A inserção no trabalho e a conclusão da escola são consideradas elementos fundamentais da inserção social no mundo adulto para uma parcela significativa da população jovem em nosso país, especialmente para aqueles que necessitam trabalhar a fim de ajudar no sustento da família. Este artigo relata parte de um estudo que investigou experiências de transição para o trabalho de adolescentes aprendizes baianos. O objetivo foi compreender os significados construídos pelos jovens acerca das relações entre trabalho e escola. Participaram da pesquisa 10 adolescentes, de ambos os sexos, com idades entre 17 e 19 anos, egressos de um programa de aprendizagem. A coleta de dados incluiu entrevistas, questionário sociodemográfico e observação participativa. A análise de conteúdo mostrou que escola e trabalho são percebidos como mundos distantes. Os resultados ressaltam o envolvimento ativo dos jovens para superar suas dificuldades e negociar oportunidades, mostrando que, para eles, trabalho e escola são projetos concomitantes.
Resumo: A construção de valores é vista como um processo intensamente dinâmico envolvendo internalização e externalização de significados coletivos, além de ser fundamental para a construção de uma síntese pessoal. O presente artigo parte da Psicologia Cultural e da Teoria do Self-Dialógico e propõe que a "responsabilidade" pode ser entendida como um valor, como um campo afetivo semiótico carregado de sentidos. Um estudo de caso ilustra como uma jovem (Jane) navega na cultura coletiva e constrói um novo significado pessoal de si mesma como uma "pessoa responsável". O valor da "responsabilidade" vai sendo integrado ao sistema pessoal de valores da jovem através de continuidades e mudanças nos seus posicionamentos ao longo do tempo e em diferentes espaços, especificamente a família, o trabalho e a religião. Os resultados mostram a dinâmica dos posicionamentos e o surgimento de novas perspectivas para o futuro.Palavras-chave: responsabilidade, valores, transição para a vida adulta, Teoria do Self Dialógico.* Endereço para correspondência: e.mattos2@gmail.com Este artigo explora a centralidade da mediação semiótica na experiência dos jovens, focalizando o movimento por meio do qual eles reconfiguram sua cultura pessoal, seu sentido de si mesmo, e constroem e consolidam um sistema de valores capaz de organizar suas relações com o contexto e, também, direcionar suas ações futuras (Zittoun, 2006;Branco & Valsiner, 2012). Este artigo consta de três partes. Na primeira, buscaremos desenvolver desde a perspectiva da Psicologia Cultural do Desenvolvimento, uma compreensão dos processos de autorregulação semiótica--dialógica, ressaltando sua natureza fundamental para o desenvolvimento humano e também para a construção dos valores -tais como a "responsabilidade" -, que sustentam a experiência da pessoa ao longo da vida. A segunda parte apresenta um estudo de caso que ilustra como a jovem Jane -ao longo do período que vai dos 16 aos 23 anos de idade -negocia sentidos relevantes em torno da questão da "responsabilidade", que passa a constituir um valor central na orientação de suas ações e de sua trajetória de vida. A terceira parte trata da dinâmica dos processos que estão envolvidos na autorregulação levando à construção hierár-quica de valores que orientam a trajetória de vida da jovem. Uma perspectiva semiótica-dialógica da construção dos valoresConforme sugerem Branco e Valsiner (2012), os valore não estão na cultura, eles são a cultura, i.e. a cultura se constitui fundamentalmente a partir de valores. Eles estão em toda parte, mas é difícil nomeá-los e localizá-los com precisão. No entanto, eles ganham relevância quando entram em operação. Isso ocorre porque os valores são signos hipergeneralizados que orientam a conduta humana e localizam-se no nível mais alto da hierarquia de regulação semiótica (Branco & Valsiner, 2012). Os valores podem ser considerados como crenças carregadas de afeto, associadas com propósitos ou com uma orientação para objetivos (Branco & Madureira, 2008). Branco (2012) ressalta que tal concepção ...
O presente estudo investigou as representações sociais de adolescentes aprendizes sobre o trabalho e a relação entre trabalho e estudo. Setenta jovens com idades entre 15 e 18 anos, participantes de um programa de aprendizagem desenvolvido em uma ONG situada em Salvador (Bahia), responderam um questionário aberto contendo três questões abertas: Para você, o que é trabalho? O que significa para você ser adolescente e trabalhar? Como é para você estar estudando e trabalhando ao mesmo tempo? As respostas foram submetidas à análise de conteúdo temática. Os resultados apontam para três tipos de representação social do trabalho entre adolescentes aprendizes, relacionadas aos resultados do trabalho, às atitudes frente ao trabalho e ao desenvolvimento pessoal. Dentre os resultados do trabalho destacam-se elementos como a obtenção de salário e o cumprimento de tarefas. As atitudes mais significativas referem-se à responsabilidade e ao desenvolvimento da competência. No que se refere ao desenvolviemento pessoal, aparecem aspectos ligados à aprendizagem e à aquisição de experiência. A relação entre trabalho e estudo aparece como algo complexo, que exige um esforço de conciliação por parte dos jovens, mas não tem necessariamente uma conotação negativa.
This article documents the case studies of two Brazilian children aged 10 and 11, for whom drawing is a symbolic tool of self-meaning. Semistructured interviews were methodologically carried out from drawings they had created previous to and during the interview. Using semiotic cultural psychology as a reference, the concept of Self-imaging is put forward as an alternative to the self-image construct, highlighting the active role of the subject in the construction of his/her life trajectory. Results suggest that the transition process to adolescence represents a challenge in which young people recreate images of themselves by projecting new possibilities of action in the world through their imagination.
This study aims to analyze the process of semiotic regulation in youth transition to adulthood from the perspectives of cultural developmental psychology and dialogical self theory. The focus is on the transformations that occur in youth's self-system configurations during a critical developmental period. In this paper, we will advance the idea that semiotic regulation may lead to the construction of strong signs (i.e. those signs that bring rigidity to personal meaning systems)-and more specifically, of strong inhibitor signs-that block the emergence of alternative meanings, leading to rigidity in the self-system. We present a longitudinal case study of a young man who participated in a social project in Salvador, Bahia to illustrate the process. Data was collected through two rounds of in-depth interviews at ages 18 (1st round) and 21 (2nd round) years. Analysis followed a mapping of positions and counter-positions, as well as emerging tensions and their resolution over time and in different spheres of life (i.e. work, school, and family life). The idea is to show how negotiations of self-positions evolve and activate a mechanism of inhibition of hierarchical integration and construction of alternative future meanings, in which rigid meanings are created and do not allow for emergence of alternative life trajectories.
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