ResumoPolíticas de ação afirmativa têm sido aplicadas para resolver problemas sociais e políticos derivados da persistência de padrões sociais de desigualdade e discriminação em diversos países. Embora sejam comumente associadas aos Estados Unidos, as ações afirmativas foram aplicadas pioneiramente pela Índia, durante a década de 1950, quando a Constituição estabeleceu cotas nas legislaturas, no emprego público e no ensino superior para as Scheduled Castes e Scheduled Tribes. O Brasil, por sua vez, começou a adotar cotas na admissão às universidades para pretos, pardos e pobres apenas em 2003. A despeito de suas trajetórias históricas distintas e das várias diferenças que caracterizam cada sociedade, os argumentos levantados por acadêmicos contra essas políticas nos dois países são idênticos ou análogos. Neste artigo, agrupamos esses argumentos em três grupos temáticos, a fim de demonstrar que eles podem ser ligados às teses conservadoras identificadas por Albert Hirschman como as do efeito perverso, da futilidade e da ameaça. Na conclusão, discutimos como esses argumentos, que são apresentados por seus autores como contribuições progressistas para o debate público, podem de fato obstruir a diminuição da discriminação e da exclusão social.Palavras-chave: Ação afirmativa. Discriminação. Índia. Brasil. Retórica.
Este artigo pretende mostrar que a análise da história da Ciência Política americana pode nos ajudar a pensar criticamente as Ciências Sociais no Brasil. A versão historiográfica dominante, representada por John Gunnell e outros, ignora o papel ideológico e antidemocrático que a Ciência Política behaviorista assumiu durante a Guerra Fria, enquanto histórias mais críticas são mantidas à margem da disciplina. Essa situação espelha o arranjo institucional da própria Ciência Política, que promove o isolamento da sub-área de teoria política das outras sub-áreas mais "científicas".
E ste artigo é uma contribuição crítica para um dos debates mais candentes no pensamento político contemporâneo: a questão do reconhecimento. O intento aqui não é somente mostrar os problemas embutidos no tratamento atual mais sistemático dessa questão, elaborado pelo filósofo alemão Axel Honneth, mas também propor um modelo analítico de identificação da falta de reconhecimento (desrespeito) no uso comum da linguagem 1 . Como pretendemos demonstrar, nosso modelo permite uma análise mais ampla da questão e, ao mesmo tempo, mais adequada à condição de heteronomia vigente no mundo de hoje. Ademais, ele evita certos vícios perpetuados pela abordagem hegeliano-republicana de Honneth. Na primeira parte do artigo, expomos a tipologia das formas de desrespeito elaborada por Honneth e, logo em seguida, levantamos uma série de problemas nela contidos. A partir dessa crítica, e com a ajuda da teoria semântica dos pares de contraconceitos assimétricos de Reinhart Koselleck, propomos na seção seguinte uma nova tipologia das formas de desrespeito. A construção dessa tipologia envolve um trabalho de reforma e alteração razoavelmente extenso da teoria koselleckiana. Finalmente, concluímos apontando para as vantagens 555
This article analyzes the gendered division of labor in Brazilian political science. We seek to answer two questions: what are the predominant topics in political science that are being published in the discipline's journals? How are women and men's authorship distributed in these journals? The methodology involved three stages. First, we built a corpus with 2,363 articles that were classified as 'political science and international relations' by the Coordination for the Improvement for Higher Education Personnel (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -CAPES) and published in the most prominent Brazilian journals between 2005 and 2018. Next, we scraped abstracts and other bibliographic information from publications in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) platform and used a topic modeling technique to identify the most recurrent topics. Finally, we associated the identified topics with the authors' gender. The data was examined based on two specific types of the gendered division of labor: the 'horizontal' and the 'vertical'. Our results show that women and men as first authors tend to cluster around specific topics (horizontal division), but we did not find a tendency in journals to reject works on the topics in which women are better represented. In other words, differently from what was found by the international literature, the Brazilian journals in our sample do not seem to grant a lower status to these topics (vertical division). It is noteworthy, however, that men are the majority of first authors in all topics, including feminism.
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