como no Facebook, o que torna possível ao leitor que acessa essas ferramentas acompanhar perfis institucionais jornalísticos e, ainda, utilizar o espaço destinado aos comentários.Por se tratar de redes de relacionamento, essas páginas dão acesso não só ao conteúdo jornalístico veiculado, mas também àquele produzido por outros usuários que interagem com as publicações e com outros perfis. Sabendo que os temas e os conteúdos veiculados pela mídia podem ter efeitos na agenda do debate público (McCombs, 2009), os comentários nos posts dessas páginas representam um objeto importante a ser analisado.Durante o período eleitoral, a arena política passa a ser um dos temas centrais das empresas de comunicação, ganhando destaque no debate público e, assim, se tornando um alvo mais tangível a elogios e críticas da audiência. Nesse contexto, o advento da internet como uma "extensão da esfera pública" (Dahlberg, 2001) pode trazer, aos debates desenvolvidos nesse ambiente, características da deliberação offline, tais como a reciprocidade, i.e., a disponibilidade dos interlocutores para reagir de alguma forma ao argumento alheio (Dahlberg, 2004).Considerando esses pressupostos teóricos, o artigo tem por objetivo identificar as características do debate político-eleitoral entre cidadãos nas postagens acerca da eleição presidencial de 2014 das páginas oficiais de jornais brasileiros no Facebook. A escolha dessa rede social online se dá por ser aquela mais utilizada pelos brasileiros (Brasil, 2014) e pela atuante presença da imprensa convencional nela.1 Uma versão prévia deste artigo foi apresentada durante o VI Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (VI Compolítica), em 2015. Agradecemos pelas sugestões e críticas apontadas durante o debate.
ResumoTendo em vista o baixo número de mulheres eleitas para cargos nos órgãos legislativos brasileiros, o presente artigo analisa como as candidatas ao cargo de Deputada Federal pelo estado do Paraná apareceram no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) nas eleições de 2014. Considera-se que, como ocorre em relação a outros recursos aplicados durante o período eleitoral, as mulheres possuem um acesso desigual à propaganda televisionada, quando comparadas aos candidatos homens. Além disso, esse tratamento tende a aumentar ou a diminuir nos diferentes partidos. A partir de uma análise quantitativa de conteúdo dos segmentos da campanha televisiva, demonstra-se que o HGPE não reflete a cota estabelecida por lei de um mínimo de 30% de candidatas, já que os homens são sobrerrepresentados nas inserções. Há, contudo, diferenças significativas entre os partidos e entre as próprias mulheres que ocupam os segmentos televisivos de campanha.Palavras-chave: representação feminina; mulher e política; eleições proporcionais brasileiras; HGPE. Female representation on electoral adversiting in Brazil: the women candidates of Paraná federal representative on tvAbstract Bearing in mind the low number of women elected for positions at the Brazilian legislative bodies, this article analyzes how the candidates for federal deputy of one of its states, Paraná, have appeared at the electoral advertising at 2014. It's considered that, as it occurs with other resources applied during the electoral period, women have an unequal access to television ads, when compared with the male candidates. Besides that, this treatment tends to increase or diminish in the different parties. With a quan-titative content analyzes, the article shows that the television's electoral advertising doesn't reflect the law, which establishes a quota of at least 30% women candidates, and has the men over-represented. Nonetheless, the parties have significant differences: the left ones tend to show more women at the ads than the right ones. Furthermore, the analysis shows that exists inequality between the women who appear at the campaign segments.
Este artigo tem por objetivo discutir as diferenças na apropriação do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) pelos partidos e candidatos na disputa majoritária à Presidência da República em 2014. A propaganda televisiva é o principal recurso de campanha utilizado em eleições de grande porte, sendo que tanto o conteúdo quanto o formato são relevantes para compreender o modo como a disputa se estrutura. Analisa-se o conteúdo apresentado pelos dois principais candidatos – Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) – considerando as estratégias, o apelo, os formatos, o tipo de orador e a mensagem geral de campanha. A metodologia utilizada é quantitativa de análise de conteúdo, sendo que este artigo parte de duas hipóteses: a) o segundo turno torna-se mais negativo, com maior ênfase na imagem do candidato e com uma campanha mais voltada para as emoções; b) a estruturação da campanha dos candidatos se dá de modo diferente, evidenciando características e formatos distintos.
RESUMO -Tendo em vista as novas configurações da comunicação do jornalismo convencional com seus leitores em ambiente online, este trabalho objetiva analisar como o internauta se manifestou nas páginas oficiais de onze jornais brasileiros na rede Facebook, quando da publicação de notícias referentes às eleições presidenciais de 2014. A unidade de análise são os comentários feitos aos posts que citavam ao menos um dos principais candidatos (Aécio Neves, Dilma Rousseff, Marina Silva/Eduardo Campos). Observam-se duas variáveis: formato do comentário e justificativa utilizada. A metodologia é a análise de conteúdo quantitativa, com aplicação de testes estatísticos adequados para dados categóricos. Dentre os resultados, verificou-se que os formatos predominantes nos comentários foram crítica e elogio direcionados aos candidatos, a justificativa de maior ocorrência foi aquela "de posição", ainda mais presente quando o formato foi elogio a candidato(a), o que permite caracterizar o eleitor brasileiro em 2014 como torcedor, considerando a polarização da campanha. Palavras-chave: Jornalismo político. Cobertura eleitoral. Redes sociais digitais. Eleições 2014. Opinião Pública.ABSTRACT -Taking into account the new configurations of online communication between traditional journalism and its readers, this study analyzes how Internet users reacted to posts on the official Facebook pages of eleven Brazilian newspapers when they published news about the 2014 presidential elections. This analysis will focus on comments on posts that mentioned at least one of the main candidates (Aécio Neves, Dilma Rousseff, and Marina Silva/Eduardo Campos). Two variables were considered: the format of the comments and their justification. A quantitative content analysis methodology was used, and statistical tests pertinent to categorical data were applied. Results showed that the main formats used for comments were criticism and praise of the candidates, also the most common justification was one "of position", especially when the praise format was chosen, which allows us to characterize Brazilian electors as supporters, given the polarization in the campaign. NEW ENVIRONMENTS, SAME JOBSNUEVOS AMBIENTES, MISMAS CARACTERÍSTICAS: el papel del periodismo profesional promoviendo el debate sobre las elecciones en las redes sociales RESUMEN -Teniendo en cuenta las nuevas configuraciones de la comunicación del periodismo convencional con sus lectores en la red, este artículo analiza cómo los usuarios de internet hicieron comentarios en las páginas oficiales de once periódicos brasileños en Facebook, en las noticias sobre las elecciones presidenciales de 2014. La unidad de análisis son los comentarios a los posts que citaban por lo menos uno de los tres candidatos principales (Aécio Neves, Dilma Rousseff, Marina Silva / Eduardo Campos). La metodología es cuantitativa de análisis de contenido, con la aplicación de pruebas estadísticas adecuadas a datos categóricos para analizar dos variables: formato del comentario y justificación utilizada. En los res...
IntroduçãoOs estudos acerca das relações entre internet e debate público têm se voltado para as discussões que permeiam as redes sociais digitais, como é o caso do Facebook. Abre-se espaço tanto para os próprios políticos obterem canais diretos com seus eleitores quanto para os meios de comunicação tradicionais, que passam a criar suas próprias páginas, oferecendo conteúdo informativo por meio delas, mas também suscitando o debate com as ferramentas interativas, como é o caso dos comentários analisados neste artigo.A literatura tem indicado um aumento considerável de estudos sobre política e internet, especialmente em relação ao estudo das redes sociais, a partir de 2006, com maior empenho no desenvolvimento de pesquisas empíricas. Este trabalho, 4 por sua vez, endossa 1 É professora adjunta do curso de Jornalismo na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail:
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