O presente trabalho explora a temática da liderança, reconhecendo-a como fator fundamental para enfrentar as dificuldades de implementação de processos de mudança nas organizações públicas de saúde - incluindo aspectos relativos à organização da assistência, sua humanização e a busca de maiores níveis de responsabilidade institucional para com os seus resultados. Neste sentido, é necessário admitir os limites das ferramentas gerenciais para viabilizar tais processos, especialmente no que se refere à problemática da relação dos indivíduos nas organizações, subjacente às questões da participação, compromisso e adesão dos funcionários a um determinado projeto institucional. O presente trabalho procura articular a leitura do fenômeno da liderança presente na sociologia das organizações e as questões que suscitam, com a compreensão da dimensão intersubjetiva, grupal e inconsciente presente nas organizações e no exercício da liderança, advinda da abordagem da psicossociologia francesa e da leitura psicanalítica dos fenômenos grupais e organizacionais.
Resumo Este artigo examina o papel da família e a interação com profissionais na elaboração do plano de tratamento e na produção do cuidado com crianças em condições crônicas complexas de saúde numa unidade pediátrica de hospital de média e alta complexidade, referência no estado do Rio de Janeiro. Através de abordagem qualitativa, empregou-se a observação participante e entrevistas com mães de pacientes e gestores, analisadas por meio da abordagem da psicossociologia francesa. Os resultados apontam limites na inclusão dos familiares nas decisões e rumos do tratamento. Entre os profissionais, constatamos posicionamentos variados, sendo dominante o uso da comunicação de tipo informativo, empregada de forma irregular, que se intensificava quando havia decisões difíceis a serem tomadas. Em algumas situações também observou-se a capacidade de acolhimento ao familiar. Pouco do contexto psicossocial foi considerado. As mães tornavam-se responsáveis por tarefas técnicas da rotina de enfermagem, às quais acrescentavam o zelo e o carinho inerentes à maternagem. O reconhecimento do entrelaçamento das funções técnicas e de maternagem favorece a vitalidade e autonomia da mãe, mas também é fonte de angústia e de alta exigência psíquica. Por vezes, as mães são vistas como instrumento no cuidado, reduzindo-se seu espaço singular como sujeito.
A todos os diretores entrevistados que se dispuseram a me contar suas vidas profissionais, que a mim confiaram as dificuldades e os sentidos do exercício da gestão nos hospitais públicos do Rio de Janeiro, agradeço imensamente.
Às professorasMaria Inês Assunpção Fernandes, pela acolhida na USP, e Tereza Cristina Carreteiro da UFF, por aceitarem a demanda de orientação e co-orientação de uma tese na fronteira da Psicologia Social e Saúde Coletiva. Agradeço a abertura e os ensinamentos ao longo dessa travessia realizada em conjunto. Ao professor Luis Cecílio pela leitura cuidadosa e sugestões apresentadas por ocasião do exame de qualificação. A todos os colegas do Departamento de administração e Planejamento em Saúde (DAPS) da Escola Nacional de Saúde Pública pelo incentivo e, particularmente à Carmem e Fabiano pelo apoio direto ao meu trabalho. À Chefia do Daps e à direção da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, que ao longo desses quatro anos me apoiaram e garantiram as condições para a realização do doutorado. A Regina Meirelles pelo trabalho de transcrição das entrevistas. Aos funcionários dos hospitais que disponibilizaram os dados sobre o perfil dos hospitais. Às amigas Mônica Loureiro e Mônica Martins pela ajuda com a língua francesa, pela solidariedade e estímulo.A Cristini Machado pela sua solidariedade na cessão de material bibliográfico.A Francisco Braga, Chico, amigo de muitos anos, que me apresentou a abordagem psicossociológica das organizações e com quem tenho partilhado uma longa história na área de gestão hospitalar na Ensp.A Marilene, querida amiga, com quem venho partilhando uma intensa história profissional e particularmente de doutorado, agradeço, acima de tudo, por ter tornado mais suave, por nossa convivência intensa, esse momento de tese.
This paper presents the preliminary results from a study on the limits and possibilities of the strategic planning approach for local health organizations. A comparative analysis is developed between two experiences concerning the application of the strategic situational planning method (PES method) in the management of a health center and hospital. Questions include the following: difficulties with the use of the category actor in local health organizations; possibility of drafting a collective project based on the multiple rationalities existing in such organizations; possibility of improving communications processes with the use of the PES method; difficulties related to organizational culture; and low levels of responsibility, as well as difficulties pertaining to the method's complexity and the possibility of simplifying it, maintaining strategic situational analysis and improving organizations' managerial capacity.
AZEVEDO, C. da S. Planning and Management in the Strategic-Situational Approach of Carlos Matus. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 8 (2): 129-133, abr/jun, 1992
INTRODUÇÃOAs preocupações mais recentes no campo da administração (Kliksberg, 1990) apontam, antes de tudo, para a necessidade de construção de um novo paradigma, já que as abordagens prescritivas das teorias tradicionais mostram-se inapropriadas frente aos desafios que se colocam na atualidade. No campo da administração pública, a ênfase na concepção apenas de modernização das estruturas organizacionais, ou seja, na mudança dos aspectos formais, não tem levado a mudanças substanciais no seu modo de funcionamento ou mesmo na efetividade das ações.Há uma crescente preocupação com a questão da mudança da máquina pública, no sentido de tomá-la não apenas eficiente, mas também eficaz e passível de controle social. Incorporase, então, a compreensão do processo de mudança da máquina pública como mudança social e, para tal, a necessidade de um enfoque políti-co e estratégico.Nos enfoques tradicionais, a abordagem aos problemas gerenciais encontram-se fortemente marcados por características prescritivas, onde a realidade é um "deve ser". A problemática acerca da construção de um novo paradigma abarca a compreensão da complexidade dos processos de mudança (resistências/conflitos), ressaltando as condições de incerteza e mudanças constantes presentes no contexto ambiental e apontando o componente político-estratégico como essencial. A compre-
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