O livro aborda o processo de especialização da atividade intelectual no Brasil durante as três primeiras décadas do século XIX, ao mesmo tempo em que analisa a emergência do ´cientista´ nesse processo, no qual já se anunciava o divórcio entre as ´humanidades´e as ´ciências duras´.
As atividades de construção de infra-estrutura de comunicações realizadas pela Comissão Rondon (1900-1930) notabilizaram-se por seus contatos com sociedades indígenas. Pouco conhecidas são as pesquisas científicas feitas por seus membros indissociáveis dos objetivos de modernização, ocupação e integração do interior do país por parte do então recém-instaurado regime republicano. Este artigo analisa o impacto das atividades científicas da Comissão em áreas como botânica, geologia e zoologia, assim como o inédito campo de trabalho que elas ofereceram para pesquisadores e naturalistas brasileiros crescentemente incorporados às suas diferentes viagens de exploração.
A divulgação do relatório da viagem científica promovida pelo Instituto Oswaldo Cruz em 1912 ao Norte e Nordeste do Brasil, realizada por Arthur Neiva e Belisário Penna, suscitou debates e ocupou espaço em revistas de letras e ciências. No documento, as populações do interior do país foram caracterizadas pelas imagens de doença, isolamento, geográfico e cultural, analfabetismo, pobreza e vocação para regredir. Essas imagens do sertão foram criticadas no periódico A Informação Goiana, editado por médicos que não admitiam ser o interior definido como 'doente' e 'atrasado'. Este artigo analisa as formas pelas quais o relatório Neiva-Penna se destacou e tornou-se referência para controvérsias intelectuais sobre a questão nacional no Brasil.
As histórias não são contadas uma vez por todas, para toda a eternidade, mas surgem sempre em função de determinados problemas de orientação temporal, de determinadas épocas e determinados homens" 1 (p. 129).
The article analyzes the relationships between disease, knowledge, and settlement of the Brazilian territory within the context of the Strategic Telegraph Commission from Mato Grosso to Amazonas, more famously known as the Rondon Commission. From 1907 to 1915, the commission traversed broad regions of what are now the states of Mato Grosso, Rondônia and Amazonas as part of its endeavor to set up telegraph lines that would link these regions to the country's main cities. Over time, the malaria, endemic to the places visited by the commission, forced it to abandon some of its goals and delay achievement of others. The article focuses on how the disease impacted the work of the commission and highlights creation of a sanitary service intended primarily to control malaria.
Este trabalho reproduz e comenta importante fonte primária muito citada nos estudos em história da saúde no Brasil, mas pouco conhecida em sua integralidade. Trata-se do discurso do médico Miguel Pereira, proferido em outubro de 1916, e no qual se referiu à zona rural do país como 'um imenso hospital'. A interpretação consagrada dessa fonte é a de que sua repercussão teve persistente e decisiva influência em políticas públicas de saúde na primeira metade do século XX. Neste texto, aprofundo o conhecimento das circunstâncias históricas que geraram a elaboração dessa expressão-síntese dos 'males do Brasil', sobretudo no que se refere às discussões, então em curso, a respeito do recrutamento militar obrigatório e do Exército como 'escola de civismo'.
RESUMO Este artigo traça um panorama da história da atuação das ciências no processo histórico de formação do Brasil como nação. Entre 1822 e 2022, os cientistas deram contribuições cruciais ao debate sobre constituição do Estado; identidade nacional; cidadania; visões sobre populações; políticas públicas de saúde e educação; projetos de criação de universidades; circulação internacional de saberes; soberania, desenvolvimento nacional, inserção do Brasil no mundo e convivência entre o atraso e a modernidade. Sugere-se que esses temas centrais em 1822 e 1922 devem ser atualizados na agenda do Bicentenário da Independência. Tal atualização requer uma análise do processo histórico em que se destacam tendências acentuadas pela pandemia de Covid-19: a importância das ciências, e da sustentabilidade da atividade científica, na resposta à crise e aos desafios contemporâneos; a persistência das desigualdades, inclusive as relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico, e a questão ambiental, transversal e incontornável para todas as áreas do conhecimento.
O artigo analisa as pesquisas científicas realizadas no Instituto Agronômico do Norte (IAN), instituição criada pela política desenvolvimentista do governo brasileiro para a utilização agrícola da Amazônia nas décadas de 1940 e 1950. Discutimos especialmente as pesquisas relacionadas à chamada “teoria do ecossistema florestal”, desenvolvida pelo limnologista alemão Harald Sioli na instituição. A teoria orientou a agenda de pesquisa do IAN naquelas décadas: policultura, construção de canais de colmatagem no rio Amazonas, aproveitamento de áreas de várzea para a produção de alimentos, e o desenvolvimento da bubalinocultura nas terras firmes da região. O IAN projetava a Amazônia como celeiro do mundo e solução para a fome planetária. O principal instrumento dessa transformação seria o conhecimento de sua ecologia.
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