Resumo O objetivo desse texto é analisar as consequências da pandemia de covid-19 nas rotinas de trabalho acadêmico das ciências sociais no Brasil. O estudo se baseia em resultados de um survey difundido com o apoio de associações profissionais da antropologia, ciência política, sociologia e das relações internacionais. O artigo apresenta o perfil dos 1.073 participantes e suas percepções sobre os efeitos da crise nas atividades de formação, ensino e pesquisa, bem como na divisão das tarefas do âmbito privado. Embora a maior parte dos respondentes tenha declarado sentir impactos negativos da pandemia, há disparidades por disciplina de atuação, gênero e raça. Os dados reforçam a importância da discussão de parâmetros de avaliação de produtividade sensíveis às desigualdades.
Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR Dossiê: História, desenvolvimento e ensino da Ciência Política Resumo: O objetivo deste artigo é examinar um aspecto frequentemente negligenciado nos estudos sobre a Ciência Política no Brasil: as desigualdades internas à comunidade científica. Para tal, começamos por localizar nossa contribuição na literatura especializada. Em seguida, analisamos os perfis de gênero, raça e região geográfica dos docentes de todos os programas de pós-graduação da área reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os resultados mostram que a disciplina apresenta assimetrias de gênero e severa desigualdade racial, o que não pode ser totalmente explicado pelas diferenças regionais do país. A fim de observar o dado em perspectiva mais ampla, comparamos as características da Ciência Política às da Sociologia e da Antropologia e concluímos que a primeira é mais desigual em ambas as dimensões.Palavras-chave: Ciência Política. Gênero. Raça. Desigualdades. História. Abstract:The aim of this article is to examine an aspect often neglected by the studies about political science in Brazil: inequalities among the scientific community. To do this, we start by first locating our contribution within the literature. Then, we analyze the gender, race and geographic profile of the teachers of all postgraduate programs in the area recognized by the Coordination for the improvement of higher education personnel (Capes). The results show that the discipline presents asymmetries of gender and severe racial inequality, which cannot be fully explained by the regional differences of the country. In order to observe the data in a broader perspective, we compare the characteristics of Political Science with those of Sociology and Anthropology and conclude that the former is more unequal in both dimensions.
RESUMO Este editorial discute dados gerais sobre o fluxo dos manuscritos submetidos na revista DADOS , bem como os desafios que a publicação enfrentou nos últimos anos. Apresentamos aqui uma análise cienciométrica de diversas dimensões do nosso trabalho, desde as submissões recebidas até o perfil de seus pareceres e pareceristas, passando pelas persistentes desigualdades de gênero e de origem geográfica nesses âmbitos e pelas diferentes métricas de impacto da revista. Pretendemos assim garantir a mais ampla transparência de nossos processos editoriais, sem prejudicar, contudo, os critérios de discrição que embasam o sistema de revisão anônima por pares. Ademais, pretendemos compartilhar as estratégias que utilizamos para contornar os obstáculos interpostos à editoria científica brasileira, com a expectativa de que elas possam servir como instrumentos de resistência às crises sucessivas enfrentadas por outros periódicos científicos nacionais e internacionais.
Resumo: O objetivo deste artigo é contribuir à crítica feminista do cinema a partir da análise da representação das mulheres negras nos longas-metragens brasileiros de maior público dos últimos anos. Este esforço se divide em três partes: em primeiro lugar, revisamos os estudos sobre o tema, mostrando que a articulação entre raça e gênero tem sido tratada de maneira marginal e com falhas metodológicas; em seguida, apresentamos dados quantitativos sobre o perfil dos elencos principais dos filmes nacionais; e, por fim, desenvolvemos uma tipologia dos estereótipos atribuídos às protagonistas de cor preta ou parda. Os resultados permitem concluir que perdura a sub-representação da mulher negra e a criação predominante de imaginários negativos, que as reduzem a ícones do espaço doméstico e a objetos de sexualização e de dissimulação.
Resumo O paradigma de protesto é um conceito amplamente utilizado pela literatura internacional nos estudos do tratamento dispensado pela grande mídia a manifestações políticas e sociais. Há três explicações para sua ocorrência: (1) varia com a orientação ideológica do meio (quanto mais conservador, maior a probabilidade de adotar o paradigma de protesto); (2) varia com a posição do protesto em relação ao status quo ; e (3) nem sempre ocorre. Neste artigo analisamos a cobertura que a grande mídia brasileira dispensou às greves gerais de 2017 contra as reformas trabalhista e previdenciária, examinando os discursos e imagens associados aos grupos envolvidos nas greves gerais no Jornal Nacional e nos impressos Folha de S. Paulo , O Estado de S. Paulo e O Globo . Para tal utilizamos as metodologias da análise de enquadramento, interpretação de imagens e nuvens de palavras. Os resultados encontrados confirmam a ocorrência de paradigma de protesto nesses casos e revelam cinco modos predominantes de enquadrar as greves: (1) violência e vandalismo, (2) ação egoísta e desorganizada, (3) transtorno ao espaço público, (4) fonte de prejuízo à economia e (5) ausência de legitimidade popular. Na conclusão refletimos sobre a contribuição do presente artigo para o debate internacional sobre o assunto.
O presente artigo analisa os perfis raciais e de gênero representados em duas décadas de cinema brasileiro. O objetivo é contribuir com os debates das ciências sociais sobre desigualdades e com a crítica feminista interseccional, a partir da apreensão de como minorias políticas e grupos dominantes são inseridos nas narrativas formuladas pela indústria audiovisual nacional. Para tal, em primeiro lugar, construímos uma base de dados com os filmes de maior público entre os anos de 1995 e 2015, de acordo com informações disponíveis no Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA-ANCINE). Em seguida, observamos os longas-metragens e classificamos diversas características de 6.450 personagens que obtiveram alguma relevância no enredo das tramas, considerados dois critérios: nomeação ou participação em diálogos. Os resultados permitem indicar padrões discriminatórios de inclusão nas narrativas, que afetam principalmente a população preta e parda.
This article analyzes the gendered division of labor in Brazilian political science. We seek to answer two questions: what are the predominant topics in political science that are being published in the discipline's journals? How are women and men's authorship distributed in these journals? The methodology involved three stages. First, we built a corpus with 2,363 articles that were classified as 'political science and international relations' by the Coordination for the Improvement for Higher Education Personnel (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -CAPES) and published in the most prominent Brazilian journals between 2005 and 2018. Next, we scraped abstracts and other bibliographic information from publications in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) platform and used a topic modeling technique to identify the most recurrent topics. Finally, we associated the identified topics with the authors' gender. The data was examined based on two specific types of the gendered division of labor: the 'horizontal' and the 'vertical'. Our results show that women and men as first authors tend to cluster around specific topics (horizontal division), but we did not find a tendency in journals to reject works on the topics in which women are better represented. In other words, differently from what was found by the international literature, the Brazilian journals in our sample do not seem to grant a lower status to these topics (vertical division). It is noteworthy, however, that men are the majority of first authors in all topics, including feminism.
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