Introdução 1As plataformas digitais têm proporcionado novas formas tanto de produção quanto de recepção de conteúdo, principalmente por meio das redes sociais. Da mesma maneira que o público está presente na internet, as grandes empresas de comunicação também ocuparam esse espaço como forma de aproximarem-se de seus leitores, propiciando novos ambientes de interação. Além de produzirem conteúdo em seus portais, os jornais brasileiros estão ativos nas redes sociais digitais, como no Facebook, o que torna possível ao leitor que acessa essas ferramentas acompanhar perfis institucionais jornalísticos e, ainda, utilizar o espaço destinado aos comentários.Por se tratar de redes de relacionamento, essas páginas dão acesso não só ao conteúdo jornalístico veiculado, mas também àquele produzido por outros usuários que interagem com as publicações e com outros perfis. Sabendo que os temas e os conteúdos veiculados pela mídia podem ter efeitos na agenda do debate público (McCombs, 2009), os comentários nos posts dessas páginas representam um objeto importante a ser analisado.Durante o período eleitoral, a arena política passa a ser um dos temas centrais das empresas de comunicação, ganhando destaque no debate público e, assim, se tornando um alvo mais tangível a elogios e críticas da audiência. Nesse contexto, o advento da internet como uma "extensão da esfera pública" (Dahlberg, 2001) pode trazer, aos debates desenvolvidos nesse ambiente, características da deliberação offline, tais como a reciprocidade, i.e., a disponibilidade dos interlocutores para reagir de alguma forma ao argumento alheio (Dahlberg, 2004).Considerando esses pressupostos teóricos, o artigo tem por objetivo identificar as características do debate político-eleitoral entre cidadãos nas postagens acerca da eleição presidencial de 2014 das páginas oficiais de jornais brasileiros no Facebook. A escolha dessa rede social online se dá por ser aquela mais utilizada pelos brasileiros (Brasil, 2014) e pela atuante presença da imprensa convencional nela.1 Uma versão prévia deste artigo foi apresentada durante o VI Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (VI Compolítica), em 2015. Agradecemos pelas sugestões e críticas apontadas durante o debate.